Gastronomia

Cachorros-quentes também podem ser feitos de carne moída ou de linguiça

Saiba como é preparado o sanduíche nas diferentes regiões do Brasil

Foto: Divulgação
Em São Paulo, vale tudo dentro do pão com salsicha. O cachorro-quente Astro, da Lanchonete da Cidade, leva queijo e cebola empanada

É a sua primeira visita ao Nordeste. Você está morrendo de vontade de comer um cachorro-quente, e corre para a lanchonete mais próxima sonhando com o clássico sanduíche de salsicha. Só que o garçom traz um pãozinho com carne moída e parece espantado com a sua cara de interrogação. É que, no Brasil, a receita de cachorro-quente muda de acordo com a região onde é preparada.

“Em João Pessoa (na Paraíba), o cachorro-quente é feito com coxão mole moído e cozido lentamente com cebola roxa, coentro, pimentão, alho e manteiga de garrafa”, diz o paraibano Carlos Ribeiro, chef do Na Cozinha, em São Paulo.

Segundo ele, tem gente que ainda incrementa o sanduíche com salsicha e ovo cozido picadinhos, além de nacos de queijo coalho. “Mas o mais comum mesmo é servir o pão só com a carne moída refogada, bem molhadinha.” Em quase todo o Nordeste é assim. Em Maceió, Alagoas, por exemplo, o mesmo sanduíche prensado é conhecido também como passaporte.

Em Belém do Pará, região Norte do País, é preciso usar o termo certo para designar o que você quer comer. Ali, cachorro-quente é uma coisa e hot dog, outra. “Cachorro-quente é um pão de leite recheado com carne moída, maionese e batata palha. E hot dog leva salsicha, ervilha, batata palha, milho verde e maionese”, diz Thiago Castanho, chef do Remanso do Bosque.

Isso sem falar nos temperos adicionais, como maionese de tucupi e aviú, um camarãozinho minúsculo e típico de lá. No centro-oeste, a surpresinha fica por conta dos molhos, óleos e pimentas aromatizados com pequi, ingrediente peculiar da região.

O hot dog paraense (que não é o cachorro-quente!) se parece bastante com o sanduíche servido em São Paulo. As receitas mais básicas da terra da garoa levam purê de batata, batata palha, milho, vinagrete, maionese, catchup e mostarda.

Ali pertinho, no Rio de Janeiro, é comum servir a salsicha coberta com um molho caprichado de tomate, cebola e pimentão, principalmente em festinhas infantis. Nas barracas de rua, porém, os ingredientes extras não são descartados e a receita fica praticamente igual à paulista.

O Rio Grande do Sul também tem receita própria. Na capital gaúcha, a maioria dos quiosques e lanchonetes serve cachorros-quentes com linguiça. Se você quiser o seu com salsicha, precisa pedir um “hot dog de salsicha”. O modelo é herança dos colonizadores alemães, que recheiam seus sanduíches com embutidos variados.

Moral da história: se você for viajar e quiser comer um sanduíche de pão com salsicha, é melhor explicar direito. O Brasil é grande, e cada região tem seu jeitinho de comer cachorro-quente -- mesmo que ele nem se chame assim.