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Baianos se despedem do compositor Vevé Calazans

 A despedida do compositor Vevé Calazans,  falecido no sábado e enterrado ontem pela manhã, no Campo Santo, foi ao som de dois de seus maiores sucessos cantados por parentes, amigos, artistas e fãs, sendo puxado pelo cantor e compositor Gêronimo, parceiro das músicas “É D´Oxum” e “Agradecer e Abraçar”, ao som do violão do músico Tony Duarte.


Everaldo Calazans Filho, o Vevé Calazans, morreu aos 64 anos, vítima de câncer, deixando várias músicas famosas como “Nega”  e “Ilha Grande”, esta última em parceria com Carlinhos Brown, que estava presente no adeus ao parceiro musical. Vevé foi também autor de jingles para campanhas políticas como o famoso “ACM meu amor”, da campanha estadual de 1990.  
 
O compositor falecido lutava para que a mídia reconhecesse mais os valores culturais da Bahia, pois achava que muitos talentos baianos eram poucos reconhecidos no país e  que os artistas não precisariam ter que migrar para o Sul do País para o tão sonhado reconhecimento, de acordo com afirmação de seu grande amigo, o compositor Edil Pacheco, que emocionado se referiu ao apelido carinhoso de Vevé: Piteco.
 
“Estou sentindo uma emoção enorme, a Bahia sabe, o Brasil talvez não saiba que perdemos um dos compositores mais criativos da Bahia e do País.  Começamos juntos a produzir samba na Bahia, inclusive em uma apresentação no Teatro Vila Velha, nos anos 70, em que gravamos cantando e ele tocando contrabaixo.Tínhamos uma amizade muito fértil, ele era uma pessoa maravilhosa”, afirmou Pacheco.
 
Grandes figuras da Música Popular Brasileira gravaram músicas de Vevé Calazans a exemplo de Beth Carvalho, Nana Caymmi, Maria Bethânia, Maria Creuza e  outros, mas a maioria das pessoas não sabe  quem era o compositor destas músicas. “Esta era uma das lutas dele”, revelou emocionado o empresário Clarindo Silva, dono da Cantina da Lua, restaurante e espaço cultural, point de artistas e intelectuais, local sempre frequentado por Calazans.
 
Silva afirmou que no último encontro que teve com o amigo de longa data,  ele teria se queixado desta falta de identificação do compositor da música. “Ele me disse que nem sempre a pessoa identifica o autor da música, mas o intérprete é sempre reconhecido”, desabafou.
 
No enterro do compositor compareceram intelectuais, jornalistas, políticos e vários artistas para prestar homenagem ao músico. Com muita emoção Gerônimo  disse que Vevé foi responsável por sua carreira. “Uma amizade muito grande. Aprendi muito com ele”.
 
E o responsável por esta amizade entre os dois músicos Vevé Calazans e Gerônimo foi o cantor e compositor Waltinho Queirós, que conta “ Eu que apresentei os dois. Eu perco um amigo, além de perder um grande parceiro de músicas gravadas por  Maria Creusa  e Margareth Menezes, a Bahia perde um grande compositor”.
 
Armandinho Macedo, emocionado, declarou que “é sempre uma surpresa, fico emocionado em ver que é a condição natural de quem está vivo. Cada amigo que vai é como um pedaço da gente que vai. Por mais certa  que seja a morte, é sempre uma surpresa inesperada”, lastimou.