O filme Krenak, com direção de Rogério Corrêa e realização do Itaú Cultural, integra a programação do Canal Curta! entre os dias 21 e 24 de janeiro.

Abordando o pertencimento à terra e ao que nasce e jorra dela, o documentário mostra a experiência coletiva do povo Borum, como se autodenominam os Krenak, também conhecidos como Botocudos, apelido dado pelos portugueses devido ao costume de usarem botoques nas orelhas e na boca. 

O filme conta a história do povo indígena Krenak de Resplendor, em Minas Gerais. Tem início com a declaração da Guerra Justa pelo rei português D. João VI (1808), e segue até o desastre ambiental no Rio Doce, provocado pela ruptura da barragem de minérios, em Mariana (2015).  

A existência dos Krenak – palavra que significa “cabeça na terra” – está diretamente ligada à luta pela vida, após constantes massacres que a etnia vem enfrentando desde a chegada dos colonizadores.

Atualmente concentrados em Minas Gerais, às margens do Rio Doce, foram tão afetados quanto o rio pela depredação ambiental e o avanço dos empreendimentos que exploram o curso fluvial, sobretudo pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.

A vida do povo Krenak mudou radicalmente após a tragédia. “Nesse dia que desceu água, e eles [os indígenas] viram os peixes descendo mortos, todo mundo chorou”, conta Manelão Pankararu, que vive no território Krenak. 

No filme, disputando a narrativa canônica vigente contada pelos brancos, são os Krenak que contam a sua história, que é carregada de dor, tristeza e desrespeito aos direitos humanos, mas também de resistência e amor pela terra e pelo rio. 

Além dessa viagem através dos acontecimentos, o espectador entra em uma jornada pelo território Krenak — ambas conduzidas por Douglas Krenak, jornalista e liderança indígena. “Hoje, a gente vê terra para gado, para café (...). Mas antigamente, isso aqui era tudo mata, Mata Atlântica mesmo”, conta o indígena, diante de uma parte do território já devastado. 

Outros indígenas Krenak de diversas idades também falam do que viram e ouviram, a exemplo da autora e ativista Shirley Krenak. O documentário reúne, ainda, imagens e vídeos de arquivo, e traz depoimentos de historiadores e especialistas, como a antropóloga Vanessa Caldeira e a psicanalista Maria Rita Kehl. 

Anote

Exibições no Canal Curta!: 
Dia 21 (sexta-feira), às 22h40 
Dia 22 (sábado), às 2h45 e às 13h45 
Dia 23 (domingo), às 20h45 
Dia 24 (segunda-feira), às 16h40