O tráfico não perdoa quem quer sair do mundo do crime. No final da manhã de ontem, Joel Bacelar Santos, 20 anos, sofreu uma tentativa de assassinato por não acatar a ordem do traficante Anderson Souza de Jesus, o ‘Buel’ que o mandou trabalhar no tráfico da localidade do Buracão em Tancredo Neves. Baleada na orelha direita, a vítima foi levada para o Hospital Roberto Santos, onde recebeu atendimentos médicos e em seguida foi liberada. O caso está registrado na 11ª delegacia.
Joel, que já esteve preso por porte ilegal de armas e tráfico de drogas, era integrante da quadrilha de Buel. Cansado do mundo do crime, após sair da prisão, em dezembro do ano passado, ele abandonou o tráfico e decidiu tentar viver dentro da lei, sem medo das viaturas policiais ou das gangues rivais. Isto, teria revoltado o líder do tráfico do Buracão.
Por volta das 11h horas de ontem, Joel saiu da sua casa situada na Rua São Jerônimo e seguiu em direção a residência do cunhado. Os integrantes da quadrilha de Buel o seguiram aguardando o momento para atacar. Ao perceber que estava sendo seguido à distância, Joel virou-se e foi surpreendido por tiros, disparados pelos traficantes Monena e Ximbica. Numa tentativa de escapar da morte, a vítima correu e escondeu-se na laje de uma residência. Os acusados fugiram.
De acordo com o delegado titular da 11ª CP, Adailton Adan, além dos responsáveis pelos disparos, os demais parceiros de Buel já foram identificados. “Monena e Ximbica foram os que atiraram, mas Guto, Osmar e José, também estiveram presentes a mando de Buel. Todos terão a prisão solicitada”, garantiu o delegado. Morador da localidade, Joel revelou que teme pela vida e garantiu que pedirá proteção às autoridades. “Infelizmente o tráfico não perdoa. Ele negou-se a voltar para o crime e foi baleado. A lei é triste, quem entra só sai morto”, resumiu Adan.
Para a cientista social, Ayeska Paula de Freitas, para serem reintegradas à sociedade as pessoas que cumprem ou cumpriram suas penas necessitam da proteção do Estado. “É preciso que o Estado dê maior atenção para as vítimas do tráfico. Deveria haver um sistema de preservação à vida, para que após episódios como estes, o ex-criminoso fosse levado para outro lugar, até mesmo outra cidade e ficasse sob a custódia do Estado”. Na opinião de Ayeska, se nada for feito de imediato, as pessoas que tentarem voltar ao convívio social estarão expostas ao risco de morte, se transformando em novas vítimas.
Segundo o delegado Adan, a região é de alta periculosidade e os traficantes não temem a presença policial. “No final do ano passado fizemos uma operação integrada com a PM e fomos recebidos a tiros. Foi uma cena de guerra”.(DP)