Estou a-pa-vo-rada, aterrorizada mesmo, prestes a entrar em parafuso. Me diga, meu lindinho, o que é que nós vamos fazer depois que o Brasil jogar a partida final, no próximo domingo? Como vamos conseguir sobreviver depois desse mês inteirinho de Copa, da adrenalina dos pênaltis, de xingar a mãe do juiz, de escalar seleções, de criticar técnicos e chamar o jogador de perna-de-pau? Amanhã mesmo vou marcar com o meu médico uma consulta para ver como vou conseguir tocar a minha vidinha sem jogo e emoção. Vai ser duro voltar à monotonia do Brasileirão!
A Copa me empolgou por demais, véio. Já esvaziei vários engradados, rezei vários terços – naquelas famigeradas disputas por pênaltis – já xinguei um monte de juiz ladrão, já quis dar dois ‘xêros’ no cangote do David Luis e alisar aquela cabeleira maravilhosa, e até dar uma mordida num italiano bonito daquele. Quis também entrar na televisão pra pegar aquele colombiano ‘fdp’ que mandou o meu Neymarzinho para casa. Ainda bem que a FIFA, dizem, vai dar um castigo cruel ao canalha: ele vai ter que jogar um ano inteiro no Vitória. Merecido.
David Luiz - Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Mas não tivemos só emoção. Também morremos de tédio com algumas partidas de umas ‘selecinhas’ que, francamente, não tinha gogó de Galvão Bueno que desse jeito. E eu sou pé-quente: estou ganhando em quase todas as partidas. Minha filosofia é a seguinte: meu Bra-Bra-Brasil verde-amarelinho vai ser o campeão mesmo sem o menininho dos cabelos de ouro (aquela tintura deve ser o lourão claro da Garnier Nutrisse, vou saber de Luciana Medrado, que é expert no assunto). Cá pra nós, bem baixinho, não aguento mais ouvir falar do incidente com o Neymar. A Globo fala umas 500 vezes por dia. Haja saco! Que não tenho.
Tirante o Brasil, torço pelos ‘laranjitas’ da Holanda e pelas seleções da nossa América. Agora nós enfrentaremos os alemães e os ‘hermanos’ pegam os ‘laranjitas’. Claro que também torci pelos ‘hermanos’. Eles são alegres, animados, brincalhões que nem nós. E a gente tem que cultivar a ‘pinimba’ da disputa, até para derrota-los na final, e podermos levar o resto da vida gozando a cara deles. Já pensaram um Brasil X Argentina na final, com ‘nóis na tela’ levando a melhor? Não tem preço. (Não é bom nem pensar em outro resultado, pois sinto calafrios na espinhela).
Brasil e Argentina é o mesmo que o Ba X Vi: se não tiver gozação e azaração, não vale. O que não pode é haver desrespeito, brigas imbecis, agressões. Isso é coisa de gente sem educação. Mas a gozação sadia, como fazemos com o ‘vicetória’, não tem preço, não é, Niltinho Morais e Tita Sueli, sofredores rubro-negros?
Na terça, vamos encher os alemães de gols (me atenda aí, viu, meu santinho? Pois temos que chegar na final). Depois é esperar que os ‘hermanos’ vençam a guerra deles com os holandeses. Aliás, o jogo dos ‘laranjitas’ holandeses com os costa-riquenhos, começou numa maresia de dar medo. Animou no final do segundo tempo. Esquentou na prorrogação e pegou fogo na disputa de pênaltis. Eu nem respirava. Era adrenalina pura!
Estamos entre os oito melhores do Mundo. E todo mundo tremendo de medo do futebol do nosso país tropical. Não sei como vou aguentar este jogo com a Alemanha, mas é claro que vamos passar por eles - e espero que sem pênaltis. Duro vai ser a partida final. Acho que o estoque de Rivotril vai acabar nas farmácias. Bora Brasil!
Enquanto nos preparamos para a final, depois desse ‘treino intermediário’ com a Alemanha, he-he, vamos fortalecer o espirito com este quibe que a minha irmã Carmen preparou para o meu aniversário, que acontece na ressaca do São João, em 26 de junho, quando eu canto parabéns com Cris Porto, Gilberto Gil, Alba Regina e a mãe de Ana Paulinha, minha colega jornalista. Ponha o avental e vamos pegar a direção da cozinha que o quibe é bom demais.
Quibe da mana Carmen - cru e assado
Ingredientes
-- ½ k de trigo
-- 700g de carne moída (ela faz com patinho)
-- Um molhe de hortelã miúdo
-- Sal, meia xicara de azeite de oliva e pimenta do reino a gosto (sem cominho, lembrar. Usar uma colher sobremesa, mais ou menos).
Modo de preparar
-- Lavar bem o trigo, até que a água saia limpa (umas 4 a 5 vezes) e deixar na água por meia hora;
-- Tirar o trigo, espremer com as mãos até que a água escorra e deixar secar. Misturar a carne moída, misturando bem ao trigo.
-- Com meia xicara de água gelada, bater no liquidificador as cebolas e o hortelã (deixando um pouco para enfeitar no final);
-- Misturar ao trigo, temperando com o sal e a pimenta do reino. Colocar o azeite doce e separar para fazer a metade assada, levando ao forno em assadeira.
Saborear a metade para comer cru, enfeitando com hortelã e cebola, dando mais um fio de azeite e acompanhando com torrada ou pão árabe, comemorando a vitória verde-amarelinha do nosso Bra-Bra-Brasil!