Programação dos circuitos do carnaval em Salvador
Alberto Oliveira

Quando o ministro quase saiu fantasiado no carnaval da Bahia

Alberto Oliveira

O ministro da Justiça era Paulo Brossard, gaúcho dos pampas, de terno de linho e chapéu panamá.

O diretor de Redação de A Tarde era uma lenda do jornalismo baiano: Jorge Calmon Moniz du Pin e Bittencourt.

O auxiliar de serviços gerais, em A Tarde, era Damião.

E, em Porto Seguro, os índios Pataxó encontravam-se em pé de guerra.

Estava montado o cenário para uma das histórias mais hilárias de A Tarde.

Paulo Brossard liga para Dr. Jorge Calmon - como o chamavamos. Quem atende? Damião.

Segue-se o diálogo:

-- Aqui é o ministro Brossard.

-- Aqui é Damião.

-- Dr. Jorge Calmon encontra-se?

-- Ainda não chegou, ligue mais tarde.

-- Não é preciso, apenas informe que liguei e que estou muito preocupado com a situação dos índios Pataxó.

Chega Dr. Jorge Calmon, e dá-se o surrealismo.

-- Dr. Jorge, um ministro aí ligou para o senhor.

-- Ah, sim? E o que ele queria?

-- Ele disse que este ano sai nos Apaches do Tororó.

Brossard não veio. Ainda bem.

***

Outra de Damião
Antonio Pinheiro Cal, editor de Internacional em A Tarde, faz o pedido:

-- Damião, vá ao Arquivo e traga-me uma foto do Azerbaijão.

Ele foi. E voltou com uma foto de Elieser Varjão, o chefe de Reportagem.

*** 

E uma última, sobre Varjão
Exigente, Elieser Varjão era o terror dos repórteres de Cidade, em A Tarde. 

Fez aniversário. A Redação preparou uma homenagem. Houve discursos. 

Um repórter novato pediu a palavra.

-- Quando cheguei, disseram-me que Varjão era um terror. Ao contrário. É quase uma mocinha.

Na primeira fila, Varjão abriu os braços, desconsolado.