A Prefeitura de Salvador divulgou nesta quinta-feira (31), Dia Internacional dos Afrodescendentes, o Novembro Salvador Capital Afro, um inédito calendário de eventos com o apoio da gestão municipal que se estenderá por todo o penúltimo mês do ano. O foco da programação é exaltar a ancestralidade negra da capital baiana, que ecoa não só em suas diversas expressões culturais, artísticas e religiosas, mas, sobretudo, na história e vivência de sua população.
O prefeito, Bruno Reis, e o secretário de Cultura e Turismo (Secult) de Salvador, Pedro Tourinho, fizeram a apresentação da programação no Cine Glauber Rocha, ao lado de dirigentes e produtores culturais da capital baiana e de representantes de entidades como Ilê Aiyê, Muzenza, Cortejo Afro, Malê Debalê, Didá, Olodum e afoxé Filhos de Gandhy.
O Novembro Salvador Capital Afro terá festivais de música e de cultura negra, como o Afropunk e o Candyall e Tal, e de cinema negro, como o Fianb (Festival Internacional de Audiovisual Negro do Brasil), trazendo atrações nacionais e internacionais. Também terá o lançamento do projeto Rolês Afro, pacote de roteiros turísticos que será lançado pela Prefeitura de Salvador focado no patrimônio afrodiaspórico da capital baiana.
Além disso, apresentações de afoxés e blocos Afro, com o inédito Desfile Mundo Negro; um seminário reunindo entidades de samba da cidade, além da tradicional Caminhada do Samba; desfiles de moda, como o Afro Fashion Day; e festivais de empreendedorismo e inovação negra, como o Salvador Capital Afro, o Scream Festival, o Liberatum e o Festival de Afrofuturismo Vale do Dendê.
Bruno Reis afirmou que a Prefeitura dará uma dimensão muito maior ao mês de novembro como forma de valorizar e enaltecer a cultura africana na capital baiana. “Estamos fazendo um mês com essas atividades, que envolvem toda a comunidade negra da nossa cidade e que vão desde festivais, inclusive com festival internacional, com apresentações musicais de arte, de dança, vão com exposições com inauguração de equipamentos importantes, como Muncab, com empreendedorismo, com tecnologia, inovação, com uma série de ações que vão fazer com que Salvador seja projetada ainda mais no Brasil e no mundo”, disse.
O prefeito ressaltou que a programação vai projetar ainda mais Salvador no cenário nacional e internacional. “Nós queremos fazer uma segunda alta estação na nossa cidade, valorizando e enaltecendo um dos principais ativos que nós temos que é a nossa negritude, fortalecendo o afroturismo, convidando milhares de pessoas do Brasil e do mundo que possam vir aqui para ter essa imersão na cultura afro, que, fora da África, só nós podemos oferecer isso. Então é mais um diferencial que a nossa cidade tem e que em nenhum momento foi tão reconhecido e passou a ser uma estratégia de promoção”, acrescentou.
Como destacou Pedro Tourinho, titular da Secult, a intensa programação visa estabelecer novembro como mais uma temporada essencial para se estar na capital baiana. “Vamos fazer deste mês um novo período de alta estação em Salvador, com base 100% no afroturismo, fazendo assim da nossa cidade o principal destino do mundo da cultura negra diaspórica. Literalmente, Salvador Capital Afro”, disse.
A secretária municipal de Reparação (Semur), Ivete Sacramento, disse que, muito além de um fomento ao afroturismo, o calendário traz dignidade a quem mantém a cultura negra na cidade. “Devo dizer que a gente está vivendo hoje um momento de verdadeira reparação para área cultural e para quem vive de cultura negra em Salvador. Esse é um momento especial, porque a Prefeitura entrega um dos seus principais compromissos quando assinou o Estatuto da Igualdade Racial de Salvador: que é reconhecer, valorizar e dar fomento às instituições de cultura negra dessa cidade. Isso é devolver à comunidade o que ela nos dá, algo que só existe em poucas cidades do Brasil, e Salvador é uma delas”, afirmou.
Muncab – Também como parte da programação do Novembro Salvador Capital Afro, no dia 6 ocorrerá a reabertura do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab). Em junho deste ano, a Prefeitura fechou parceria com a instituição, viabilizando R$ 15 milhões para a compra de acervo e execução de obras pendentes para finalizar o espaço de exibições. Localizado em dois prédios no Centro Histórico, onde funcionou o antigo Tesouro do Estado da Bahia, o museu é um dos maiores da América Latina sobre a cultura afrodiaspórica.
“A parte do Muncab que a gente vai aprontar para novembro já está em obras, o primeiro pavilhão será inaugurado com uma exposição de grande sucesso no Brasil inteiro, que é Um Defeito de Cor. Uma exposição que está no Museu de Arte do Rio de Janeiro. A gente conseguiu trazer para cá mais de 400 obras, que contam a história do povo negro no Brasil”, disse Pedro Tourinho.
“A gente quer demarcar, neste mês de novembro, que é um marco na luta pelos direitos da população negra, o potencial de impacto econômico do afroturismo e das manifestações artísticas negras na economia da cidade. Vamos dar o recado e fazer entender que o afroturismo é um caminho sem volta, que se comunica a partir de diferentes dimensões: a simbólica, a econômica e a social”, afirmou Maylla Pita, diretora de cultura da Secult.
Durante a solenidade de lançamento do Novembro Salvador Capital Afro, foi exibida no Cine Glauber Rocha a série Afros e Afoxés: A Revolução do Tambor. A produção conta com imagens do Carnaval de 2023 e de arquivo, além de representantes de entidades Afro e de afoxés da capital baiana, abordando a importância das agremiações para a preservação da cultura afro-brasileira.
A obra foi idealizada pelo Salvador Capital Afro e veiculada pelo canal Trace Brasil, composta por sete episódios de cinco minutos. Os três primeiros episódios foram lançados na última sexta-feira (25), no canal do YouTube do SCA e na Trace Brasil. Nos dias 1º e 9 de setembro serão exibidos os episódios do Muzenza e Filhos de Gandhy e Olodum e Malê Debalê, respectivamente.