Escritos

Sítio do Arara: o susto que Jurismar tomou no breu do Recife velho

Jurismar é guarda noturno e nem pisca


Jurismar

Houve um tempo que aqui na minha terra só havia lendas vindas do mato. Depois o povo foi se indo pras cidades gigantes e lá começaram a enxergar coisas de alivusias. Logo, logo, chegaram as tais lendas urbanas.

Eu confesso que nunca fui de acreditar nessas coisas de outro mundo - já me basta ter de acreditar nos absurdos dos vivos! Pois ontem eu tive que esfregar os zóios e morder a língua.

Vinha eu, todo serelepe, andando no lusco fusco do breu do Recife velho - sem nenhuma cana no sangue - totalmente bento e alerta, quando me deparei com uma situação no mínimo vexatória - se não fosse o incréu que sempre fui, tinha dado nas carreiras, mas respirei fundo; encostei às escondidas numa árvore mijada, pra ver passar a tal famosa perna cabeluda, muito conhecida por aqui - e não é que era de verdade a criatura, digo o membro sem dono!

Quando achei que já tinha visto tudo, e respirava ali, macho, aconteceu a segunda parte da visão: vinha saltitando virado no estopor balaio, o Saci Pererê - esse mesmo, com seu gorro vermelho e seu cachimbinho de fumaça sem vergonha, numa carreira desabalada seguiu na mesma direção onde tinha imbicado a desembestada.

Juro!

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O cineasta (roteirista e diretor) José Araripe Jr. (Arara) apresenta personagens em crônicas, contos e sinopses; sempre acompanhadas de uma ilustração de sua lavra e uma narração coloquial em viva voz.