Portugal emitiu um alerta máximo pelas altas temperaturas no país nesta quarta-feira, 20, enquanto bombeiros e serviços de emergência ainda tentam conter focos de incêndio florestal e os danos provocados pelo calor que vitimou mais de 1 mil pessoas no país desde o começo do mês.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera classificou o nível de alerta pelo calor como “laranja”, o máximo da escala, enquanto cerca de 35 municípios no interior português foram apontados como em perigo máximo de incêndio rural.
Centenas de militares continuam a combater os focos ativos de incêndio florestal no norte do país, o pior deles em Murça - onde o fogo começou no domingo, já devastou aproximadamente 10 mil hectares e forçou a retirada de funcionários e pacientes de um lar de idosos.
Centenas de militares continuam a combater os focos ativos de incêndio florestal no norte do país, o pior deles em Murça - onde o fogo começou no domingo, já devastou aproximadamente 10 mil hectares e forçou a retirada de funcionários e pacientes de um lar de idosos.
O governo português decidiu prolongar o estado de alerta de resposta a catástrofes, em vigor desde segunda-feira, e voltar a analisar a ameaça de temperaturas e dos incêndios na quinta-feira, 21.
A reavaliação das autoridades portuguesas coincide com o momento em que a onda de calor que varre a Europa parece começar a se deslocar em direção ao leste, aumentando a preocupação em países na faixa central do continente.
O serviço meteorológico da Alemanha previu que a onda de calor mudaria para leste, depois que o país registrou o dia mais quente do ano até agora na terça-feira, 19, com temperaturas chegando a 39,5° C no oeste do país. Cidades na Bélgica e na Holanda também registraram temperaturas acima de 37° C na terça-feira, pouco abaixo dos recordes estabelecidos em uma onda de calor de julho de 2019, de acordo com o historiador meteorológico Maximiliano Herrera.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, confirmou que mais de 500 pessoas morreram em consequência das altas temperaturas no país. “Peço aos cidadãos que tomem precauções extremas”, disse Sánchez durante uma visita a uma zona afetada por um incêndio na região de Aragão.
Na França, Espanha, Grécia e Reino Unido, bombeiros também lutaram contra incêndios florestais pelas altas temperaturas nos últimos dias. As autoridades ordenaram a desocupação de um hospital nos arredores de Atenas. Em Londres, bombeiros combateram vários grandes incêndios em toda a cidade, de Wembley a Croydon, com dezenas de moradores sendo forçados a fugir.
Efeitos mais graves
As condições de seca e o calor extremo aumentaram drasticamente as chances de propagação de incêndios florestais, de acordo com o serviço de monitoramento climático Copernicus da União Europeia. Uma parte considerável da Europa Ocidental em “perigo extremo de incêndio”, disse na terça-feira.
Juntamente com o aumento das emissões de carbono dos incêndios florestais, os cientistas do Copernicus alertam que “níveis muito altos” de poluição por ozônio causados pela onda de calor podem afetar o norte e o oeste da Europa nos próximos dias.
“Os impactos potenciais da poluição muito alta de ozônio na saúde humana podem ser consideráveis tanto em termos de doenças respiratórias quanto cardiovasculares”, disse Mark Parrington, cientista sênior da Copernicus.
Itália em alerta
Aumentou o número de cidades em alerta vermelho na Itália por causa da intensa onda de calor que atinge a Europa Ocidental.
Atualmente, nove das 27 capitais de província monitoradas diariamente pelo Ministério da Saúde estão em alerta máximo devido às altas temperaturas: Bolonha, Bolzano, Brescia e Gênova, no norte do país, e Florença, Latina, Perúgia, Rieti e Roma, no centro.
Já nessa quinta-feira (21), esse número sobe para 14, com o acréscimo de Milão e Turim, na Itália setentrional, Frosinone e Viterbo, no centro da península, e Campobasso, no sul do país.
Na sexta (22), o alerta vermelho se estenderá também a Verona e Trieste, ambas no norte italiano.
As ondas de calor se caracterizam por temperaturas elevadas por vários dias consecutivos, frequentemente associadas a forte irradiação solar e falta de ventilação. Essas condições climáticas podem representar riscos para a saúde da população, especialmente idosos, doentes crônicos, crianças e grávidas.
"O calor excessivo causa problemas de saúde porque pode alterar o sistema de regulação da temperatura corporal", explica o presidente da Sociedade Italiana de Medicina Ambiental (Sima), Alessandro Miani.
"O corpo humano se resfria através do suor, mas isso não é suficiente em determinadas condições: Uma umidade excessiva impede que o suor evapore, aumentando rapidamente o calor corporal e podendo prejudicar órgãos vitais e o cérebro", acrescenta.
Ao longo dos próximos dias, o país pode registrar temperaturas superiores aos 40ºC em diversas cidades. Apenas em Espanha e Portugal, mais de mil pessoas já morreram em função da atual onda de calor, mas a Itália ainda não forneceu nenhuma estimativa do tipo.
Calor recorde no Reino Unido
O Reino Unido registrou nesta terça-feira (19) a maior temperatura de sua história, em meio a uma das piores ondas de calor que a Europa enfrenta nos últimos dias.
Os termômetros nos arredores do aeroporto de Heathrow, em Londres, marcaram 40,2ºC, enquanto os primeiros incêndios no território britânico foram registrados.
De acordo com o serviço nacional de meteorologia do país, o Met Office, a temperatura é a maior desde o início das medições no Reino Unido. Para o chefe de ciência e tecnologia do Met Office, Stephen Belcher, o recorde está associado ao aquecimento global.
Em grande parte da Europa, as temperaturas extremas estão causando mortes e grandes danos nos territórios, como incêndios e secas.
Na França , a situação é ainda mais crítica: em 64 municípios, principalmente ao longo da costa atlântica, o recorde absoluto de calor foi batido, anunciou o Météo France.
O calor intenso no território francês tem provocado vários incêndios devastadores há dias, os quais forçaram a evacuação de dezenas de milhares de pessoas, principalmente em Gironde, e destruíram centenas de hectares de mata e vegetação. Em Nantes, a temperatura chegou a 42°C, quebrando o recorde anterior de 40,3°C, estabelecido em 1949.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMS), as temperaturas no continente devem atingir o pico hoje, mas ainda podem permanecer acima do normal até meados da próxima semana.
"E tais episódios serão cada vez mais frequentes nas próximas décadas devido às mudanças climáticas", alertou o secretário-geral da organização, Petteri Taalas, em Genebra.