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Restaurantes voltam a apostar em lagostas

Consumo do prato diminui no período de proibição da pesca determinado pelo Ibama

Três meses após o fim do período de defeso da lagosta em todo o litoral brasileiro, os restaurantes especializados em frutos do mar em Salvador acreditam na melhora das vendas do crustáceo, depois da queda que ocorre no consumo do prato, no período de proibição da pesca e comercialização do animal fresco, que vai de 1º de dezembro a 31 de maio, época da reprodução. A restrição é realizada pelo Ibama através de um ato normativo que visa a sobrevivência e proteção do animal, que corre risco de extinção. 
 
O litoral brasileiro abriga 5 tipos de lagosta, sendo a lagosta vermelha e a lagosta cabo-verde as mais consumidas e as que requerem maior cuidado e fiscalização no período de reprodução. 
 
Depois do período de reprodução do fruto do mar, considerado um dos pratos mais requintados do cardápio, o fornecimento cai devido à pesca predatória.  
 
O Ibama aconselha que apenas os animais com 13 cm de cauda - no caso da lagosta vermelha - sejam consumidos. O órgão acredita que se a população não consumir o produto proveniente da caça predatória, o número de animais capturados neste período deve diminuir. 
 
Em Salvador alguns restaurantes já se acostumaram com a rejeição do prato no início do ano, mas ainda assim estocam o produto, geralmente no mês de dezembro, para fornecimento aos amantes da lagosta no período de pós-defeso, quando o abastecimento geralmente cai. 
 
A gerente do Restaurante Yemanjá, um dos mais tradicionais da cidade no quesito frutos do mar, informou que, embora não seja o prato mais pedido da casa, a lagosta é um dos itens do cardápio que não pode faltar no estoque. 
 
“O carro-chefe de vendas do restaurante ainda é a moqueca de camarão, mas tomamos todas as precauções para poder servir a lagosta no período de defeso, estocando o produto com antecedência com a permissão e fiscalização do Ibama”, afirmou Luciene Guirra, que além de gerente do estabelecimento também é responsável pela compra de frutos do mar.
 
A moqueca de lagosta, prato que acompanha arroz, pirão e farofa no Yemanjá (serve duas pessoas) custa R$182 e é muito pedido por turistas, segundo informou Luciene. 
 
De acordo com a gerente, a queda nas vendas do prato nos primeiros meses do ano acontece porque os próprios consumidores sabem da época de reprodução do animal e evitam pedir o item. Ainda segundo ela, o mercado do alimento volta a se recuperar aos poucos a partir do mês de junho, mas ainda continua em baixa. 
 
“A partir dos meses de agosto, setembro, ao invés de nós procurarmos os fornecedores eles é quem vem atrás de nós para oferecer os produtos”, completou.
 
Já o Ki-Mukeka, restaurante especializado em cardápios do mar, não trabalha com o estoque de produtos. O gerente da casa, Aguinaldo Santos Souza, informou que o estabelecimento não encontra dificuldades em encontrar fornecedores de lagosta no período pós-defeso. 
 
“As compras dos produtos utilizados no nosso cardápio são realizadas duas vezes por semana porque só trabalhamos com produtos frescos”, afirmou o gerente. 
 
Por este motivo o restaurante não oferece pratos de lagosta na época de reprodução do animal. O Ki-Mukeka apresenta no cardápio a opção da moqueca de lagosta para duas pessoas no valor de R$ 113,90, que só é servida durante os meses de junho a dezembro.