É sem dúvida uma das histórias mais engraçadas que já presenciei e que me lembro ainda com boa memória. O fato ocorreu por volta de 1990 e dois amigos são os personagens centrais do caso: o saudoso Artur Couto e o nosso colega Jorge Costa, hoje aposentado. Vamos ao episódio.
Artur era um sujeito que tinha uma admiração muito grande pela turma do Exército. Alem de ter sido aluno e oficial do antigo CPOR, tinha um gosto especial por armas. Daí o seu hábito em praticar a caça.
Era excelente atirador, mas um belo dia tomou um “capote duplo”, ele e Trevisan. Ambos perderam os tiros e o escriba aqui foi quem derrubou a perdiz. Quem sabe caçar entende bem do que estou falando.
Deixou uma bela coleção de revólveres, espingardas, fuzis, pistolas, metralhadoras e até um canhão que arrematou em um leilão para colecionadores. Tudo registrado e regularizado na Região Militar aqui em Salvador.
Além das armas e de bom caçador, frequentava regularmente todos os eventos militares. Foi agraciado meritoriamente com diversas condecorações das três Armas. Era muito querido e estimado pelos militares, sem falar no pessoal da briosa PM.
A sua fazenda em Aramari tornou-se uma espécie de quartel general das nossas caçadas. Com freqüência, por lá promovia encontros com a turma do jornal A Tarde e diversos outros amigos.
Bons churrascos e muita cerveja gelada, compunham o cenário na aprazível Aramari. Por lá fizemos muitos bons amigos. Destaco a figura de Nilo Carvalho, que chegou a ser correspondente de A Tarde em Alagoinhas. Sempre presente, desde cedo mostrou-se um bom e prestativo parceiro. Exagerava um pouco com os constantes pedidos de emprego para os afilhados.
Recém transferido para comandar a 6ª RM, o general João Carlos desde logo conseguiu se aproximar da sociedade civil e formou um bom e amplo círculo de amigos.
Aproveitando os dias ensolarados do verão, Arthur convidou o general para uma visita à sua fazenda, onde seria alvo de homenagens. Além de um suculento churrasco foi programado um show de saltos de paraquedistas com a turma do 19º BC e do Clube de Paraquedistas da Bahia.
Parecia que a toda a população de Aramari estava na fazenda e a grande maioria nunca tinha visto nada igual antes. Havia um alvo branco no pasto e os caras caiam na “mosca”. Realmente foi um belo espetáculo. O prefeito ficou emocionado e aproveitou o momento para cabalar mais votos. Arthur vermelho e ele feliz.
Além da turma do Exército estavam presentes um bom número de companheiros do jornal e muita gente amiga.
Para festejar com “chave de ouro” a chegada do general, Arthur programou um espetáculo pirotécnico. Foi organizado um foguetório de arromba. Um dos empregados da fazenda ficou designado de dar o sinal na hora que o homem chegasse à porteira.
- Olha bem, rapaz! O general é grisalho, usa óculos e tem o cabelo cortado bem curtinho. É um homem de quase sessenta anos. Assim que chegar avise para a turma soltar os foguetes.
Na hora esperada, eis que se aproxima um carro, tendo ao volante um senhor grisalho, cabelo curto, usando óculos e aparentando sessenta anos.
Alguém gritou:
- Pessoal, o general chegou!
Os foguetes começaram a explodir e Jorge Costa, feliz da vida com a homenagem, chegou sorrindo na sede. A galera não vacilou e explodiu toda a munição.
Arthur ficou azucrinado, mas com a elegância de sempre preservou o costumeiro bom humor.
- Quem foi que disse que Jorge Costa é general?
Não adiantava chorar pelo leite derramado. Acabaram-se os foguetes e o general foi recebido, meia hora depois, com fortes abraços e muita cerveja gelada.