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Forças de Israel alertam civis que deixem o norte da Faixa de Gaza

Aviso parece indicar uma invasão terrestre

Foto: Mohammed Hinnawi | ONU
Famílias reúnem-se em escola de Gaza da Unrwa, em busca de abrigo

As Forças de Defesa de Israel alertaram os civis no norte da Faixa de Gaza, nesta sexta-feira (13 de outubro) para evacuarem as suas casas em 24 horas, um sinal de que planeja intensificar os seus ataques contra alvos terroristas na região da Cidade de Gaza e possivelmente lançar uma invasão terrestre em resposta ao ataque mortal do Hamas contra as comunidades do sul.

Deve ser evacuada toda a população da Cidade de Gaza, do campo de refugiados de Jabalia e das cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya, bem como de vários outros bairros.

A ordem veio ao romper da manhã do sétimo dia da guerra Israel-Gaza, com os militares a pressionarem a sua ofensiva aérea generalizada e um cerco total à Faixa de Gaza, o que, segundo organizações de ajuda internacional, a deixou à beira de um desastre humanitário.

Em resposta, o Hamas disse aos residentes para permanecerem nas suas casas: “Não sigam as instruções de evacuação da propaganda”. O grupo é conhecido por tentar forçar os moradores a ignorarem os avisos dados pelos militares.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, afirmou que a mudança exigiria a realocação de 1,1 milhão de pessoas, o que segundo ele é impossível sem causar "graves consequências humanitárias". Ele enfatizou que a ordem também se aplica a todas as equipes da ONU e aos civis que se abrigam em suas instalações, incluindo escolas, hospitais e clínicas.

O Embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, Durante muitos anos, as Nações Unidas fizeram vista grossa ao crescimento militar do Hamas e ao uso da população civil e da infra-estrutura civil na Faixa de Gaza. De acordo com Erdan, “seria melhor que a ONU se concentrasse agora no retorno dos cativos [israelenses], condenando o Hamas e apoiando o direito de Israel de se defender”.

Bombardeios

Nesta sexta-feira o Hamas bombardeou a cidade de Ashkelon, no sul, com mais de 150 foguetes. Os interceptadores do chamado Domo de Ferro conseguiram destruir muitos dos projéteis que chegavam, mas vários conseguiram passar.

Um foguete atingiu uma casa e outro destruiu carros na rua. 

O Hamas prometeu que “muitos mais” foguetes serão lançados.

Nas últimas horas as Forças de Defesa de Israel atacaram aproximadamente 750 alvos militares em toda a Faixa de Gaza, incluindo túneis subterrâneos do Hamas, instalações e posições militares, edifícios que serviram como centros de comando militar, instalações de armazenamento, salas de comunicação e terroristas de várias organizações terroristas.

Durante os ataques, dezenas de caças atingiram vários alvos militares do Hamas em toda a Faixa de Gaza, incluindo 12 edifícios de vários andares que albergavam infra-estruturas militares da organização terrorista. Os 12 edifícios foram atacados em um ataque simultâneo dos caças, tudo em um único minuto.

ONU reunida

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reúne em sessão fechada nesta sexta-feira para debater a situação no Oriente Médio. 

O encontro deve ter a participação de altos funcionários da ONU e será presidido pelo ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. 

Esta é a segunda reunião do Conselho de Segurança sobre o conflito. Os Estados-membros já se reuniram sobre a questão no último domingo, também em sessão fechada.

A escalada do conflito causa um deslocamento em massa em Gaza. Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, mais de 338 mil pessoas estão deslocadas, um aumento de 30% em apenas um dia. 

Mais de 218 mil estão abrigadas nas escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestinos, Unrwa. Em Gaza, mais de 2,5 mil casas foram destruídas ou danificadas gravemente e 23 mil sofreram danos moderados ou leves.

Até o momento, pelo menos 88 instalações educacionais foram atingidas, incluindo 18 escolas da Unrwa, duas das quais eram usadas como abrigos de emergência para deslocados, além de 70 escolas da Autoridade Palestina. 

O Ocha alerta que já é o sexto dia consecutivo em que mais de 600 mil crianças não têm acesso à educação em locais seguros em Gaza.

Segundo a ONU, a única usina de energia ficou sem combustível e parou de funcionar, deixando a região sem eletricidade. Desde o início do conflito, sete importantes instalações de água e saneamento que atendem a mais de 1 milhão de pessoas foram atingidas por ataques aéreos e sofreram danos graves. 

O Ocha afirma que esgoto e resíduos sólidos estão se acumulando nas ruas, representando um risco à saúde. Metade das padarias tem estoque de farinha de trigo para menos de uma semana, enquanto 70% das lojas relatam estoques de alimentos significativamente reduzidos.

As agências humanitárias continuam enfrentando grandes desafios para fornecer assistência humanitária. A insegurança impede o acesso seguro às áreas afetadas e aos depósitos. 

Apesar das condições desafiadoras, os trabalhadores humanitários prestaram alguma assistência, incluindo a distribuição de pão fresco para 137 mil pessoas deslocadas, a entrega de 70 mil litros de combustível para instalações de água e saneamento, e a ativação de linhas de apoio psicossocial.

Nesta quarta-feira, o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, alocou US$ 9 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência para apoiar com urgência aos esforços de socorro.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin (à esquerda), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e o chefe do Estado-Maior das FDI, Herzi Halevi
Foto: Ariel Hermoni | Ministério da Defesa de Israel

A posição dos EUA

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, reuniu-se com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant, em Tel Aviv, nesta sexta-feira, afirmando que "este não é momento para neutralidade ou falsa equivalência".

Austin disse que o Hamas “não tem nada a oferecer além de fanatismo, intolerância e morte”, observando que o sábado (7) foi “o mais sangrento desde o Holocausto” para os judeus em todo o mundo.

“Vim aqui para deixar algo claro: o apoio americano a Israel é inflexível”, disse o secretário da Defesa. "Para quem pensa em tentar tirar vantagem desta atrocidade, em tentar ampliar o conflito ou em derramar mais sangue, temos apenas uma palavra: não faça isso. O mundo está assistindo e nós também, e não vamos a lugar nenhum."

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prometeu apoiar Israel até que este faça o que for necessário para evitar que o ataque terrorista de sábado aconteça novamente. O apoio americano foi reiterado repetidamente e foi demonstrada empatia para com o povo de Israel e as famílias daqueles que foram mortos ou ainda estão desaparecidos.

Depois de ver imagens aterrorizantes que o governo israelita divulgou à sua delegação, Blinken mostrou empatia com o povo israelita, acrescentando que embora normalmente uma imagem valha 1000 palavras, desta vez vale milhões. “Bebés massacrados, corpos profanados, jovens queimados vivos, mulheres violadas, pais executados na frente dos filhos, crianças na frente dos pais. Como podemos entender isso, digerir isso?”