Cientistas investigam três hipóteses para a existência de moléculas orgânicas em Marte, e apenas uma delas se baseia na existência de micro-organismos - ou seja, vida - no planeta.
O material foi identificado pelo robô Perseverance, da Nasa, na cratera Jezero, um antigo lago.
A descoberta foi publicada na revista científica Nature, a partir da pesquisa coordenada por pela astrobióloga Sunanda Sharma, do Laboratório de Propulsão a Jato da agência espacial.
A pesquisa teve a participação de uma cientista italiana, a também astrobióloga Teresa Fornaro, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália.
"Não identificamos vida. Vimos moléculas orgânicas em Marte e estamos avaliando, em laboratório, três explicações possíveis", disse ela.
A primeira hipótese investigada é a de que as moléculas não sejam de origem biológica e tenham sido sintetizadas através de processos geoquímicos envolvendo água; a segunda prevê que as moléculas não biológicas tenham sido sintetizadas no espaço e levadas a Marte por meteoritos, ficando presas dentro de sais.
A terceira hipótese considera que sejam moléculas biológicas, derivadas de antigas formas de vida, ainda que muito rudimentares, como micro-organismos, por exemplo.
Não é a primeira vez em que são encontradas moléculas orgânicas em Marte: em 2012, outro robô da Nasa, o Curiosity, também encontrou um material semelhante, mas os cientistas definiram que seria impossível estabelecer se a origem era biológica.
O mesmo aconteceu em outras ocasiões.
A diferença, agora, é que foi encontrada uma concentração maior das moléculas orgânicas em uma zona de formação mais recente do planeta.
Isso indica, segundo a pesquisadora, que "a matéria orgânica esteve presente em um período longo de tempo, entre 2,3 e 2,6 bilhões de anos, e resistiu apesar da exposição às condições da superfície de Marte. Acreditamos que esteja presente também na poeira marciana".