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60 pessoas são presas na Rússia após caçada a judeus em aeroporto

As operações no aeroporto foram interrompidas

Ao menos 60 pessoas foram detidas nesta segunda-feira (30 de outubro) sob suspeita de terem participado do ataque antissemita deflagrado no principal aeroporto do Daguestão no último fim de semana, em um dos episódios mais dramáticos dos diversos casos de antissemitismo que têm acontecido ao redor do mundo desde o início da guerra atual entre Hamas e Israel.

A informação foi divulgada pelas autoridades russas, que especificaram que nove agentes da polícia local ficaram feridos nos confrontos com a multidão que invadiu o aeroporto em busca de cidadãos israelenses que estariam em um avião vindo de Israel.

De acordo com a Rossavitsia, agência federal de transporte aéreo da Rússia, após a entrada de pessoas desconhecidas na zona de tráfego do aeroporto de Makhachkala, foi decidido fechar temporariamente o local à chegada e partida de voos.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, acusou o governo ucraniano de desempenhar "um papel fundamental na violência que eclodiu no aeroporto de Makhachkala, na República Russa do Daguestão".

Segundo ela, o objetivo é "desestabilizar a Rússia", provocando divisões étnico-religiosas.

Um dia após o ataque, os judeus de Roma expressaram preocupação com o "clima crescente de intolerância" e antissemitismo ligados à guerra entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas.

"As imagens do ataque ao aeroporto do Daguestão e da caça aos judeus em aviões, hotéis e ônibus são profundamente perturbadoras", declarou o presidente da Comunidade Judaica de Roma, Victor Fadlun, à ANSA.

"Elas nos lembram de um capítulo terrível da história que pensávamos ter acabado", continuou ele, enfatizando que "a comunidade judaica de Roma está razoavelmente preocupada".

Fadlun acrescentou que a comunidade está "registrando um clima crescente de intolerância, com sotaques e slogans antissemitas que infelizmente estamos ouvindo novamente, inclusive em algumas praças italianas depois de tantos anos".

Mais cedo, a presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Noemi Di Segni, afirmou que os judeus estão "preocupados e conscientes dos riscos ligados ao crescente clima de intolerância, os slogans antissemitas nas muitas manifestações realizadas em várias cidades italianas e na remoção da bandeira israelense". 

O rabino Alexander Boroda,  presidente da Federação das Comunidades Judaicas da Rússia, apelou às autoridades para punirem duramente os participantes e organizadores de ato de violência antissemita no Daguestão, fato que segundo ele “minou os fundamentos básicos do estado multicultural e multinacional”.