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Papa condena a 'teoria de gênero'

O papa Francisco tem sido alvo de ataques do clero conservador

Foto: Vaticano
Papa Francisco

O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (8 de janeiro) que a assim chamada "teoria de gênero" prejudica a construção da paz, em meio à controvérsia na Igreja Católica por causa da autorização para bênçãos a casais homoafetivos.

Teoria de gênero, também chamada de ideologia de gênero, é um termo criado no meio neoconservador católico para se referir aos estudos de gênero, pós-feminismo e pós-generismo. Aqueles que usam essa expressão argumentam que os estudos de gênero fundamentam uma conspiração que visa destruir "a família" e uma “ordem natural” que fundamenta a sociedade. O termo também é utilizado por pós-estruturalistas e pós-modernistas, como contra-ataque, para se referir ao generismo, crença de que se deve reforçar os papéis sociais de gênero de acordo com a designação sexual ao nascer.

Em discurso para o corpo diplomático no Vaticano, o pontífice exaltou os princípios presentes "na simples, porém clara, formulação da Declaração Universal dos Direitos Humanos".

"Infelizmente, as tentativas nas últimas décadas de introduzir novos direitos, não plenamente consistentes com aqueles originalmente definidos e nem sempre aceitáveis, deram origem a colonizações ideológicas, entre as quais a teoria de gênero tem um papel central", afirmou o Papa durante o pronunciamento.

Segundo Francisco, essa teoria é "perigosíssima porque anula as diferenças com o argumento de tornar todos iguais". "Tais colonizações ideológicas provocam feridas e divisões entre os Estados, ao invés de favorecer a construção da paz", ressaltou.

Nas últimas semanas, o pontífice foi alvo de ataques de membros do clero ultraconservador por ter autorizado a bênção para casais homoafetivos, desde que essa prática não tenha caráter ritualístico nem seja confundida com o sacramento do matrimônio.

Um deles, o arcebispo italiano e ex-núncio em Washington Carlo Maria Viganò, chegou a acusar Francisco de ser um "servo de Satanás" e "usurpador".

Além disso, o Vaticano confirmou recentemente que pessoas transgênero podem ser batizadas e apadrinhar outros indivíduos.