Morreu mais uma vítima do ataque de um adolescente de 16 anos contra duas escolas no distrito de Coqueiral, em Aracruz (ES).
A professora Flávia Amboss Merçon, de 38 anos, estava internada em estado grave, atingida por disparos feitos pelo adolescente. Ela lecionava na Escola Estadual Plínio Bitti, onde o atirador arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos na sala dos professores, provocando duas mortes na hora e deixando vários feridos.
Ao todo, quatro pessoas morreram, três professoras e uma estudante. Cinco pessoas permanecem internadas, uma mulher de 52 anos e uma de 45 anos, que estão em estado grave; uma mulher de 58 anos, que passou por cirurgia e está estável; um menino de 11 e uma menina de 14, que passaram por cirurgia e estão em estado grave.
Os corpos de duas professoras e da estudante foram velados na manhã deste sábado em Aracruz.
No Twitter, o governador Renato Casagrande lamentou mais esta morte. "infelizmente a tragédia em Aracruz ainda não chegou ao fim. Com profundo pesar confirmamos o falecimento de mais uma vítima, a professora Flávia Amboss Merçon, de apenas 38 anos. Nosso abraço solidário à família e aos amigos".
Ataque
A ação do adolescente começou pela Escola Estadual Primo Bitti, onde ele arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos matando dois professores e ferindo mais nove.
Em seguida, o atirador entrou em um carro e se dirigiu ao Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma instituição privada. No local, efetuou novos disparos, tirando a vida de uma aluna e ferindo mais duas pessoas.
Segundo a Polícia Civil, o adolescente é ex-aluno da Escola Estadual Primo Bitti, onde estudou até junho deste ano. A família o transferiu para outra instituição, mas a razão ainda não foi esclarecida.
Imagens das câmeras de segurança registraram a ação. O atirador vestia roupa camuflada e uma máscara de esqueleto, similar à usada em fotos nas redes sociais por um dos autores do massacre ocorrido em 2019 na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo.
A Polícia Civil iniciou de imediato a investigação que possibilitou a apreensão do adolescente, filho de um policial militar, que confessou o crime. Já se sabe que ele usou duas armas de responsabilidade do pai: um revólver de calibre .38, de propriedade privada, e uma pistola calibre .40, pertencente à Polícia Militar. Ele também levava três carregadores.
O jovem contou que vinha planejando a ação há pelo menos dois anos.
"Os pais estavam destruídos e colaboraram muito com o nosso trabalho", disse o delegado da Polícia Civil, João Francisco Filho
O governador Renato Casagrande confirmou que, no momento do crime, o adolescente usava uma braçadeira com um símbolo nazista.
Durante a apreensão, o adolescente não explicou à Polícia Civil por que fez os ataques. O delegado João Francisco Filho disse que ele estava tranquilo e não manifestou arrependimento.
A apuração preliminar apontou que ele fazia tratamento psiquiátrico. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o adolescente não tinha um alvo definido e que ele pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas, que se organizam de forma virtual dentro e fora do Brasil.
A prefeitura de Aracruz divulgou nota informando que as aulas da rede municipal foram suspensas. As crianças que estavam nas escolas foram dispensadas. Casagrande informou que a retomada das aulas na Escola Estadual Primo Bitti ainda será discutida nos próximos dias. O prefeito de Aracruz, Luiz Carlos Coutinho, disse que as famílias das vítimas já estão sendo identificadas para receber assistência.
O clima é de choque na comunidade escolar do município. "É muita tristeza. É uma impotência. Aconteceu na escola [em] que eu trabalho, com os meus colegas e as minhas colegas, entende? Não sei se consigo voltar para a sala de aula e dar aula", disse a professora Leilany Campos, que leciona na Escola Estadual Primo Bitti.
Segundo Adriana Alves, diretora de uma escola infantil do município, a notícia gerou uma onda de desespero especialmente entre pais e educadores. Ela conta que, logo após o ocorrido, a Polícia Militar recomendou a todas as escolas manter os portões fechados. "Estamos vivendo um terror. Não poderíamos imaginar esse tipo de coisa acontecendo tão perto da gente."