Ôoooba! Junho é o melhor mês do ano. Logo no comecinho comemoramos o Dia do Meio Ambiente, 5 de junho – que é também o dia do aniversário do meu pai. É o dia que fazemos homenagem a nossa ‘terra mater’, quando todo mundo tece os maiores elogios falando da necessidade de preservação ambiental, da sua importância... e depois joga a embalagem do chiclete e a ponta do cigarro na rua, e descarta o saquinho da pipoca no chão da praça.
Eu viro ‘uma franga’ quando pego algum ‘vadio’ jogando o lixo, os seus restos, nas ruas. Outro dia, em Itapuã, saltei do carro, peguei um saco plástico que tinham jogado pela janela do ônibus e dei o maior show enquanto o sinal não abria. O povo deve ter pensado que eu era alguma maluca e eu bradava, o saquinho nas mãos: “Joguem seus lixos nas suas ruas, no seu bairro; aqui em Itapuã, não. Aqui, nós cultivamos a limpeza”, menti, descaradamente.
Mas não vamos falar das aporrinhações com a Natureza; vamos falar das outras coisas boas deste mês de festas: beber o licor, pular da fogueira comendo milho assado com alegria; Vamos pegar o trem do forró no Nordeste ou sair no Transbaião pelas cidades do Recôncavo.
Ah! E vamos rezar muito para os santinhos. Pro casamenteiro Santantoinho, o ‘xêro’ mole dos namorados, arrumar um ‘nêgo’ gostoso após uma piscadela de ‘zóio’ no arrasta-pé; pra São Joãozinho, ajudar pro ‘nêgo’ se apaixonar rápido com a pulação na fogueira; e rezar forte para São Pedroca não olhar pro nosso ‘neguinho’, que ele fique conosco o tempo de realizar o nosso desejo e parta... pra satisfazer outra ‘precisada’. (He-he! As ‘mulé’ hoje me matam!).
Eu só estou esperando meu irmão Paulo chegar de 'Sumpaulo' para irmos curtir a festa na nossa terrinha, Ibicaraí, junto com os irmãos Lula, Ana e Carmen, tomando ‘todas’ – e mais algumas – com os velhos e queridos amigos de infância, contando um bocado de mentira na mesa do bar para animar, ouvindo as novidades, as fofocas da terra – quem viajou, quem ‘deu’, quem casou, quem morreu, enfim, atualizando os assuntos. Tem coisa melhor que a terrinha e os bons amigos da gente, não, fio.
E junho ainda tem uma data especial: é o aniversário da bonitinha aqui, euzinha, que nasci depois da ressaca do São João e a espera do licor de São Pedrinho, o consolador das viúvas lamentadeiras – ô tarefa ingrata, velho! Eu, Gilberto Gil e Cris Porto – só dá gente boa no dia 26, modéstia à parte. O ruim é que a gente dificilmente pode comemorar, porque a galera está toda desarranjada com ‘as águas’ do São João.
Este ano ainda tem um agravante: as minhas duas irmãzinhas – Ana e Carmen – acabaram de chegar da Europa, após um mês perambulando por Espanha, Inglaterra, França, Holanda, Itália e vários outros lugares. Eu estava receosa que esquecessem a nossa língua e só falassem ‘rau do iú du, mai fren’ e ‘coman talê vu’. Até hoje estou olhando fotos e ouvindo aventuras vividas por elas no exterior.
Foram com mais duas amigas, Bau e Elizete, e amaram a viagem. Chegaram cheias de novos conceitos, impressionadas com a educação e o respeito do povo pelo semelhante, o trânsito disciplinado, as estradas impecáveis. O São João vai ser poliglota, europeizado. Só não sei o que vão fazer com os casacões que tiveram que comprar lá – que estava um frio ‘da gota’.
Pra variar, pegamos um engarrafamento de mais de duas horas quando saí de Itapuã para o Rio Vermelho. Aí, as irmãs começaram a reclamar, a comparar. Foi quando sentiram que chegaram à terrinha e que tinham que esquecer o estilo europeu. Amenizei as críticas com o acarajé de Dinha acompanhado da ‘gelosa’. Somente aí entraram no fuso nacional.
Garanti também, sem cruzar os dedos, que o nosso prefeitinho vai resolver estes engarrafamento em breve. Meu prefeitinho, por favor, vire estes olhinhos lindos de jabuticaba para Itapuã. Estamos com as ruas todas esburacadas, trânsito caótico, uma calamidade. Mas continuamos acreditando em você, meu lindinho charmoso. Não se esqueça da gente.
Junho nos presenteou também com a posse do primo João Augusto como desembargador. Fomos lá para abraçá-lo e encontrei com queridos amigos que eu não via há muito tempo. Como o primo Fernando, Gileno e Antonio Hirtz, meu irmãozinho de coração, amigo velho de guerra. Fiz belíssimas farras com Tonho, que agora está em Itororó lidando com uma pousada e comida.
Ele fez o Cozinha da Helô, o restaurante de comidas típicas na sua fazenda, em minha homenagem. Mas já saboreamos muita comida gostosa no restaurante que ele teve aqui na praia do Corsário e depois no Terminal de Portão.
Tonho mandava buscar as coisas gostosas lá no interior – Itororó, Itapetinga, Conquista. Aí, a gente ‘fundava’ na carne do sol de Pacheco, nos doces de leite, nos bodes... Nhammm! Ô saudade das comilanças!
Ele me chamava para cada coisa que preparava. Ligava no maior cinismo: ‘Tô esperando você pra almoçar hoje comigo um bode novinho, que eu trouxe ontem de Vitória da Conquista’. Quem resiste? E a minha elegância, e os quilinhos a mais? Que vão pra cucuia. Eu corria para os braços – ou melhor, para os pratos de Tonho.
Tonho Hirtz, Helo, João Augusto, Aldérica e Carmen felizes na posse do novo desembargador
Meu primo João Augusto estava feliz. Vieram vários amigos lá da região, políticos, parentes, sua mulher Aldérica e os filhos – que são lindos. André, especialmente, ficou um homem bonito e é um gentleman. Foi um festão bonito danado, com um buffet delicioso, todo mundo elegante e perfumado. Minhas irmãs devem ter se sentido na ‘Zoropa’.
Para comemorar a posse do primão, vamos preparar esta carne no forno, feita por minha irmã Carmen, para matar saudade da terrinha. Depois descobri que minha irmã pegou esta receita do Marcus Azevedo com o Mauro Rebelo, no site Bem Comer, (http://culinariareceitas.blogspot.com.br/2013/05/carne-seca-ao-forno.html) blog CULINÁRIA-RECEITAS. Experimenta, meu lindinho, esta delícia não tem nas ‘zoropa’,só tem aqui, neguinho.
Carne Seca ao Forno
1kg de carne seca
5 colher (sopa) de azeite
4 batas de tamanho médio
4 ovos
1 cebola grande
2 pimentões
3 tomates
Modo de preparar
- Cozinhar a carne seca, na panela de pressão, em fogo baixo, por cinqüenta minutos, contados depois que começar a ferver. Depois de fria, cortar em pedaços e reservar; - - Cozinhar as batatas, cortadas em rodelas não muito finas, mas não deixar amolecer muito porque ela vai ao forno. Reservar.
- Cozinhe os ovos, e cortá-los também em rodelas. Cortar a cebola em rodelas; tirar as sementes dos pimentões, cortando-os em tirinhas. Finalmente cortar os tomates em quadradinhos.
- Untar uma forma refratária com uma colher de azeite. Colocar a carne seca e a batata. Levar ao forno e assar, por 25 minutos, virando de vez em quando.
- Retirar o refratário do forno; por cima da carne colocar o ovo, a cebola, o tomate, o pimentão e regar com o resto do azeite.
- Voltar com o prato ao forno por mais quinze minutos. Não esquecer de verificar o sal, (a carne seca já é bem salgada). Servir com arroz branco.
E aguardar os elogios. Bom apetite!