Ilustração: Sora IA
As portas rangem, as janelas batem sozinhas e as lâmpadas ficam acendendo e apagando. É sinal de assombração.
Em Ipiaú (BA), Tio Rubens reunia todo mundo na sala de jantar, à noite, pra contar casos de assombração. Ele apagava a luz do corredor, só deixava a da sala, para criar mais o clima.
Uma das histórias era a de um homem que vinha à noite dirigindo por uma estrada quando viu um corpo no acostamento. Parou o carro, foi lá e era um homem morto. Chamou logo sua atenção um belo anel de brilhante no dedo. Ele tentou tirar o anel, não conseguiu e aí puxou o canivete, cortou o dedo do defunto e foi embora.
Dois anos depois ele passa pela mesma estrada, à noite, e vê um homem todo de preto pedindo uma carona. Para o carro, o cara entra e começam a conversar. Quando chegam na cidadezinha onde o carona vai saltar, o motorista se despede dele e, ao apertar sua mão, vê que lhe falta um dedo e pergunta:
"Por que você não tem um dedo?"
"Ah, moço. Uma vez, eu estava morto numa estrada passou um sujeito, tentou arrancar meu anel, não conseguiu, e aí cortou meu dedo".
"Que absurdo! E você sabe quem foi?"
"FOI VOCÊ!!!" (gritava Tio Rubens e todo mundo estremecia).
No final, quem tinha coragem de ir pro quarto dormir? Deitado na cama, ouvia barulhos esquisitos, passou um vulto no corredor e via as telhas se mexerem.
Quem não ouviu histórias do lobisomem? Segundo a lenda, o lobisomem é um homem que se transforma numa criatura semelhante a um lobo e que aparece nas noites de lua cheia a partir de meia-noite. Sua aparição vem acompanhada de cheiro de carne podre e de enxofre. Na Roma antiga já havia lendas sobre o lobisomem, segundo historiadores.
Um contraponto. A peça "Pluft, o fantasminha", escrita por Maria Clara Machado em 1975, é sucesso até hoje. Pluft é um fantasminha diferente, que tem medo das pessoas. Sua vida dá uma reviravolta com a chegada de Maribel, uma menina sequestrada pelo pirata Perna de Pau, e os dois fazem uma grande amizade na luta contra o vilão.
Segundo Rosane Svartman, "Pluft é uma história bem atual, fala do medo do que é diferente e de como o afeto pode vencer o medo. Pluft tem medo de tudo que não conhece e ele conhece muito pouco do mundo. Daí vem o grande medo de gente, algo que nunca viu".