Finalmente a tocha passou no sábado, 21 de maio, pela cidade mais importante da Bahia, a minha Ibicaraí, onde o comboio foi saudado por estudantes, atletas, autoridades e representantes do candomblé.
O fogo olímpico foi recebido com muito axé, banho de pipoca e água de cheiro. As ruas ficaram lotadas com o povo aplaudindo as apresentações dos alunos e atletas, com temas sempre voltados para os jogos olímpicos.
Tá pensando o quê, meu bonito? Ibicaraí tem um campeão de natação, Pompílio Céo Neto, que é o orgulho da cidade. E foi ele que finalizou o percurso olímpico, antecedido pelos amigos Raimunda do Correio e Joel Gomes, a voz de ouro de Ibicaraí, dentre outros, que homenagearam o evento.
É Ibicaraí brilhando, sendo noticia nacional, ao prestigiar a tocha olímpica. Pena que eu não pude estar lá. Mas meu irmão, Lula, que é secretário do município, fez as honras da casa, com as outras autoridades. Eu fico de cá, orgulhosa de ver a minha terrinha recepcionando a Tocha Olímpica.
Voltando aos poucos pras coisas deste mundo velho de meu Deus, eu tento não arregalar os olhos e segurar o queixo: como é que é? Esse é o nosso Brasilzinho mermo, véio?
O país está vivendo um caos político e econômico mas gasta muito dinheiro e energia para que a tocha percorra lugares que não sabem o que é tocha ou olimpíada. Tudo sob aplausos dos famintos e maltrapilhos moradores. Se o dinheiro fosse investido em educação ou saúde...
Neste mês de maio o país deu um virote: já estamos de presidente novo e com um povo todo diferente na televisão. Prá onde foi a ‘cumpanheirada’? Oxente! O Brasil virou Bahia, onde um ‘vicetória’ é que tá mandando? (A diferença é que o vice daqui recebeu a taça com gosto de derrota, pois perdeu a partida final para o Bahia, he-he!).
De repente, tudo mudou da água pro vinho, do churrasco pro caruru. E pra mudar, acertar ou consertar este nosso país, a turma vai ter que enfrentar muitos desafios pois sempre jogaram no mesmo time e agora estão se estranhando, se digladiando. Ninguém mais presta. Mas, bola pra frente, que a gente perde a partida, mas não perde o gosto pelo jogo. Quem sabe, um dia dá certo? Deus é brasileiro.
Depois do recesso pela ‘arrumação’ das minhas pernas, estou voltando pra rotina da vida. Voltando ao trabalho, a ver e me inebriar com a beleza do mar, a resmungar com os engarrafamentos, a sentir a gostosura da vida. Gente! A liberdade de andar, de ver os amigos, conversar fiado, se aporrinhar, sorrir ou ir pra onde der na telha, é impagável. É indescritível. Só quando a gente não pode fazer nada disso é que sente quanto é importante.
Até chuva chegou para alegrar a terrinha. A secura estava ‘braba’. Já correndo risco, que ainda não passou, de entrarmos em rodízio para uso da água. A situação em Itabuna está tétrica. Não pude nem ir lá fazer a festa pelo aniversário de Ana, minha irmã – que foi dia 22 -, porque a água lá está salgada, impura, e não serve para beber nem cozinhar. A festa ficou para o ano que vem.
Mas nós, na cidade do São Salvador da Bahia, graças a Deus não passamos por esse vexame. Até o calorão deu uma aliviada depois da reviravolta política – ou terá sido para receber a tocha olímpica? ‘Xá pra lá’. Fato é que estamos em clima ameno, com uma cidade cheia de graça e de chuva.
Mas quando começar a Olimpíada, quando os gringos começarem a chegar ao Brasil, eles virão também pra cá, com certeza, porque ninguém resiste ao nosso charme. Somos gostosos, maravilhosos, receptivos e temos orgulho da nossa terrinha além de gostarmos muito de receber gente. Quer mais?
Então experimente este quibe de assadeira que Carmen, minha irmã mais velha que também aniversariou em 9 de maio, preparou para as maninhas. Avental a postos, vamos para a cozinha.
Kibe árabe de assadeira
Ingredientes para a massa
-- 500g de trigo para kibe
-- 650g de carne miolo de picanha moída sem nervo
-- ½ colher (chá) de pimenta do reino pura moída (sem cominho)
-- 1/2 colher (chá) de pimenta síria moída
-- ½ colher (chá) de canela em pó
-- sal a gosto (uma colher de sopa, mais ou menos)
Ingredientes para o recheio
-- 400g de carne moída sem nervo (miolo do patinho)
-- uma cebola branca grande ou duas pequenas, picadas
-- uma xícara de folhas de hortelã
-- 3 colheres (sopa) de azeite
-- ½ colher (chá) de pimenta do reino pura moída (sem cominho)
-- 1/2 colher (chá) de pimenta síria moída
-- ½ colher (chá) de canela em pó
-- sal a gosto
Modo de preparar a massa:
-- Lavar o trigo duas vezes, escorrer a água e deixar descansar para amolecer e absorver a umidade;
-- Moer, no processador ou liquidificador, o trigo já amolecido. Colocar numa tigela grande;
-- Moer, do mesmo jeito, a carne juntamente com a cebola picada e as folhas de hortelã. Acrescentar o sal, e colocar a carne na mesma tigela do trigo, amassando com as mãos molhadas. Acrescentar água fria aos poucos (mais ou menos uma xícara chá) até obter uma massa homogênea, fina e úmida;
-- Experimentar o sal e moer tudo novamente para ligar mais a massa.
Modo de preparar o recheio:
-- Lavar a carne moída com água limpa uma vez, para tirar o excesso de sangue. Esprema a água;
-- Numa panela, colocar o azeite para esquentar e acrescentar a cebola picada para dourar. Colocar a carne e fritar, mexendo sempre para ficar soltinha, até secar a água. Temperar com sal a gosto, a pimenta do reino, a pimenta síria e a canela. Reservar.
Modo de armar:
-- Untar um pirex ou assadeira com 4 colheres (sopa) de óleo;
-- Com as mãos molhadas em água fria, arrumar, espalhando, uma camada da massa de quibe e por cima dela uma camada de recheio. Cobrir com outra camada de massa da mesma espessura da primeira;
-- Uma vez pronto, espalhar duas colheres (sopa) de manteiga sobre a última camada e cortar em quadrados com faca molhada, levando a assadeira ao forno por mais ou menos 40 minutos.
Enfeitar com folhas de hortelã e servir quente ou frio esperando os elogios com humildade, como convém a quem faz as coisas com amor. Bom apetite!