Veículos elétricos ou híbridos já circulam no Brasil, importados
A informação prestada pela gestão central da GWM (Grande Muralha Motors) a Geraldo Alkmin, em Pequim, sobre datas e produtos de sua fábrica de veículos elétricos (VE) no interior de São Paulo, altera informações anteriores. Sem grande diferença quanto à data, mas considerável sobre os primeiros produtos previstos.
O início das atividades, previsto para começo de maio, passa para próximos meses em regime experimental e em ritmo normalizado no primeiro semestre de 2025. A inicialmente projetada picape hibrida é substituída pelo VE Haval H6, após verificação mais detalhada do mercado, faltando definir a versão exata.
Veículos elétricos ou híbridos da GWM já circulam no Brasil, importados. Os preços são elevados e um modelo totalmente elétrico tem autonomia para cerca de 100 Km. Daí ser importante saber se a versão agora projetada é do mesmo perfil energético. A GWM está em concorrência com sua compatriota BYD e, cada vez mais, com outras marcas asiáticas, europeias e estadunidenses.
Os perfis energéticos são decisivos no mercado, num momento em que se fala, de fonte chinesa, de um híbrido com autonomia para 2.000 km e, da referência pelo ministro das Minas e Energia – então aqui citada – de projeto nacional de baterias com intenções de fazer do Brasil um dos mais centros mundiais no produto.
Com o caráter estratégico das baterias de lítio, não apenas a nível dos automóveis, a concretização desse projeto permitiria colocar o Brasil na posição mundial já ocupado no agro, mas evitando cair em dependências como acontece com os fertilizantes agrícolas.
Daqui decorrem dois outros elementos.
A noção de híbrido tem grande sentido no campo da energia elétrica e, no caminho das renováveis e “limpas”, há várias fontes, sem razão para excluir nenhuma. A de origem solar justifica mais atenção. Segundo os últimos dados, a produção nacional não chega a 5% da demanda interna e sofre ainda com imagens de ser mais cara e de menor qualidade. No primeiro semestre de 2023, importamos da China o equivalente a 9,5 GW em painéis solares, havendo ainda diferença entre o estoque do produto e instalação fotovoltaica.
Aliás, a própria China é fortemente acusada de intencional super-capacidade em painéis solares, com severa influência no mercado. O custo por watt na produção chinesa estaria em torno de 15 cents de USD, difícil de igualar, a menos de se decretar proteção do mercado.
Seja como fôr, há pequenas ou médias empresas nacionais com possibilidades em aumentar produção e produtividade, portanto, melhorando preços e qualidade, tanto para instalações industriais (onde os desafios da concorrência são maiores) como domésticas.
Tudo isto, não é demais repetir, tem um requisito básico: semicondutores e correspondente raciocínio na redução de fornecimentos externos. Não se trata de nenhuma forma de nacionalismo econômico, apenas consequência da realidade: num cenário de agravamento das tensões mundiais, ameaças a instalações existentes em certos países vulneráveis ou no transporte internacional, constituem riscos consideráveis.
Esse risco vai até às máquinas indispensáveis ao processo de elaboração dos chips, cujo topo é hoje ocupado pela holandesa AMSL, instalada em vários países do mundo. Atualizar os cálculos de viabilidade, objetivando produzir até certo nível desse equipamento no Brasil, está na lógica dos próximos passos para o desenvolvimento.
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Jonuel Gonçalves é pesquisador associado no NEA/INEST da UFF (Niterói),ex-professor visitante da Uneb ( Salvador) e está à frente do Blog do Jonuel