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Biden cede às pressões do partido e desiste de concorrer contra Trump

Fiasco no debate com Donald Trump acelerou as pressões

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) a retirada de sua candidatura à reeleição, após as três semanas de pressões que se seguiram a seu desempenho frustrante no debate contra Donald Trump em 27 de junho.

"Servir como presidente é a maior honra da minha vida. E ainda que fosse minha intenção buscar a reeleição, eu acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e foque apenas no cumprimento de minhas funções como presidente pelo resto de meu mandato", escreveu Biden em uma carta publicada no X.

Ainda com Covid-19, o presidente vinha resistindo à pressão de membros do Partido Democrata para abrir mão da tentativa de reeleição em prol de uma candidatura mais competitiva, movimento que ganhou tração em meio às reiteradas gafes do mandatário, que chegou a confundir os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin.

Também contribuiu para isso o recente atentado contra Trump, que fortaleceu o republicano nas pesquisas, especialmente nos estados-chave das eleições, como Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.

"Vou falar para a nação mais tarde nesta semana para dar mais detalhes sobre minha decisão. Por agora, quero expressar minha profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão duramente para me reeleger. Também gostaria de agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma companheira extraordinária nesse trabalho", acrescentou.

Em outra publicação no X, Biden declarou apoio "total" a Harris para substituí-lo. "Minha primeira decisão como indicado do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como vice-presidente, e foi a melhor decisão que tomei. Democratas, é hora de nos unirmos para derrotar Trump", disse.

Outros cotados para encabeçar a chapa são os governadores da Califórnia, Gavin Newsom, e do Michigan, Gretchen Whitmer. O fato é que o partido terá pouco tempo para definir o candidato, uma vez que sua convenção nacional acontece daqui a um mês, entre 19 e 22 de agosto, em Chicago.

Com 81 anos, Biden foi senador por Delaware entre 1973 e 2009, vice de Barack Obama entre 2009 e 2017 e preside os EUA desde 20 de janeiro de 2021.

Na carta de renúncia à candidatura, o mandatário exaltou o país como "economia mais forte do mundo" e citou "investimentos históricos" e a aprovação "da mais importante legislação climática na história global". "Nós protegemos e preservamos nossa democracia e revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo", salientou.

Em um breve telefonema à CNN, Trump ironizou a desistência de Biden e o definiu como "o pior presidente da história de nosso país, de longe", além de afirmar que Harris será "mais fácil ainda de derrotar".

Apoio a Kamala Harris

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e a ex-candidata à Casa Branca Hillary Clinton declararam apoio à vice-mandatária Kamala Harris para assumir o lugar de Joe Biden no comando da chapa democrata nas eleições de 2024.

"Juntamo-nos a milhões de americanos ao agradecer ao presidente Biden por tudo que ele conquistou, sempre se levantando em defesa da América. Estamos honrados em nos juntar ao presidente ao endossar a vice-presidente Harris e faremos tudo o que pudermos para apoiá-la", diz um comunicado divulgado pelo casal nas redes sociais.

"Enfrentamos muitos altos e baixos, mas nada nos preocupa mais do que a ameaça posta por um segundo mandato de Trump. Ele já prometeu ser um ditador a partir do primeiro dia, e a recente decisão da subserviente Suprema Corte só vai empoderá-lo para destruir a Constituição", afirma a nota, em referência à sentença que atribuiu imunidade a atos praticados por presidentes no exercício do cargo.

"Agora é hora de apoiar Kamala Harris e lutar com tudo o que temos para elegê-la. O futuro da América depende disso", conclui o casal Clinton.