Como é bom retornar à Ilhéus, andar por suas ruas antigas, curtir suas praias, sentir o aconchego do povo e da cidade! Isso revigora o corpo, renova o espírito e alegra o coração. Ilhéus é terra abençoada pelos deuses, principalmente por São Jorge, o seu padroeiro. Com sua topografia privilegiada, a vista de todos os lugares é linda. Tem tudo para ser considerada uma das mais belas cidades turísticas do país. E será um dia, com certeza.
Com 11 anos, eu fui estudar em Ilhéus. Lá fiz o curso Ginasial e o Pedagógico (os mais velhos sabem o que é isso), e me formei em professora. Vivi, portanto, a adolescência e a juventude – um dos períodos mais encantadores da minha vida –, ao lado daquele marzão bonito que emoldura a cidade e faz o charme da Avenida Soares Lopes. E foi nos bancos da Praça Castro Alves que tive ‘roubado’ (mentira, eu também queria o beijo) o primeiro o beijo. Meu namorado era um encanto e tocava para mim, no piano, ‘Pour Elise’, que ele dizia ser ‘para Heloisa’ no seu coração. Tem coisa mais linda?
Dia deste, voltei a Ilhéus. E me espantei com algumas mudanças, como o recuo do mar na Av. Soares Lopes. Com a construção do cais do porto, as águas estão recuando e se afastando das casas na Avenida. Daqui a pouco, ter-se-á (como diria nosso presidente Temer) que pegar um carro da rua atual para chegar ao mar e tomar um banho. O mar recua na cidade, mas avança no Pontal, na Barra do Itaípe, e outras praias, chegando a destruir parte das pistas. É urgente ver meios para sanar o dano.
Porque o porto é que não pode ser sacrificado. E precisa ser viabilizado logo, pois será a ressurreição não só de Ilhéus, mas de toda a região cacaueira. Tenho muita esperança de que, com a construção do porto, da ponte Ilhéus-Pontal e da Fiol – Ferrovia Oeste Leste – a região voltará a ser importante para o Estado, como foi no auge do cacau. Queremos que ilheenses e itabunenses continuem disputando qual das duas cidades é a melhor e se orgulhando delas, como sempre fizeram. Não queremos ver os ‘papas-jaca’ e ‘papas-caranguejos’ desanimados com o abandono das cidades, além do desemprego, da falta de grana do povo.
E o meu voto de beleza é, sempre e todo, por São Jorge dos Ilhéus. Gosto de cada recanto da cidade, da sombra das árvores da Avenida; gosto da beleza e imponência da Catedral de São Sebastião, do sossego da praia do Cristo; gosto da beleza das águas do rio do mar, da Barra ao Pontal; amo o encanto do morro do Pernambuco com o seu farol, além do belíssimo visual que dele se vislumbra de qualquer ponto mais alto da cidade. Não canso de repetir: Ilhéus é lindíssima! E tendo como padroeiro aquele São Jorge garboso, másculo e fogoso, enfrentando o dragão, fica irresistível. (Meus coleguinhas jornalistas de Itabuna vão me trucidar. Mas eu gosto de Itabuna e de vocês, amiguinhos, dentro do coração. E se consolem: minha irmã Ana é uma itabunense fanática).
Depois de muito andar para matar as saudades da minha região cacaueira, voltei para a capital, para a segunda-feira de Carnaval em Jauá. Lá, ‘Seu Edi’ realiza, há 37 anos, o desfile das ‘Donzelas de Jauá’. Gente, é a festa mais divertida do Carnaval: são os pescadores, amigos e moradores da área que se vestem de mulher para sair no bloco. Mas são muito diferentes dos que fazem o mesmo aqui na capital.
Ver aquelas pessoas simples – corpo firme, ‘torado’, mãos calosas, acostumadas a lidar com as agruras das águas, das redes e anzóis para sobreviver – em roupas femininas, não tem preço. Ouvi quando um ‘coroa’ disse ao amigo: “to preocupado com o que a minha neta vai pensar quando me ver nesta roupa de mulher”. Aí eu disse, ‘com certeza, a netinha vai estranhar, mas vai te achar lindão’. E caímos na risada. Foi um dia delicioso.
Mais delicioso vai prepararmos para saborearmos juntos este pavê de Sonho de Valsa (https://www.tastemade.com.br/videos/pave-de-sonho-de-valsa) que, como o nome diz, é um sonho.
-- 1 lata de leite condensado
-- 1 xícara de leite integral
-- 2 gemas
-- 20 unidades de Sonho de Valsa
-- 1 caixinha de creme de leite
-- 300g de nata ou creme de leite fresco
-- 3 colheres de sopa de açúcar.
Modo de preparar:
-- Em uma panela, cozinhar em fogo baixo o leite condensado, o leite e as gemas. Mexer sempre para não formar grumos.
-- Quando a mistura se tornar um creme espesso, retirar do fogo e reservar.
-- Retirar a casca de todos os Sonho de Valsa e colocar os recheios em um processador ou liquidificador.
-- Bater os recheios junto com o creme de leite até virar um creme homogêneo. Reservar.
-- Colocar todas as cascas dos Sonho de Valsa em um saco e dar socos ou bater com um rolo para quebrar em pedaços menores. Reservar.
-- Em uma tigela, bater a nata ou o creme de leite fresco com o açúcar até chegar ao ponto de chantilly. Reservar.
-- Em copos transparentes, montar o pavê com uma camada do creme de gemas, uma camada do creme de Sonho de Valsa e uma camada das cascas batidas. Repetir o processo mais uma vez.
-- Finalizar com o chantilly e mais um pouco de cascas batidas. Saborear acreditando que temos que viver a vida como um sonho: pelas coisas boas que ela nos propicia.