Helô Sampaio

Histórias de jornalistas com um docinho de caju no final para adoçar bem a boca

Helô Sampaio

Começamos o mês que é de todos os santos. Cantando parabéns pelo aniversário da nossa Baía, que estendeu a proteção de Todos os Santos para toda a Bahia. O mês já se inicia iluminado com a entrega – por merecimento – da Medalha Ranulpho Oliveira, pela Associação Bahiana de Imprensa, à minha querida July – homenagem prestada – e dando o nome do ex-presidente da ABI, nosso grande amigo Samuel Celestino ao Auditório. Ainda designou uma Comissão para os preparativos do centenário de Dr. Jorge Calmon, um grande jornalista por quem eu nutria muito respeito e amor.

Fiquei muito feliz, pois tenho o privilégio de conviver com July e Samuel há quase quatro décadas. Éramos todos criancinhas, lógico, quando eu comecei em A Tarde, lá na Praça Castro Alves. Sempre bem-querer imenso por July, a elegante e charmosa ‘papisa’ do colunismo social. Saiu em July, tá sacramentado. Por todo tempo que estive na editoria gráfica, sempre tive o cuidado de só colocar anúncios de bons produtos na página da coluna de July, sem sacrificar muito seu espaço. Colocar editais em July... nem morta, bem. Só se eu não estivesse na área.

Era a minha forma de demonstrar meu apreço e admiração por ela. E só digo isso agora, tanto tempo depois. Juju, te amo, e fiquei muito feliz com a justíssima homenagem que lhe foi prestada. Também a Samuel que fez um grande trabalho na ABI, substituindo Jorge Calmon e, ao chegar para a editoria Política de A Tarde, deu uma boa mexida no jornalismo político. Ele tinha uma visão crítica; e o jornal buscava renovar a Redação.

Eh! Tempo bom esse da Castro Alves, do Cacique, das cervejas nos botequins (e bregas também) do Centro Histórico. Quando cheguei ao jornal, levada por Fernando ‘Bananeira’ Rocha, na época chefe de redação, Dr. Jorge, que era o redator-chefe, olhou e gostou da nova estagiária meio desbocada – mas preparada, modéstia à parte. Quando eu largava uma ‘palavra’ pouco comum às mocinhas-família, ele me olhava para impor respeito, eu pedia desculpas encabulada. Mas sentia que ele relevava a traquinagem, achava engraçado meu palavreado pouco comum.

Fiquei na reportagem policial por uns três anos. Comecei a trabalhar acompanhando Walmir Palma, meu amado e famoso ‘Seu Porreta’. Com ele aprendi todas as ‘artes e manhas’ do setor. E conheci a ‘tchurma’ da polícia, que tinha o maior respeito por Walmir. Depois que a gente fazia a matéria, eu descia com ele para a cerveja no Cacique. A minha, bem gelada; a dele, quebrada a frieza, pois ele dizia que a cerveja muito gelada perdia o gosto. Mas ele pagava as duas, enquanto eu era estagiária. Foi um grande mestre! Depois desse tempo em Polícia, fui para a Geral e Educação, quando tive Sóstrates Gentil como editor. Depois me fixei na Diagramação e assumi a Editoria Gráfica, cargo que permaneci até me aposentar.

Quando fui lançar o meu livro com as crônicas que eu escrevia para o jornal, pedi a Dr. Jorge para fazer a apresentação. Ficou lisonjeado. Conversa vai, conversa vem, ele perguntou qual o título do livro. Eu falei com candura: "Bem comida". Ele se assustou.

- Mas Heloísa, dar um título de 'Bem Comida' ao livro de jornalista e uma professora da Universidade Federal da Bahia. Não fica estranho? – perguntou com delicadeza nesse ‘estranho’.

- Dr. Jorge, a professora Heloísa não tá sabendo de nada disso. O livro é da jornalista, biriteira e farrista, da tal da Helô Sampaio, que não perde uma esbórnia. A professora não entra nessas histórias. Aí, eu me lembrei de completar: Ah! Dr. Jorge, o nome todo é "Bem Comida – Crônicas e delícias da Bahia".

E ele me olhou com aquele ar de ‘essa não tem conserto, não’. Mas fez uma apresentação muito carinhosa. O engraçado é que Gentil, que fez a capa do livro, mudou a ordem das coisas e colocou: Helo Sampaio – Bem Comida. E lá embaixo é que foi ‘Crônicas e Delícias da Bahia’. Eu amei!

Eu lamentei muito estar em recuperação de uma prótese no joelho e não ter podido comparecer à ABI para dar um abraço apertado nos amados colegas e amigos homenageados. E, lógico, dar um beijão carinhoso no nosso presidente, Walter Pinheiro, pela bela iniciativa da homenagem. Walter, você é um príncipe. E nos honra presidindo a nossa Associação de Imprensa. Estou feliz e gratificada pelo reconhecimento aos nossos colegas homenageados.

Por falar em homenagem, a época está boa para o assunto. Como parte das comemorações do Centenário de Vinicius de Moraes, Gessy Gesse está mobilizando a Bahia, trazendo valores nacionais, para destacar o lado baiano do Poetinha. Já fez um festão danado de bonito no dia em que o Poetinha completaria 100 anos, com uma tarde com grandes nomes da musica, num show aberto para a população; e uma noite chique, de homenagens a figuras que privaram da amizade do casal, com direito a cônsul e até a Garota de Ipanema.

Agora, Gessy está trazendo Maria Creusa, que nos brindará cantando as músicas de Vinicius, na Casa do Comércio, nos dias 18 e 19 de novembro, às 20 horas. E quem ainda não adquiriu o livro de Gessy, ‘Minha Vida com o Poeta’, poderá fazê-lo nesta noite. O livro é ótimo, com belas histórias e belas fotos. E Maria Creusa dispensa apresentação.  Vai ser uma noite inesquecível.

Depois destas maravilhas todas, vamos preparar esta delícia de docinho de caju – que a fruta abunda nesta Bahia. Esta é a receita com que Liney tem mantido o maridão Joaci cada vez mais apaixonado. Faça para o seu amorzinho ficar com água na boca! Ou a boca na boca. Vamos lá.

Docinho de caju de Liney

Ingredientes:
--5 xícaras (chá) de açúcar
--2 ½ xícara (chá) de água
--¼ xícara (chá) de suco de limão
--20 cajus maduros em media. 

Preparo:
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Retirar a castanha dos cajus e cortar uma fatia de um centímetro na parte inferior (a do cabinho); descascar as frutas e, com um palito, fazer pequenos furos na sua superfície; espremer ligeiramente os cajus e reservar.

-- Colocar um litro de água numa panela grande e acrescentar os cajus e o suco de limão. Ferver em fogo alto por 10 minutos. Retirar e escorrer.

-- Numa panela média colocar a xícara e meia de água e o açúcar e levar ao fogo alto, mexendo até dissolver. Juntar os cajus e cozinhe até ferver. Abaixar o fogo e cozinhar por 2 horas ou até que a calda esteja ligeiramente espessa e dourada.

Colocar o cajuzinho com toda delicadeza na boquinha do seu amor, ouvindo a bela voz de Maria Creusa interpretando o Poetinha.