Ex-Secretários de Cultura do Estado da Bahia na gestão Jaques Wagner resolvemos externar nossa preocupação com o futuro da cultura, das artes, das políticas e da gestão culturais em nosso estado, diante das ricas possibilidades abertas pela vitória das forças democráticas no país e no estado.  

A cultura, a arte e a sociedade brasileira viveram ataques e retrocessos brutais na gestão Bolsonaro. O campo cultural e artístico não só sobreviveu à pandemia e ao pandemônio da extrema-direita no poder, como lutou com toda força contra a barbárie e a guerra cultural bolsonarista, além de apoiar e participar ativamente das campanhas eleitorais de Lula e de Jerônimo.

As vitórias das forças democráticas trazem enormes esperanças para o povo, a cultura e o campo cultural brasileiros. Os sistemas de cultura, os planos de cultura, as conferências de cultura, os conselhos de cultura, o financiamento à cultura, os inventivos projetos desenvolvidos a partir da criativa gestão Lula-Gilberto Gil-Juca Ferreira poderão ser agora atualizados e acrescidos de inovadores programas para os novos tempos culturais do Brasil e da Bahia.

As expressivas vitórias das leis Aldir Blanc I e II e Paulo Gustavo, contra o governo anticultural vigente, disponibilizam recursos nunca antes destinados à cultura; a recriação do Ministério da Cultura; a escolha da querida Margareth Menezes como Ministra da Cultura e de Márcio Tavares como Secretário-Executivo do Ministério, temos certeza, configuram um cenário auspicioso de grandes oportunidades para a sociedade e para a cultura e as artes no Brasil e na Bahia.          

A Bahia, terra da cultura, das artes e do patrimônio, não pode ficar fora da nova cena cultural nacional. Aqui foram desenvolvidos programas e projetos que serviram de exemplo para políticas culturais no Brasil, a exemplo da territorialização da cultura, das mudanças no fomento à cultura e diversos outros programas e projetos inauguradores.

A inserção da Bahia na nova dinâmica cultural nacional exige especial atenção e compromisso do governo para a área cultural; diálogo com a comunidade cultural; definição clara de políticas culturais democráticas; sintonia com o panorama cultural nacional; retomada de programas culturais já realizados na Bahia e escolha de dirigentes efetivamente comprometidos, inscritos e reconhecidos pelo campo cultural baiano.

Imaginamos que o governo eleito da Bahia compreenda a vital importância cultural da Bahia no contexto nacional e internacional e que esteja vivamente empenhado em assegurar as melhores condições possíveis para o amplo e democrático desenvolvimento cultural. A Bahia, reconhecida como terra da cultura, das artes e do patrimônio, espera um compromisso umbilical do novo governo com sua cultura, criatividade, pluralidade, diversidade e identidade.        

Márcio Meirelles – Ex-Secretário de Cultura da Bahia (2007-2011)

Albino Rubim – Ex-Secretário de Cultura da Bahia (2011-2014)