Política

Deputada pede explicações sobre recusa de refinaria em baixar preço

A Acelen administra a Refinaria Landulpho Alves

Foto: Câmara dos Deputados
Yandra Moura (União-SE)

A deputada federal Yandra Moura (União-SE) apresentou o Requerimento nº 1.579/23, na Câmara dos Deputados, solicitando do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informações sobre a refinaria Acelen, empresa que administra a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), após ter anunciado que não seguirá a nova política de preços da Petrobras.

“É um absurdo que a refinaria não aplique a redução dos preços que é uma política nacional. Nós sabemos que em todos os países, todas as refinarias e todas as estatais seguem os preços que são do governo local. Eles não podem de forma isolada decidirem praticar os preços diferentes das outras refinarias do país”, criticou a parlamentar.

Yandra Moura revelou que não aceita a decisão da empresa e diz que a população não pode ser penalizada. “Pedimos que a Petrobras tome as devidas providências e que constituam sanções às refinarias que não praticarem a nova política de preços da empresa. Porque quem não pode pagar com essa situação são os consumidores”.

A Petrobras anunciou uma redução de 21,3% no gás de cozinha, 12,6% na gasolina e 12,8% no diesel. Segundo a Petrobras, o preço do botijão de gás para o consumidor final pode cair abaixo dos R$ 100. Já a gasolina vai passar de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro. E o diesel de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro. No entanto, o valor praticado na revenda, não é controlado diretamente pelo governo.

A estatal também anunciou uma nova política para precificação de combustíveis nas refinarias e o fim da paridade de importação. A expectativa é que haja algum impacto positivo no bolso do consumidor.

A Acelen sugeriu ao Cade que acompanhe a aplicação da nova política de preços da Petrobras. A empresa controlada pelo grupo árabe Mubadala diz ainda que não há informações claras sobre a previsibilidade de preços, o que também é uma das críticas feitas pela associação que reúne importadores de combustíveis (Abicom).

“O fato relevante dá à Petrobras a possibilidade de praticar o preço que ela quiser, e, como agente dominante, que tem um peso muito grande, na produção e na venda, de gasolina e de diesel, isso gera alguma insegurança”, afirma o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.

Importadores de derivados de petróleo e refinadores privados são concorrentes da Petrobras e, portanto, diretamente sensíveis aos preços praticados pela Petrobras. A Petrobras é exportadora líquida de petróleo mas o Brasil importa, por exemplo, 25% do diesel e uma parcela menor da gasolina que consome.

A Acelen argumenta que a falta de clareza na previsibilidade de preços nova política de preços tende a afastar novos investidores no setor.

“Neste sentido, consideramos saudável que o Cade acompanhe as variações de preços e aplicação dessa nova política, garantindo simultaneamente as condições isonômicas de acesso ao petróleo brasileiro pelas refinarias privadas, preservando a competitividade e a sustentabilidade do setor”, afirmou a companhia, sem informar, contudo, se tomou alguma medida junto ao órgão de defesa da concorrência.

A Acelen informou ainda que, após reduzir semanalmente preços nos últimos meses, vai anunciar um novo reajuste em junho. Isso porque a empresa acompanha os preços no mercado internacional. As cotações recuaram devido, entre outros motivos, à menor demanda pós inverno no hemisfério Norte.

No diesel, foram 10 reduções consecutivas, acumulando queda de 31% desde o início do ano. Já a gasolina acumula queda de 16% no mesmo período. Em relação ao GLP, que tem preço atualizado mensalmente, a redução foi de cerca de 10%, de março para maio. Novo reajuste será anunciado no início de junho.

“Cabe destacar que a empresa possui uma política de preços transparente, a partir de uma fórmula objetiva, homologada pela agência reguladora, que assegura previsibilidade e preços justos, visando um mercado mais competitivo no país”.

Como economizar

A educadora financeira Aline Soaper ressalta que enquanto essa redução não chega na prática, o jeito é continuar a buscar estratégias para economizar, tanto na compra do gás de cozinha, como na hora de abastecer os veículos.

As práticas são simples como: evitar abrir a porta do forno, usar o vapor para cozinhar legumes, planejar refeições maiores e quando possível usar a panela de pressão, pois ela cozinha os alimentos mais rápido. “Além disso, é importante verificar a manutenção do fogão, para manter as bocas do equipamento limpas. Também ficar atento ao botijão de gás e a mangueira. Essa manutenção é importante também para a segurança. Isso também vale para o uso da panela de pressão, fiquem atentos as medidas de segurança”, ressalta Aline Soaper.

“O consumidor deve ficar atento para saber se a distribuição e os postos de combustíveis, vão repassar essa diminuição também. Os vendedores têm liberdade para colocar seus próprios preços e, pode acontecer de, um ou outro, não respeitar o preço com essa redução e a pessoa continuar pagando o mesmo preço ou até mais caro do que pagaria antes da redução da Petrobras. É importante, na hora de comprar, que o consumidor pesquise o preço, faça consulta em mais de um distribuidor e posto, para saber se esse desconto realmente vai chegar no bolso dele, porque isso vai representar uma economia no final do mês”, ressalta Soaper.

Para a especialista, o importante, na hora de abastecer, é que o consumidor pesquise o preço e faça essa consulta em mais de um posto de combustível para saber onde fica mais em conta abastecer. “Lembre-se de calibrar os pneus e fazer revisão no veículo, isso evita imprevistos e economiza combustível inclusive. É importante estar atento aos postos que batizam a gasolina, porque aí o barato pode sair caro, inclusive no que diz respeito a manutenção dos veículos”, ressalta Soaper.

A especialista recomenda também, se possível, uma análise sobre a necessidade do uso do carro e a forma de fazer as viagens, ou seja, segundo Aline é possível planejar utilizar o veículo próprio somente algumas vezes na semana.

Outra dica é usar os pontos acumulados nos programas de benefícios de cartão de crédito para pagar a gasolina, nos postos conveniados. Além disso, algumas redes de postos têm benefícios de acúmulo de pontos – um clube de fidelidade – que oferece descontos nos postos selecionados. Até algumas companhias áreas tem parceria com a rede de postos, que permite ganhar milhas para cada litro abastecido.

“Também é importante abastecer, de preferência, nos postos que estão na sua rota diária, especialmente nas proximidades da casa ou do trabalho. O custo de um veículo pesa no bolso dos consumidores e os aumentos de combustível pesam ainda mais nesse custo. Para se ter uma ideia, o custo de manutenção de um veículo já quitado é, em média, de 2% do valor de compra do mesmo, ou seja, vale a pena traçar estratégias e economizar”, finaliza Aline Soaper.