O ministro da Justiça era Paulo Brossard, gaúcho dos pampas, de terno de linho e chapéu panamá.
O diretor de Redação de A Tarde era uma lenda do jornalismo baiano: Jorge Calmon Moniz du Pin e Bittencourt.
O auxiliar de serviços gerais, em A Tarde, era Damião.
E, em Porto Seguro, os índios Pataxó encontravam-se em pé de guerra.
Estava montado o cenário para uma das histórias mais hilárias de A Tarde.
Paulo Brossard liga para Dr. Jorge Calmon - como o chamavamos. Quem atende? Damião.
Segue-se o diálogo:
-- Aqui é o ministro Brossard.
-- Aqui é Damião.
-- Dr. Jorge Calmon encontra-se?
-- Ainda não chegou, ligue mais tarde.
-- Não é preciso, apenas informe que liguei e que estou muito preocupado com a situação dos índios Pataxó.
Chega Dr. Jorge Calmon, e dá-se o surrealismo.
-- Dr. Jorge, um ministro aí ligou para o senhor.
-- Ah, sim? E o que ele queria?
-- Ele disse que este ano sai nos Apaches do Tororó.
Brossard não veio. Ainda bem.
***
Outra de Damião
Antonio Pinheiro Cal, editor de Internacional em A Tarde, faz o pedido:
-- Damião, vá ao Arquivo e traga-me uma foto do Azerbaijão.
Ele foi. E voltou com uma foto de Elieser Varjão, o chefe de Reportagem.
***
E uma última, sobre Varjão
Exigente, Elieser Varjão era o terror dos repórteres de Cidade, em A Tarde.
Fez aniversário. A Redação preparou uma homenagem. Houve discursos.
Um repórter novato pediu a palavra.
-- Quando cheguei, disseram-me que Varjão era um terror. Ao contrário. É quase uma mocinha.
Na primeira fila, Varjão abriu os braços, desconsolado.