A Seibel é uma uva pouco conhecida, apesar de haver sido amplamente usada na criação de vinhos no Brasil, mas, que devido à expressão cada vez maior da produção japonesa, país onde encontrou um terroir que lhe é propício, está cada vez mais presente nos diálogos acerca do cenário do vinho no mundo. De fato, países ou regiões de clima frio são o leito perfeito para acolher a variedade.
Seibel é, na verdade, um termo genérico que designa as diversas uvas Seibel, casta híbrida criada na França, no fim do século XIX, por Albert Seibel, um ativo médico e vitivinicultor, a partir de castas europeias e nativas da América do Norte.
A sua ideia era criar variedades resistentes à Filoxera, praga que a partir de 1860 praticamente dizimou os vinhedos europeus, garantindo, assim, a produção de algum vinho nas áreas afetadas. Para tanto, mais de 15 mil híbridos foram criados, e perto de 500 novas variedades foram estabelecidas.
Assim sendo, a Seibel 2, Seibel 29, Seibel 30, Seibel 99, Seibel 788, Seibel 793, Seibel 867, Seibel 880, Seibel 1000, Seibel 1020, Seibel 2007, Seibel 2510, Seibel 2524, Seibel 2653, Seibel 2859, Seibel 4461, Seibel 4643, Seibel 4646, Seibel 4986, Seibel 5163, Seibel 5279, Seibel 5455, Seibel 5487, Seibel 5575, Seibel 5656, Seibel 5898, Seibel 6906, Seibel 7053, Seibel 8357, Seibel 8665, Seibel 8745, Seibel 9110, Seibel 9549, Seibel 10173, Seibel 10878, Seibel 11803, Seibel 13053, Seibel 14514, Seibel 14596, são algumas das castas conhecidas globalmente como Seibel. Apesar de algumas terem nome próprio, como a 5575, também chamada de Rubis, ou a 9110, Verdelet, é a denominação Seibel que usualmente é mais utilizada, mesmo nas variedades mais famosas, como a Aurore, Seibel 5279, Chancellor, 7053, Chelois, 10878, e De Chaunac, 9549.
Apesar de ser cada vez mais rara em seu país de origem, devido às severas leis francesas que proíbem a produção de vinhos AOC a partir de espécies híbridas, sendo utilizada apenas para criação de vinhos de mesa, ficando assim relegada ao papel de coadjuvante, esta casta encontrou refúgio em países como Japão, Nova Zelândia, Inglaterra e Canadá. Ali é responsável pela criação de vinhos comerciais, o que explica o grau de importância que vem adquirindo nestes países.
Devido ao alto grau de tecnologia hoje existente na grande maioria das vinícolas, os vinhos criados a partir da Seibel, apesar de serem simples, despretensiosos, são normalmente saborosos e relativamente equilibrados. Como são gerados grandes volumes destes vinhos, o que implica baixo preço do produto final, boa parte da população que inicia o consumo da bebida o faz através de produtos à base de alguma das variedades Seibel, sendo, então, esta a porta da entrada de muitos no mundo do vinho.