Somente nos dois primeiros meses de 2024 o Sistema Único de Saúde (SUS) já registrou 24 mil internações de motociclistas vítimas de acidente de trânsito, segundo informações do Ministério da Saúde. Em todo o ano passado, o Brasil registrou 141.792 hospitalizações, alta de 9,3% na comparação com 2022 (129.699 mil casos).
De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a quantidade de motocicletas nas vias brasileiras passou de 18 milhões, em 2013, para 32 milhões em 2023 - um salto de quase 78% em dez anos.
Neste mês, a campanha Maio Amarelo reforça a importância de ações para reduzir acidentes de trânsito, problema de saúde pública e que requer ações constantes, frisa o médico Marcelo Tadeu Caiero, presidente da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico. “Uma lesão, trauma ou amputação traz graves consequências para a vida das pessoas, como o afastamento do trabalho, muitas vezes por longo período ou por toda a vida, causando um grande impacto econômico, hospitalar, no mercado de trabalho e para a família da vítima”, ressalta.
O especialista lembra que, na moto, o condutor é o próprio para-choque, sendo assim, a maioria dos acidentes resultam em politraumatismo, quando duas ou mais partes do corpo são lesionadas e, dependendo da gravidade, pode deixar sequelas irreversíveis ou levar à morte. “Geralmente, o motociclista acidentado sofre fraturas nos membros inferiores e quadril, nos membros superiores, além de lesões na cabeça e no pescoço. Pode ocorrer, ainda, hemorragias causadas por rupturas de grandes vasos e lesões nos órgãos vitais ou por infecções generalizadas decorrentes dos traumas, com alto risco de vida”, fala.
O presidente da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico explica que o tempo de recuperação de um acidente de moto varia de acordo com a gravidade das lesões. “Pode ser de, ao menos, quatro meses, até anos, com necessidade de cirurgias, fisioterapias e limitação das atividades durante o período. É um processo árduo”, fala.
Ao presenciar um acidente, a primeira ação deve ser ligar imediatamente para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência/192) ou Corpo de Bombeiros (193), informando a localização da ocorrência, assim como o estado da vítima. “Sinalizar o local do acidente também se faz necessário e é preciso manter o acidentado imobilizado até a chegada do resgate. Não movimente a pessoa e nem retire o capacete. Somente os socorristas estão autorizados a fazer a remoção da vítima, de acordo com todos os protocolos de primeiros socorros”, alerta Caiero.
O traumatologista salienta que a mensagem da campanha Maio Amarelo, de um trânsito responsável, deve perdurar o ano inteiro. “É preciso cada vez mais conscientizar a sociedade dos prejuízos causados pelos acidentes de trânsito, bem como os órgãos públicos atuarem intensamente na criação e execução de políticas públicas que proporcionem a redução das ocorrências de acidentes, que sobrecarregam os hospitais e geram altos custos no setor saúde”.
Maior incidência
Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, o estado de São Paulo ocupou a primeira colocação de internações por acidentes de motociclistas, com 31.273 casos.
Minas Gerais manteve a segunda posição, com 12.725 internações de motociclistas; seguido por Bahia, que contabilizou 10.626 casos; Ceará, com 8.298 acidentes e Rio de Janeiro, com 7.829 hospitalizações.
Na cidade de São Paulo, a Prefeitura implantou 90 quilômetros de faixa azul, exclusivas para motos, demarcadas em dez avenidas. A meta é ampliá-las em 200 quilômetros até o final do ano.
A faixa azul não está prevista no Código Nacional de Trânsito e atualmente vem sendo usada como fase de testes.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), de janeiro de 2022 a janeiro de 2024, o município de São Paulo contabilizou 15 mil internações envolvendo motociclistas. Na sequência, São José do Rio Preto registrou 2.780 internações; Sorocaba, 2.753; Ribeirão Preto 2.270 internações; e Guarulhos, 2.117.