Estive recentemente em Barra Grande e Taipu de Fora, na Costa do Dendê. Lugares bonitos. Um paraíso, bom para fugir do estresse da cidade grande por pelo menos uns quatro dias. Pisei na terra, andei na areia e peguei uma virose danada, por causa da poeira e do vírus que os turistas de outras paragens, notadamente os italianos e argentinos exportam.
Eles são hoje os felizes proprietários das pousadas e restaurantes da região. Somente os paulistas empatam em número de estabelecimentos.
Os argentinos, basicamente, vendem artesanatos e outras cositas que nem é bom falar. Juro que não fumei, não cheirei nem meti na veia. Fiquei na base das roscas com frutas tropicais e vinhos chilenos. Nem mulher peguei. Peguei esta gripe filha da mãe.
Quando saí de Salvador para o paraíso de Barra Grande já fui sabendo que não se pode raciocinar em termos de reais. Tem de pensar em Euro.
Pensar grande e pagar o preço. Todo mundo sabe que o turismo na Bahia é hoje o mais caro do país. Daí que tem de estar realmente preparado – mesmo pensando como classe média – em pagar R$ 80 por um vermelho frito com salada e farofa. Lembro que em Madri paguei por uma paella 15 euros e comemos eu e mais duas amigas até estufar.
Em Nova Iorque, na sétima com a 36ª um restaurante de ponta me cobrou US$ 12 por um filé com fritas, repolho e uma taça de vinho branco.
Mas estes são países do terceiro mundo em se tratando de turismo. A Bahia está mil anos na frente, tem mais a oferecer e tem de cobrar caro mesmo.
Acredito, entretanto, que a culpa é de Duda Mendonça. Por onde Duda passa deixa o rastro. Veja que agora mesmo se meteu em dividir o Pará onde tem fazenda e se lascou, mas deixou o povo dividido.
Eu fui fazer uma brincadeira lá pelas bandas de Taipu de Fora e quase me dei mal. A área que o publicitário tem por lá de assombrar. Seria como ter dois quarteirões à beira-mar. Parece um resort. Fiquei bestificado olhando os lindos cavalos que andavam soltos. A piscina exuberante.
A casa principal imensa, o coqueiral a perder de vista e o indefectível helicóptero vermelho que todo milionário gosta de ter, lá, parado no heliporto, ao bel prazer do feliz proprietário.
Eu fui fazer uma brincadeira lá pelas bandas de Taipu de Fora e quase me dei mal. A área que o publicitário tem por lá de assombrar. Seria como ter dois quarteirões à beira-mar. Parece um resort. Fiquei bestificado olhando os lindos cavalos que andavam soltos. A piscina exuberante.
A casa principal imensa, o coqueiral a perder de vista e o indefectível helicóptero vermelho que todo milionário gosta de ter, lá, parado no heliporto, ao bel prazer do feliz proprietário.
Fui dizer ao dono de uma barraca de praia que era uma pena, mas que o mensalão estava para ser julgado e Duda não mais poderia curtir aquele paraíso. Foi como dizer para o evangélico que o bispo Edir Macedo na verdade é o satanás encarnado. O homem me olhou de cima abaixo e perguntou:
- Você viu ele meter o revólver na cabeça de alguém?
- Você viu ele ameaçar alguém?
- Ele invadiu a casa de alguém?
Eu quase gaguejando disse que não, que estava falando apenas o que estava escrito nos jornais, nas revistas e no processo do mensalão e ele refutou de vez:
- Se deram mole e ele levou, fez bem, pois o mundo é dos espertos.
Para arrefecer os ânimos pedi uma mesa com sombreiro e ele me disse que era R$ 200 a diária. Pedi uma rosca e o senhor fez questão de me mostrar que custava R$ 30. Uma cerveja era R$ 6 e um tira-gosto de escondidinho R$ 50. Eu comentei que era tudo caro e ele procurando me humilhar - e eu já humilhado – me jogou na cara.
- Podem falar o que quiserem de Duda Mendonça e dos outros marqueteiros que sempre o acompanharam. Nenhum nunca se queixou dos preços. E se conta der R$ 1 mil eles ainda deixam 20 por cento de serviço. E Duda ainda dá presente aos meninos no Natal. É um santo homem.
Nisso o helicóptero decola levando sorridentes convidados brasilianos mar adentro e eu perguntei a um dos seguranças fardados que toma conta do paraíso do publicitário:
- Quem vai ali?
- É um senador e a família- respondeu.
- E o helicóptero volta?
- Volta para pegar o deputado e a família?
- Posso pegar uma carona?
- Hahahahahaha! Riu na minha cara.
Pedi a conta ao barraqueiro, pedi desconto, ele me deu 10 por cento e humilhou de vez:
- Veja se Duda já pediu desconto? Eu não sabia que jornalista era tão miserável.
Eu disse que nem todos. Mas, enquanto Duda estiver na Costa do Dendê não voltarei. É muita humilhação.