Helô Sampaio

Receita de Yakissoba para decidir entre Olimpíadas e Festival Japonês

A autora é jornalista

Eu estou uma PhD em esportes. Assisto a tudo, torço, vibro, fico assistindo aos jogos até encerrar. Estou botando fé nas equipes femininas, principalmente as minhas amadinhas do handebol e do futebol. Os meninos vão ter que fazer uma reciclagem, vão ter que aprender a jogar com arte como as meninas. Bora Marta! Bora Formiga! Bora, Brasil-sil.

O futebol masculino só decepcionava, só empatava. Foi preciso eles viram jogar na Fonte Nova, a nossa ‘Fonte dos Gols’, para tirar o pé da lama. Aqui, a ginga, o dendê com dengo dos baianos fez a ‘selecinha’ virar ‘seleção’ brasileira. Nosso axé valeu mais em campo que os contratos com muitos milhões de dólares: a seleção ganhou o primeiro jogo. Depois, foi jogar em Brasilia, contra a Colômbia. Que pelada vagabunda. Tinha mais chute na canela que na bola. Esqueceram o bom futebol. Será que o Brasil, para brilhar, vai ter que vir jogar sempre na Fonte dos Gols?   

Já o Judô lavou minha alma. Soltei o grito de vitória quando a Rafaela recebeu o ‘ouro’ na disputadíssima competição. Eu trazia um grito entalado ‘na goela’ pela derrota de Érika Miranda, que conheço desde quando estava na assessoria de comunicação da FTC, quando sempre recebíamos a visita dos alunos-atletas da instituição.

Um belo dia apareceram os judocas Érika e Luciano Correa, alunos da FTC de Belo Horizonte – que já mostravam que seriam grandes campeões do Judô brasuca. Eu estava a conversar com eles quando Ricardo Moura, o responsável pela área na FTC, nos chamou para almoçarmos no shopping.

Dei um pulo: num shopping, Ricardo? Os meninos vêm pra Bahia e nós vamos levar nossos campeões de Judô para comer num shopping? Nã-nã-ni-nã-não. Vamos comer uma galinha de capoeira no Clube do Curió (71 3232 2426). Os ‘anjinhos’ pediram logo duas ‘colegas’ e, se fizéssemos gosto, teriam comido três galinhas. Dava gosto!

De outra vinda, levei-os para o Boteco do Dito, na Plataforma (71 3118 6029), onde deram um ‘ippon’ certeiro na moqueca de peixe com pirão. Aí, ficaram fregueses. Sempre queriam vir a Salvador e faziam questão de irem me ver na hora do almoço. Com certeza, não era pelos meus conhecimentos em Jornalismo.

Um dia, trouxeram o João Gabriel Schindler para conhecer a terrinha. Garoto bonito, ‘saradão’, mas que chegou com um problema seríssimo: como ele estava de férias, o seu peso tinha baixado dos 100k, faixa pela qual concorria. E ele precisava voltar aos 100k para poder competir. Portanto, tinha que se alimentar bastante. Você já viu um problema mais maravilhoso que esse, meu bonitinho? Uma pessoa disposta, saudável, sendo ‘obrigada’ a comer tudo de bom, bonito e gostoso para ter que ganhar peso?

Imagine, meu gostosinho, a agonia e inveja que eu passava ao ver o Gabriel escolhendo tira-gostos, comidas, sobremesas, e saboreando com aquele ar de anjo satisfeito. E eu, tendo que me preocupar com os meus 250 graminhas a mais. Ah! Como eu queria ter o problema do João Gabriel. Isso é que é ter sorte, o resto é conversa mole. Porque cê sabe, não é, lindinho, que tudo que é gostoso é ilegal, imoral, engorda ou tem dono.

Pra vocês não ficarem pensando que sou glutona – que não sou nem um pouco – já estou me preparando para o Festival da Cultura Japonesa, que acontecerá dias 27 e 28 de agosto no Parque de Exposições. Não pense que vou lá somente para me afundar nas deliciosas comidas, não, mente poluída.

Vou para assistir a apresentação dos grupos musicais, com especial atenção para a comemoração dos 25 anos de ‘Bon Odori’ em Salvador. ‘Odori’ é a dança tradicional japonesa. Vou saborear o sushi, sachimi, yaksoba e todos os pastéis que aparecerem.  Mas somente para provar e comedidamente, seu gulosão.

Enquanto aguardo a abertura do Festival, atendo aos convites da minha amiga querida, Lika Kawano, coordenadora do evento, para saborear alguns petiscos japoneses. E, cada vez mais, eu fico em dúvida sobre o que é mais gostoso. Prá você não ficar babando, minha bonitinha, faça a receita que Lika mandou para eu ir me consolando até chegar a hora do Festival de Cultura Japonesa (não é festival de gordura, não, sabidona. E eu não sou gorda: tenho excesso de fofura).

Yakissoba de Lika

-- 250 g de macarrão oriental

-- 150 g de filé ou alcatra e 150 g de filé suíno também cortada em tirinhas

-- 150 g de filé de frango cortado em tirinhas ou cubos

-- 1/3 de uma couve-flor média cortada em pequenos buquês

-- 1/3 de um brócolis japonês grande cortado em pequenos buquês

-- 1 cenoura cortada em tirinhas

-- 1/2 pimentão vermelho e ½ amarelo cortado em tirinhas

-- ¼ de repolho, 4 folhas de acelga e uma cebola cortada em tirinhas ou em pétalas

-- 100g de cogumelos cortados em lâminas

-- 2 colheres (sopa) cheias de maizena

-- 1/2 caldo knorr de carne ou frango

-- 1/2 xícara de molho de soja shoyu sakura

-- 3 ½  xícaras de água

-- ½ pacote de hondashi (tempero a base de peixe)

-- ½ colher de sopa de óleo de gergelim torrado

 Modo de preparar   

- Cozinhar levemente no vapor o brócolis, a couve flor e a cenoura já cortada em tiras – é importante não cozinhar demais (3 minutos de fervura no vapor é suficiente, pois os legumes sofrerão nova fervura);  

 - Colocar a água do macarrão para ferver, apenas com sal. Quando levantar fervura colocar o macarrão e desligar quando estiver 'al dente'. Escorrer sem lavar e reservar; depois de frio, fritar numa frigideira com óleo para deixar sequinho e colocar num refratário;   

- Colocar as três xícaras e meia de água para ferver, o meio caldo knnor , shoyu  o óleo de gergelim e hondashi. Após fervura, colocar as duas colheres cheias de maisena previamente dissolvida. Quando der uma leve engrossada, desligar - está pronto o molho para yakissoba.   

- Temperar as carnes apenas com sal (a cozinha oriental não costuma utilizar alho, mas, caso queira, utilize o tempero de sua preferência) e envolva-as com maizena;   

- Dourar as carnes numa frigideira antiaderente espaçosa, untando-a com azeite. Assim que estiverem douradas, acrescentar a cebola, em seguida os pimentões, os cogumelos, repolho e acelga; deixar cozinhar um pouco e acrescentar a cenoura e as florzinhas de brócolis e couve flor. Mexer e ir acrescentando o molho para yakisoba;   

- Após ferver um pouco e apresentar uma sobra farta de molho, colocar em cima do macarrão.   

- Quando colocar o caldo e perceber que ele não está suficiente para envolver também o macarrão, colocar mais um pouco de água ou água com um pouco maizena diluída. Saborear agradecendo em japonês: ‘zaponês saber fazer comida boa. Eu gostar muito. Obligado, Zapon’