Artes Visuais

Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Igor Queiroz Barroso

Exposição apresenta cerca de 190 obras de mais de 55 artistas do acervo cearense

Foto: Divulgação
Djanira da Motta e Silva - Engenho de Farinha 1965 - Colecao Igor Queiroz Barroso

Esta exposição da Coleção Igor Queiroz Barroso inaugura o programa “Instituto Tomie Ohtake visita”, que busca dar acesso ao grande público a obras de qualidade atestada e pouco exibidas, apresentadas sob diferentes leituras curatoriais. “Ao estar desobrigado de uma coleção permanente, por não ser um museu, o Instituto Tomie Ohtake tem flexibilidade para visitar múltiplos agentes do meio artístico,

imergindo em seus repertórios, ações e acervos, e oferecendo aos públicos uma montagem articulada que atravessa a história da arte de modo único e temporário”, afirma Paulo Miyada, que assina a curadoria de Centelhas em Movimento, ao lado de Tiago Gualberto, artista e curador convidado para desenvolver a abordagem curatorial da coleção.

Baseada em Fortaleza, Ceará, a Coleção Igor Queiroz Barosso tem sido formada nos últimos 15 anos, ainda que suas raízes sejam mais antigas. Colecionar arte (em especial, colecionar arte moderna brasileira) é uma dedicação antiga na família de Igor, remontando às iniciativas de seus avós paternos, Parsifal e Olga Barroso, e maternos, Edson e Yolanda Vidal Queiroz, e carregada até ele por seu tio Airton, e sua mãe, Myra Eliane.

Essa herança implicou o convívio com a arte, a percepção do sentido do colecionismo e até mesmo a guarda de obras que até hoje estão entre os pilares de sustentação do conjunto que Igor tem reunido. A Coleção Igor Queiroz Barroso conta com cerca de 400 obras e destaca-se por selecionar não apenas artistas de grande relevância histórica, mas por buscar obras de especial significância na trajetória desses artistas.

No recorte realizado para a exposição - de uma coleção que abriga obras produzidas entre os séculos XVIII a XXI de nomes nacionais e estrangeiros - destaca-se a produção de artistas atuantes no Brasil ao longo do século XX, sob a ambivalência do modernismo, movimento tão discutido neste ano em que se comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna paulista.

As esculturas, pinturas e desenhos reunidos indicam a diversidade abarcada pela mostra.  Gualberto destaca obras conhecidas como Ídolo (1919) e Cabeça de Mulato (1934) de Victor Brecheret (1894-1955), Índia e Mulata (1934) de Cândido Portinari (1903-1962), além de trabalhos de Alfredo Volpi (1896-1988), Willys de Castro (1926-1988), Lygia Pape (1927-2004), Mary Vieira (1927-2001), Djanira da Motta e Silva (1914-1979), Chico da Silva (1910-1975) e Rubem Valentim (1922-1991). O curador acrescenta ainda nomes célebres da arte brasileira como Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Maria Martins (1894-1973) e um grande número de obras produzidas entre as décadas de 1950 e 1970. “Esse adensamento de produções também reflete um contingente bastante diverso de artistas, além de nos oferecer privilegiados pontos de observação das maneiras com que os valores modernos foram transformados e multiplicados na metade do século”.

Segundo a dupla de curadores, desde seu primeiro ambiente, a mostra compartilha enigmas sobre a formação da arte brasileira e seus profundos vínculos com o território e a nação. “São convites para que cada visitante encontre seus caminhos e hipóteses por essas montagens, encontrando o modernismo, suas consequências e desvios em estado de ebulição, com sua cronologia embaralhada, suas hierarquias em suspensão e com a constante possibilidade de encontrar retrocessos nos avanços e saltos adiante nos retornos. Uma forma de reacender o calor impregnado na fatura de cada uma das obras”, completam Gualberto e Miyada.

Foi neste contexto pensada a expografia de Centelhas em Movimento, construída com  painéis flutuantes e autoportantes, que colocam em relações de eco e contraste obras de artistas distintos, de momentos e contextos diferentes: retratos e fisionomias, com Ismael Nery, Di Cavalcanti, Brecheret, Da Costa, Segall; evocações cosmogônicas, com Antonio Bandeira e Antonio Dias, em contato com a Piedade barroca de Aleijadinho; paisagens, com Chico da Silva, Beatriz Milhazes, Manabu Mabe, Danilo Di Prete, Teruz; rupturas concretas ao lado de obras figurativas, com Volpi, Da Costa, Lygia Clark, Leontina; parábolas conceituais que tangenciam sintaxes formais, com Esmeraldo, Schendel, Sergio Camargo, Serpa; e cheios e vazios com Maluf, Sacilotto, Pape, Clark, Oiticica, Valentim. Como explica Gualberto: “Evitou-se a aplicação uniforme de organizações cronológicas dos trabalhos ou sua segmentação por autoria. O que certamente tornará a visita à exposição uma oportunidade de deflagrar nuances ou agitadas centelhas resultantes desses encontros”.

Sobre a Coleção Igor Queiroz Barroso

O empresário Igor Queiroz Barroso, é atualmente presidente do Conselho de Administração do Grupo Edson Queiroz; presidente da Junior Achievement do Ceará; Coordenador do Conselho do Lar Torres de Melo; e presidente do Instituto Myra Eliane, criado em 2016. Atuou ainda na criação do Memorial Edson Queiroz, em Cascavel, no Ceará.

 

Exposição:

Centelhas em Movimento – Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Igor Queiroz Barroso

Abertura: 15 de dezembro de 2022, às 19h

Até 19 de abril de 2023

De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca

Aconselha-se o uso de máscara

 

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) - Pinheiros SP

Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: 11 2245 1900