Água mineral sob suspeita
Se você não consome água filtrada em casa e semanalmente renova o seu estoque com garrafões adquiridos em pontos abastecidos por distribuidores não identificados, fique atento para algumas marcas que foram proibidas de comercialização no território nacional, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Elas não têm o devido registro do órgão (Anvisa) e podem comprometer a saúde dos consumidores.
?Como nós não temos indústria, apenas somos responsáveis pela fiscalização da distribuição e comércio da água mineral, apesar de sermos também responsáveis pela produção?, observa Augusto Bastos, coordenador da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde. Ele confirma que o órgão já recebeu denúncias de ?achados estranhos? em garrafões de água e de locais de comercialização com condições de higiene e armazenagem inadequadas. ?Nestes casos o estabelecimento é notificado e, conforme o grau de irregularidade, se, por exemplo, houver risco à saúde pública, é interditado?, declarou.
Augusto Bastos recomenda o consumidor acionar imediatamente a Ouvidoria da SMS, através do fone 3186.1100, caso constate alguma irregularidade na armazenagem ou distribuição da água mineral. ?Imediatamente a gente manda uma equipe verificar?, garantiu. ?No prédio que eu moro a água é bem tratada, por isso uso filtro que é mais prático e sei a origem da água. Desconfio muito dessas águas chamadas minerais?, comentou a professora Ana Carolina dos Anjos, 55, residente em Brotas.
O controle, na fonte, da produção da água mineral consumida pelos baianos é da responsabilidade do Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão federal. ? Sempre que o DNPM tem conhecimento, mediante denúncia formalizada, do envase e comercialização de água mineral não legalizada, ou com rótulo não aprovado pelo órgão, é realizada uma vistoria no local por técnicos do DNPM em conjunto com técnicos da DIFIS -Divisão de Fiscalização da Sede - e, em alguns casos, com a polícia municipal, com a emissão de Auto de Paralisação. Posteriormente são encaminhadas cópias dos referidos autos para a Anvisa, Ministério Público Estadual e, em alguns casos, para a Polícia Federal e Ministério Público Federal?, explicou o geólogo Teobaldo Rodrigues de Oliveira, chefe do 7º Distrito do DNPM-Bahia.
Conforme Teobaldo, a água mineral consumida em Salvador é engarrafada de fontes localizadas na Bahia e em outros estados. ?Na Região Metropolitana de Salvador temos legalizadas junto ao DNMP e em funcionamento sete concessões de lavra, título que permite a exploração. Temos ainda duas concessões em Alagoinhas e uma em Alcobaça. O DNPM realiza vistorias nas unidades industriais sempre que possível, ou duas vezes por ano?, declarou.
Para que sejam confiáveis, todas as marcas de água mineral comercializadas devem ter rótulo aprovado pelo DNPM com informações sobre: Registro da Anvisa, Concessionária ? CNPJ -, concessão de lavra e o processo DNMP ? Município/UF ? classificação da água, nome da fonte, marca de fantasia, número do boletim do Lamin ? características físico-químicas e composição química da água. Dez marcas são engarrafadas na Bahia. Na RMS: Indaiá, Maiorca, Dias D?Ávila, Milfontes, Fresca, Fonte D?Vida e Itagy. Outros municípios: Schincariol e Vitalle.
O geólogo afirma que não houve registro de irregularidades nas fontes e recomenda ao consumidor sempre ler os rótulos, verificar se consta os dados citados à cima e, sempre que possível, solicitar dos distribuidores análise bacteriológicas que atendam a RDC 275/2005 da Anvisa, que por lei devem ser realizadas de três em três meses em laboratórios que não sejam localizados na empresa.
Carlos Cunha, 43, que há um ano e meio passou a estocar entre 50 e 100 garrafões de água num depósito situado na Baixa dos Sapateiros, de onde é distribuído na área e adjacências, comercializa a unidade por R$ 3,50 e R$ 4,00, ?conforme a negociação com o interessado?, diz. Ele vende cerca de 30 garrafões/dia das marcas Milfontes e Fresca que ?acha? vir de Dias D?Ávila. Mesmo sem conhecer a real procedência do produto, diz não ter ?queixa de nenhum cliente da água, que às vezes vem da fábrica ou a gente pega no caminhão que passa aí?. O verão continua sendo a estação de maior consumo.