Deputado alerta: Homens e animais sofrem com a seca
“As pessoas estão passando fome porque perderam tudo que plantaram. Os animais estão morrendo de sede e fome porque não tem água e pastagem. E quem tem uma criação hoje, está vendendo parte dos animais para poder alimentar o restante do rebanho. Só que o gado também está acabando e a ração para os animais, prometida pelo governo não chegou. Vai chegar quando as chuvas também chegarem? Aí não precisará mais dessa ajuda”.
A observação é do deputado estadual Tom Araújo (DEM), lembrando que os políticos, neste momento, devem fazer gestões para que o governo federal libere imediatamente o milho das reservas da Conab para que o produtor possaalimentar o gado.
O Exército deve aumente o número de carros-pipa para atender as diversas comunidades e a Defesa Civil liberar cestas básicas.
“São essas ações que precisam acontecer imediatamente e precisamos cobrar celeridade, porque senão, quando o milho e a água chegarem, não haverá mais rebanho”, enfatizou.
Situação requer medidas urgentes
O parlamentar convocou nesta quarta-feira (08), a Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos a trabalhar conjuntamente com a de Agricultura e Política Rural bem como a de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo para, junto com todos os deputados e suprapartidariamente, pressionarem para que ações emergenciais sejam liberadas imediatamente.
“Não é hora de ver quem errou. O momento é de fazer alguma coisa concreta para levar comida e água para quem está passando fome e sede. Depois que essas medidas forem tomada ai sim, poderemos discutir ações de médio e longo prazo. Nunca se viu uma seca tão grave como a que estamos vivendo agora e nunca vimos um momento em que as ações adotadas simplesmente não estão surtindo efeito. Então, precisamos mudar de estratégia e resolver, primeiro, os problemas mais sérios de agora que são fome e sede”, disse o parlamentar.
“Precisamos de menos conversa e mais ação.A situação é dramática. Vamos pensar na vida dessas famílias e lembrar que se trata de uma questão de humanidade e não de política. Vamos agir”, concluiu.
Nem o sisal está resistindo
Outrora considerada a redenção do semiárido nordestino, nem o sisal está resistindo à seca.
“Este é o pior período de estiagem que se tem notícia. E essa seca também ficará registrada como a que mais o povo sofreu pela falta de ajuda oficial, quer seja federal, estadual ou municipal. Não que as ações não estejam sendo realizadas. O que acontece é que elas demoram de acontecer. O povo precisa agora é do carro-pipa, precisa da cesta básica, precisa da ração animal. As empresas que também dependem da chuva, pagam o preço alto. As empresas de sisal, por exemplo, não tem o produto e acabam desempregando. O momento é muito crítico”, afirmou Tom Araújo.
Segundo o deputado, citando como exemplo os municípios da região sisaleira como Conceição do Coité, Valente, Retirolândia, Valente, São Domingos, Araci, Santaluz, Queimadas, Nordestina, Ichu, Cansanção, Monte Santo, Barrocas entre outros, cuja força da economia é o sisal, as empresas estão dispensando os trabalhadores nas beneficiadoras da fibra porque não existe matéria-prima.
“Em outros tempos, os empregos nessa época eram mantidos porque as indústrias trabalhavam com os estoques do governo. Hoje, nem temos a fibra, porque a lavoura está sendo dizimada, e nem temos o estoque do governo. E quem trabalha na indústria do sisal, sem ter como manter as indústrias por falta de matéria-prima, fica sem alternativa senão demitir. O que está acontecendo é que agora não tem emprego, não tem produção agrícola, não tem criação e não tem água. A situação é crítica e nós, deputados, não podemos assistir essa situação de braços cruzados. Temos que partir para a ação. Não é hora de buscar culpados, é hora de agir para tirar o povo dessa situação de fome e sede”, afirmou Tom.
Trabalho deve ser permanente
O deputado estadual Tom Araújo disse que as ações públicas para a convivência com a seca devem ser permanentes e não apenas no momento em que a seca chega.
“Não vemos ações governamentais permanentes para o combate dos efeitos da seca, e isso vem trazendo sérios prejuízos em diversas partes do estado. A medidas só acontecem na época da seca e quando elas passam, as ações são interrompidas. O país vive uma crise financeira e uma grave crise hídrica, que vem dizimando pastagens e a agricultura. E para piorar a situação, nos últimos anos não vimos ações para que o estado se prepare para a época de estiagem. Não houve perenização de rios, não se construiu novas barragens, não houve preocupação em fazer uma reserva hídrica”, disse Tom.
Devido à falta de ações, a seca já atinge a mais de 3,5 milhões de baianos no mais grave período de estiagem dos últimos 50 anos.
E as previsões apontam que a estiagem vai persistir em 2017 e se prolongar até início de 2018.
“Temos quase 100 municípios em estado de emergência reconhecidos pelo Governo da Bahia e 85 homologados pelo governo federal. O diferencial agora é que até regiões que nunca sofreram com a seca, como Vitória da Conquista, Itapetinga, Itabuna está havendo racionamento de água. Temos 152 municípios abastecidos por caminhões pipas do Exército e as ações do estado para prevenir para a época das secas foram tímidas. Agora, com as poucas chuvas que caíram nos últimos dias, é que correram para fazer algumas obras. E o povo é que sofre com essa situação. Está na hora de fazermos ações preventivas de curto, médio e longo prazo para que a população não sofra mais nos períodos de estiagem. Todo ano tem seca, todo período passamos por essa fase mais aguda da estiagem e ainda não aprendemos a trabalhar para conviver de forma mais amena com a estiagem”, concluiu o parlamentar.