Helô Sampaio

Papa Chiquinho, Irmã Dulce e o Japão

Estão pensando que eu estou ficando maluca? Nã-nã-ni-nã-não! É que eu agora estou com o Papinha Chiquinho na cabeça e a comida japonesa na mente. Misturei meu papa lindinho com as comidas que vou saborear no Festival de Cultura Japonesa que vai acontecer ainda daqui a um mês, dias 31 de julho e 1º de agosto. Minha beatice está agora ligadérrima na tradição e na cultura nipônica. Essa conversa que eu só vou lá pelas comidas deliciosas, nhammm, é pura maledicência. Mas vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Eu já tinha dito a vocês que andava completamente afastada da Igreja. São, na maioria, ‘autoridades’ que vivem cercadas pelas benesses da igreja e voltadas para os seus próprios interesses. Ficava difícil para mim, que tive o privilégio de conhecer e compartilhar de alguns momentos de convívio com a grande Santa da Bahia, a Irmã Dulce dos Pobres. Acompanhei o seu trabalho, sua luta pelos velhos, pobres, doentes e necessitados. E pelas crianças. Conheci a sua obra numa fazenda em Simões Filho, onde as crianças, além da Escola, eram preparadas para a Vida: plantavam e cuidavam da horta e faziam diversas atividades na marcenaria.

Quando estive lá, eu ainda era repórter (faz tempo, uns 40 anos... e não faça conta, meu lindinho). Conheci então João Dias, pessoa simples, muito humano, que ajudava Irmã Dulce com as crianças e na administração da fazenda. João ‘premiava’ os garotos mais comportados e aplicados nos estudos levando-os para passar o fim de semana com a sua família em Plataforma. E eles se empenhavam nos afazeres e disputavam o ‘prêmio’ do fim de semana. Numa dessas vezes, eu estava na casa de João, quando a Irmãzinha Dulce apareceu para ver os seus meninos. Ficou feliz, conversou e brincou com os garotos e abençoou a mim e João, que ela considerava seu braço direito. Hoje vários daqueles garotos são grandes profissionais.

Como eu era ‘puxa-saco’ da Irmãzinha, quando ela ia ao Jornal para falar com Jorge Calmon, na hora que ela aparecia no corredor, eu levantava e ia busca-la. E fazia a maior ‘festa’ com ela até chegar a sala do Dr. Jorge. A galera da redação – Silva Filho, Walmir Palma, Octacilio Fonseca, Curvelo, etc. – todo mundo vinha cumprimentá-la, paparicá-la. Pequenininha, ela ficava encabulada no meio da gente e agradecia sorrindo, sempre com os olhinhos baixos de timidez. Era uma figura linda! Realmente, uma santa!

Era muito diferente desse pessoal metido a ‘gás com água’, que se esquece da simplicidade do Cristo. Mas agora, de repente, da suntuosidade romana, emergiu Francisco, um Homem a serviço de Deus, que traz com simplicidade a palavra do Cristo, que abre mão de toda a opulência da Igreja e resgata valores já quase esquecidos como Humildade, Sensibilidade e Cumplicidade com o Povo de Deus.

Desmarquei todos os compromissos, comprei pipoca de micro-ondas, ajeitei o sofá e desde o inicio acompanhei com atenção os seus atos. Então vi o seu olhar franco, direto; vi o seu carinho no ato de apertar a mão, de acarinhar um idoso ou de beijar uma criança. Vi muito amor ao próximo, o respeito pelas pessoas. E não vi demagogia. Deixa eu confessar: amei o Papa Francisco. Papa Chiquinho lindo: estou apaixonada pela sua figura, pela sua Humanidade. Eu só, não, o Brasil inteiro está aos seus pés, cativado, rendido pela sua simpatia. Pode crer: te amamos, Chico de Deus!

Agora chega de tanta ‘melação’, que os coleguinhas da imprensa nos deram uma overdose de Chiquinho. Desde que ele chegou, radio, jornal e tevê só fala, só mostra, só trata do Papa Chico. Ele é ‘o assunto’ com o seu jeito doce, cativante. Não acho ruim não. Mas vamos cuidar da nossa programação, que final de semana ele vai embora e a gente fica.

Yakissoba, sushi, sashimi... desculpem, troquei as bolas. Eu abri uma exceção para atender ao convite da Lika Kawano, que queria falar da programação do Festival de Cultura Japonesa, cujo tema este ano será a Ikebana, arte dos arranjos florais que busca harmonia, vitalidade e ritmo. Falar da apresentação do mágico oriental Mario Kamia, do Sumô e Kenjustsu; falar de origami, dança, dos tambores japoneses (Taiko) e, claro, das oficinas de culinária que vão acontecer. (Veja tudo sobre o Festival em www.bonodorisalvador.com.br). E, oh! Sacrifício supremo, Lika pediu que eu experimentasse antecipadamente alguns petiscos que serão servidos por lá. ‘Tão’ vendo aí que eu não tenho culpa destes 350 graminhas a mais? Ela vai preparar o Okonomiyaki, um tipo de pizza com legumes que eu ainda não conheço.

O Festival acontece em Salvador há 22 anos e, para os japoneses, é um momento de agradecer aos antepassados as boas graças, a prosperidade e a saúde. Será realizado na Associação Atlética Banco do Brasil, em Piatã, dias 31 de agosto e 1º de setembro, como disse lá em cima. Vá lá conhecer e saborear as delicias japonesas. E experimentem pizza que Lika vai preparar para mim. Comilões, aventais a postos! Vamos para a cozinha!

Okonomiyaki

Ingredientes (para quatro porções, encontrados em casas de produtos japoneses)

Para a Massa:
--
 300g de farinha de trigo
-- 1 colher (chá) de sal
-- 1 xícara de yamaimo (inhame) ralado em ralo fino
-- 1 ½  xícara de dashi (pode-se usar caldo de galinha ou água mesmo)
-- 4 ovos (que só entram no momento de fritar).

Para o recheio
-- ½ repolho picado
-- 1 xícara de cebolinha picada
-- 200g de camarão descascado e limpo (pode-se usar outros frutos do mar como vieiras, lula, polvo, etc.)
-- 4 fatias de bacon.

Para o molho
-- Okonomiyaki sauce (pode-se usar molho de yakisoba)
-- Maionese
-- Flocos de bonito (flocos grandes de katsuobushi)
-- Alga verde (aonori - uma alga verde esmigalhadinha).

Modo de preparar:

-- Colocar todos os ingredientes da massa, menos os ovos, em uma tigela. Misturar e deixar descansar por 30 minutos

-- Enquanto a massa descansa, picar o repolho

-- Preparar o okonomiyaki colocando numa tigela 1/4 da massa descansada, e um ovo. Juntar 1/4 do repolho, 1/4 da cebolinha, 1/4 dos frutos do mar e misturar

-- Untar a frigideira ou chapa com óleo vegetal e colocar a massa. Abrir a massa para que fique achatado, mas sem pressionar, e colocar a fatia de bacon por cima

-- Deixar o okonomiyaki assar em temperatura média-baixa (deve ficar bem cozido por dentro). Virar e deixar fritar do outro lado. Cobrir com molho, maionese, bonito, alga e pó de camarão. Repetir o mesmo procedimento com o restante dos ingredientes.

Até o Papa Chiquinho ia gostar desta novidade. Bom apetite! Nhaammm!