Helô Sampaio

Como temperar a baianidade com uma punhetinha igual às servidas por Cira


Helô Sampaio (anotan a receita da punhetinha) e Cira, sob o olhar atento de Camila

Estes últimos dias foram bastante corridos. Como o lindinho sabe, eu assessoro o secretário do Turismo, Nelson Pelegrino. E chegou uma solicitação de um fotógrafo, o Paulo Fridman, que está fazendo um livro sobre ‘Trabalhadores do Brasil’, e incluiu a Bahia no seu roteiro. Lógico que Nelson me mandou dar todo apoio pois sabe que eu gosto ‘mutcho’ de auxiliar os coleguinhas.

Eu mesma fui buscar o fotógrafo no aeroporto. O Paulo tem um currículo invejável: tendo morado por dez anos em Nova York, fez fotos para NY Times, Paris Match, e para os principais jornais e revistas do mundo.

Mostrou-me algumas fotos que produziu com sul-africanos, indianos, americanos e povos de quase todo o Mundo. A vida viajada o tornou uma pessoauniversal, muito simples e agradável; e logo nos tornamos os mais novos  ‘amigos de infância’.

Do aeroporto dei logo um giro pelo Abaeté, onde já deixamos acertado com Jenner e Amadeu as fotos com as Ganhadeiras de Itapuã. Aproveitamos para assistir aos ensaios e vou lhe garantir, viu, meu bonito, o grupo está uma lindura. Bonito demais ver aquelas senhoras idosas, muitas delas com as netas e filhas, todas com roupas coloridas e bonitas e com as ‘trouxas’ e apetrechos para lavar as roupas, dançando e revivendo as tradições.  


No Forte da Capoeira: Corina, Mestre Curió, Helô e Paulo Fridman

No dia seguinte, peguei a minha queridíssima amiga Corina Cingolani lá na Setur e saímos para que o Paulo fotografasse os trabalhadores especiais da Bahia. Começamos pelos capoeiristas, onde me encantei com a doçura e competência de Mestre Curió – que já levou a arte para mais de nove países e até tem diploma mexicano, e o enchi de beijos. Curió escolheu alguns dos seus alunos e Paulo pode fazer belas fotos.

Como ninguém é de ferro, levei a galera depois para ir almoçar no Buteco do Dito, lá no subúrbio ferroviário, depois da Igreja de Plataforma, donde se aprecia uma bela vista da Baia de Todos-os-Santos. Apresentei a ele e Corina o melhor beijupirá da cidade, que saboreamos bem acompanhado pela moqueca de camarão. A tchurma lambeu os dedos.

Corina, gulosa, foi experimentar o molho lambão, antes da comida e subiu um vermelhidão no rosto... Mas ela ficou mais bonita e agora, escolada: sabe que não pode por pimenta pura na boca, que arde e muito.

Fizemos depois um circuito pela cidade, parando para fotografar a vendedora da fitinha do Bonfim, o vendedor de coco, o pai de santo, o feirante de Agua de Meninos, o mergulhador da Ponta do Humaitá... Todo trabalhador que ele achava interessante, a gente parava e ele fotografava.

E para mim foi ótimo porque matei saudade da minha cidade. Que continua bela e encantadora. Passei depois para ver a querida tia Maria na Pedra Furada, onde também dei um abraço na amiga do Baú da Ju; findamos o dia no Mercado Modelo, onde revi ex-colegas de copo. Dei uma revigorada de baianidade.

O último dia foi para fotografar a baiana Cira, rainha de Itapuã, que eu amo muito e como o seu acarajé há muitas décadas. Lá também estava Camila, a neta de Cira que eu vi pequenininha e hoje está uma moçona bonita. Ela dá uma mãozinha à vovó sempre que pode. É isso aí, esta é uma família que permanece unida em torno da matriarca que continua forte, bela e cheia de alegria.

É lógico que coloquei a internacionalidade do Paulo para conhecer as delicias da Cira que é uma das atrações de Itapuã. Paulo teve que provar do abará, da cocada de coco ‘queimado’ e do bolinho de estudante, que chamamos ‘punhetinha’. Ele adorou o nome. Não sei bem se ele sabe o que isto significa para nós. Expliquei que é o bolinho que a gente põe na boca e ele vai lá, vem cá, que é flexível. Não falei o que pensou sua mente poluída, meu lindinho.

Pedi a Cira, que se sentou num banquinho e me deu a receita da sua punhetinha, sob toda atenção de Camila. Ponha o avental, meu bonitinho, e vamos preparar uma punhetinha, digo, um bolinho de estudante com muito carinho (eu só queria saber qual é a ligação do nome popular com a atividade do estudante. ‘Xá’ prá lá).

Bolinho de estudante ou ‘punhetinha’ da Cira

Ingredientes
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1k de tapioca
-- 3 cocos secos grandes
-- 3 copos de leite de vaca
-- 700g de açúcar

Modo de preparar

-- Bater os cocos no liquidificador com um pouco de agua para tirar o leite grosso. Coar.

-- Reservar uma xicara do leite de coco. Juntar ao restante o açúcar, o leite de vaca e a tapioca, misturando bem. Deixar descansar por uns 30 minutos.

-- Amassar bem novamente a massa e acrescentar o leite de coco reservado.

-- Antes de fazer os bolinhos, passar um pouco de azeite na mão (para não grudar). Fritar os bolinhos em óleo bem quente, colocar num papel toalha para retirar a gordura e ao servir passar numa mistura de açúcar com canela.

Huuum! Trem bom no mundo é uma punhetinha, digo o bolinho de estudante gostoso como Cira faz.