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73 reféns de terroristas do Hamas ainda podem estar vivos em Gaza

As negociações para a libertação enfrentam obstáculos

Atualmente, 109 reféns seguem sequestrados na Faixa de Gaza, incluindo dez estrangeiros. Israel confirmou a morte de 36 deles; ou seja, haveria ainda 73 vivos, embora estimativas indiquem que o número real seja inferior.

As negociações para a libertação enfrentam obstáculos, com desacordos entre Israel e o Hamas sobre questões estratégicas. Nesta terça-feira, o exército anunciou a recuperação de seis corpos de reféns, todos sequestrados vivos, o que gerou críticas por parte das famílias. Elas acreditam que o governo poderia e deveria ter agido antes.

O primeiro-ministro Netanyahu busca maximizar o número de reféns libertados na primeira fase do acordo, mas divergências prolongam as negociações, e há temor de que o Hamas estenda o processo indefinidamente.

Internamente, o governo enfrenta pressão política a partir de ameaças de alguns de seus membros mais extremistas de abandonar a coalizão caso um acordo seja fechado, o que pode levar à instabilidade.

Esforços de mediação de países como os Estados Unidos e Egito ainda não tiveram sucesso, e as famílias dos reféns continuam a exercer pressão para que o governo encontre uma resolução rápida que seja capaz de permitir o retorno daqueles que ainda estão vivos.

“O resgate dos corpos fornece às famílias o encerramento necessário e concede descanso eterno aos assassinados. Israel tem a obrigação moral e ética de trazer de volta todos os assassinados para um enterro digno, e todos os reféns vivos para reabilitação. O retorno imediato dos 109 reféns restantes só pode ser alcançado por meio de um acordo negociado. O governo israelense, com a assistência de mediadores, deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para finalizar o acordo atualmente em discussão”, escreveu em comunicado o Fórum das Famílias dos Reféns.

Acordo impossível

Depois da notícia de que mais seis corpos de reféns foram resgatados pelo exército em Gaza, Einav Zangauker, mãe do refém Matan, de 26 anos, revelou que o chefe do Mossad disse a ela que com a atual coalizão de governo no poder em Israel não haveria qualquer possibilidade de um acordo ser alcançado.

“Cara Einav, infelizmente, com a formação política deste momento, um acordo para libertar os reféns é impossível”, teria dito David Barnea, chefe do Mossad. A revelação da mãe do refém israelense foi feita diante da Comissão de Investigação Civil, uma comissão não oficial de inquérito sobre o fracasso antes, durante e depois dos ataques do Hamas em 7 de Outubro.

O Gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu publicou um comunicado negando que este diálogo tenha ocorrido.

“As palavras atribuídas ao chefe do Mossad não foram ditas de forma alguma. Em seu encontro com Einav Zangauker o chefe do Mossad não se referiu a nenhuma formação política no contexto das negociações. David Barnea continua a trabalhar para alcançar um acordo de libertação de todos os reféns em breve”, diz a declaração.

Mas as polêmicas não terminaram neste ponto. Em outro depoimento, mais uma acusação contra o governo. Neste caso, a partir das declarações de Ofer Rosenbaum, publicitário e empreendedor na área de Comunicação. Rosenbaum também ocupa o cargo de presidente da Comissão de Investigação Civil.

Segundo ele, uma pessoa próxima ao governo teria lhe telefonado com o pedido para que trabalhasse para desmembrar o Fórum das Famílias dos Reféns, a entidade criada para organizar as demandas, comunicação e protestos daqueles cujos familiares seguem sequestrados na Faixa de Gaza.

“Disseram-me que isso era para ‘dar paz’ ao governo para que chegasse a um acordo. Sabemos que este não é o caso. O que realmente aconteceu é que eu disse ‘não’. Desliguei o telefone e liguei para informar a uma pessoa do Fórum das Famílias dos Reféns de que essa história iria acontecer, e realmente vimos que eles estavam tentando silenciá-los”, disse Ofer.