Nordeste

Aracaju tem 8 esculturas
que falam pelos cotovelos

As esculturas são do artista plástico baiano Tatti Moreno

Foto: Governo de Sergipe
Esculturas de Tati Moreno, em Aracaju

Residindo no centro de Aracaju desde 2018, as oito esculturas projetadas para homenagear os movimentos culturais e à identidade do nosso povo são decididamente do barulho. Segundo os curiosos que assistiram o desembarque das grandonas, elas já desceram do Barco de Fogo fazendo zuada, dizendo pra que vieram, chamando para o conversado os que foram contra às suas instalações no Rio Sergipe e exigindo respeito ao nosso rico folclore.

Decididamente, as belas esculturas, concebidas pelo saudoso artista plástico baiano Tatti Moreno, não são daquelas que se contentam em ficar com a cara de estátua, escutando chocalho sem ver besta. E mais: as imponentes figuras dos Lambe Sujos e Caboclinhos, Bacamarteiros, Cacumbi, Parafusos, Reisado, Chegança, Taieira, Dança de São Gonçalo, além do Barco de Fogo, reprovam quem as compara à uma pista de pouso para pombos e outras aves que andam por ai sujando as cabeças dos monumentos.

Com o verbo mais afiado do que a foice e a flecha do Lambe-Sujo e Caboclinhos, as danadas não dão ouvidos a conversa fiada, mas não são de levar desaforo pra casa. Confundi-las com os Bonecos de Olinda é querer ficar falando sozinho, pois as grandonas se recusam a discutir com analfabetos em cultura popular.

Também não dirigem a palavra a quem acha que o Parafuso está rodando a baiana. Isso é coisa do Largo de Tororó, em Salvador. E se o sujeito insinuar que o boi do nosso Reisado é o primo Bumbá paraense, a Rainha das Taieiras sobe nos tamancos prá só descer na festa de Santos Reis. Esta é quizumba mais séria do que errar o passo na dança do Cacumbi.

Aventuras marítimas

Tem mais: não acreditar nas aventuras marítimas dos cristãos e mouros da Chegança do além-mar é o mesmo que pedir pra tomar um “caldo” no Rio Sergipe que, tranquilo, faz pano de fundo para escutar o alvoroço das ilustres figuras.

Tem mais: não acreditar nas aventuras marítimas dos cristãos e mouros da Chegança do além-mar é o mesmo que pedir pra tomar um “caldo” no Rio Sergipe que, tranquilo, faz pano de fundo para escutar o alvoroço das ilustres figuras.

Agora, se o camarada quiser arranjar uma encrenca graúda, daquelas pra cachorro grande, basta espalhar que o brincante do São Gonçalo é um folião do bloco carnavalesco Rasgadinho. É melhor pedir logo para o Bacamarteiro dar um tiro na conversa.

Diga lá, você já foi ouvir o converseiro das distintas moradoras do Largo da Gente Sergipana? Calma, não se avexe, elas vão ficar ali pelo resto de nossas vidas. E, como toda escultura que se preza, falando pelos cotovelos. Para escutá-las, basta abrir os ouvidos para a sonoridade do rico folclore sergipano. Supimpa!