Mesmo após a obra de restauração, realizada no ano passado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), as três esculturas em bronze Meninas do Brasil, da artista plástica Eliana Kertész, continuam sendo vítimas de depredação.
Quem passa pelo local, percebe que as peças, também conhecidas como “as gordinhas de Ondina”, estão marcadas com restos de adesivos e riscos que comprometem sua estrutura.
As esculturas, que têm três metros de altura cada, compõem um monumento em homenagem às três raças que originaram o Brasil: a negra, a branca e a índia, como pode ser verificado na placa de bronze instalada no local.
São as meninas
-- Damiana, que representa a África
-- Mariana, a Europa
-- Catarina, simbolizando a raça indígena
Numa atitude lúdica, pontuando a história, a artista coloca as suas esculturas, cada uma, olhando para a sua origem.
A obra foi um presente para Salvador em 2004, doado pela escultora baiana Eliana Kertész, e passou por revitalização em 2011, quando as esculturas receberam tratamento técnico da equipe da Desal, sob orientação do artista plástico Rámon Marcial, especialista em metais.
O serviço foi feito com recursos próprios da Prefeitura do Salvador, num trabalho de quase quatro meses.
Mas a ação dos vândalos já começou a comprometer o trabalho, assim como ocorre em outros pontos da cidade. Estima-se que a Prefeitura tem um gasto médio mensal de R$ 100 mil só com a depredação e o vandalismo de praças e obras. Os recursos são aplicados em pinturas, substituição de bancos em praças e outros reparos.
Ao passar pelo local, na manhã dessa segunda-feira (10/12), a dona de casa Josefa da Paz e sua filha Júlia, de 7 anos, pararam para admirar a obra de arte. “Elas são muito bonitas. Eu gostei mais dos pés que são bem gordinhos”, diz Júlia.
Ambas notaram as marcas de depredação nas peças. “As pessoas não respeitam o patrimônio público, destroem tudo”, afirma a dona de casa. O sorveteiro Luís Ramos diz que encontra o mesmo problema em toda a cidade. “Em vez de cuidar, as pessoas destroem”, disse, desanimado.