Com regras cada vez mais rígidas de emissões em todo o mundo, a eletrificação veicular já não é mais uma mudança para o futuro - trata-se de um presente cada vez mais próximo também dos brasileiros. Nesse sentido, várias marcas estão lançando modelos elétricos no País.

A Volkswagen, por exemplo, acaba de anunciar que vai entrar no mercado de carros elétricos também na América Latina. O presidente da empresa no País, Pablo Di Si, e o chefe da marca na Argentina, Thomas Owsianski, revelarem os elétricos ID.3 e ID 4, que já estão confirmados para os dois países.

Embora não tenha revelado qual será a data exata de estreia da dupla, Di Si informou que o hatch ID.3 virá em breve. As vendas vão começar na primeira metade de 2022.

O ID.3 é o atual carro elétrico de entrada da Volkswagen e, portanto, o modelo ideal para encarar todos os últimos lançamentos da categoria no Brasil, como Fiat 500e, Mini Cooper S E e Peugeot e-208 GT, além dos (já veteranos) Chevrolet Bolt e Nissan Leaf. Em agosto, o hatch da marca alemã foi o elétrico mais vendido da Europa, superando o Tesla Model 3.

No Brasil, o segmento de carros elétricos ainda está em formação Há poucos modelos disponíveis, todos com preços acima dos R$ 150 mil, que é a tabela do chinês JAC e-JS1, o carro elétrico mais barato do País. Isso não vai ser diferente com a linha ID. Quando chegar às lojas da região, o Volkswagen ID3 não será um modelo barato.

Dificilmente o Volkswagen custará menos que os concorrentes diretos. O Fiat 500e e o Mini Cooper SE têm preço sugerido de R$ 239.990. O Peugeot e-208 GT, que acaba de chegar, é tabelado a R$ 244.990. E o novo Chevrolet Bolt, que desembarca em outubro no Brasil, está em pré-venda por R$ 317 mil.

Kombi elétrica - Segundo Di Si, a Volkswagen promete investir 73 bilhões de euros em "carros sustentáveis", com a expansão da família ID, que terá os modelos ID.Life, ID.5 e ID.Buzz. Este último é a releitura da Kombi, porém totalmente repaginada e com motor elétrico.

"Teremos muitas novidades para a nossa região em termos de eletrificação", afirmou o executivo ao mostrar imagens da "nova Kombi". Além dos carros elétricos, a Volkswagen aposta no etanol como principal combustível para motores a combustão para reduzir as emissões de poluentes no Brasil.

Nesse sentido, a marca trabalha com base em três pilares para o País. São eles: carros com motores flexíveis, híbridos e elétricos. Portanto, a linha ID é apenas uma das frentes nas quais a marca farpa investimentos.

A Porsche também aposta fortemente na eletrificação de seus carros. Tanto que acaba de reforçar o lançamento no Brasil da versão perua do Taycan, que é o modelo elétrico mais emplacado do País em 2021. Com proposta familiar e porta-malas maior que o de muitos SUVs, o Taycan 4 Cross Turismo já estava em pré-venda desde abril e começou a ser entregue nesta semana. O modelo tem tabela de R$ 685 mil.

Os números de vendas e a expectativa de emplacamentos não foram divulgados. Porém, o Taycan teve 325 unidades entregues desde o começo do ano. E, dessa forma, é o carro elétrico mais vendido do Brasil neste ano, à frente de modelos bem mais acessíveis, como o Chevrolet Bolt e o Nissan Leaf.

Por ora, a versão perua chega em versão única de acabamento. Seus diferenciais são o apelo familiar e o amplo espaço no porta-malas. Com tampa mais larga, comporta até 446 litros. O espaço sobe para 1.212 litros com o banco traseiro rebatido.

Aliás, há 4,5 cm a mais de espaço para a cabeça dos ocupantes que no Taycan. Isso porque os bancos foram posicionados mais para trás, graças ao rearranjo das baterias, que ficam instaladas sob o assoalho.

Outro diferencial da perua é o estilo aventureiro. Embora não seja destinada ao off-road, a Taycan 4 Cross Turismo tem aspecto mais parrudo em comparação com o cupê. Os arcos das rodas, por exemplo, são cobertos com plástico preto, há saias e molduras que simulam estribos laterais e um sutil rack de teto. Os acessórios deixam o visual mais, digamos, robusto.

Por meio de pacote opcional off-road, é possível elevar a altura livre do solo em 3 centímetros. Completam o pacote a bússola no painel, a tração integral e a suspensão a ar adaptativa.

O Porsche Taycan 4 Cross Turismo tem dois motores elétricos (um em cada eixo, que geram cerca de 380 cv de potência - 476 cv com o Overboost. O torque é de 51 mkgf. Como em todo elétrico, essa força fica disponível imediatamente.

Com baterias de 93,4 kWh, o modelo tem 456 km de autonomia. A recarga pode ser feita e cinco horas, dependendo do tipo de estação, informa a marca. A perua do Taycan vai de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos e pode alcançar 220 km/h - a velocidade é limitada eletronicamente.

Huawei - Reconhecida por produzir eletrônicos, a Huawei chega ao Brasil por meio da Osten. O SUV 100% elétrico SF5, da marca Seres, que pertence à Huawei, será oferecido em um programa de assinatura. A mensalidade mais em conta, n o plano de 12 meses, é de R$ 13 mil.

Rolls-Royce 100% elétrico

No início deste ano, surgiram especulações sobre a estreia de um Rolls-Royce 100% elétrico. Agora, a marca inglesa que pertence à alemã BMW não só confirmou a estreia do modelo para 2023 como revelou que até 2030 todos os seus carros serão movidos a eletricidade. Batizado de Spectre, o primeiro carro elétrico da Rolls-Royce chegará ao mercado no último trimestre de 2023. E marcará o início do fim dos tradicionais motores V12 que se confundem com a história da fabricante.

Após a apresentação do carro-conceito 103EX Vision Next 100 Concept, em 2016, é a primeira vez que a Rolls-Royce trata da eletrificação veicular de forma concreta. De acordo com o CEO da empresa, Torsten Müller-Ötvös, o Spectre será feito sobre a mesma base do Phantom, que foi lançado em 2016 e tem estrutura toda de alumínio. Por ora, não há detalhes sobre as dimensões ou o desempenho do modelo inédito.

Segundo a fabricante, em breve alguns protótipos do Spectre começarão a rodar em vias públicas. Os testes globais irão percorrer 2.5 milhões de quilômetros que, de acordo com a empresa, correspondem a cerca de 400 anos de utilização.

Seguindo a tradição dos demais carros da Rolls-Royce, seu primeiro elétrico terá nome, digamos, ligado ao mundo dos espíritos. Assim como Ghost, Phantom e Wraith. Bem como Spirit of Ecstasy, como é chamado o símbolo da britânica.

O lançamento do Spectre é a materialização de uma previsão feita por Charles Stewart Rolls há mais de 120 anos. Em meados de 1900, o engenheiro inglês que fundou a marca de veículos de luxo juntamente com seu compatriota Henry Royce, testou um carro elétrico da Columbia. Ele disse que ficou impressionado com a ausência do odor da combustão e o funcionamento silencioso.

Porém, segundo Rolls, a tecnologia do modelo da fabricante norte-americana só seria viável quando a oferta de estações de recarga virasse realidade. Enfim, 121 anos depois disso a marca fundada por ele confirmou que ingressará no segmento.

Assim, a britânica vai se antecipar em relação à determinação feita pela Comissão Europeia. Pela nova regra, o fim da produção de veículos com motor a combustão no Continente começará a valer em 2035. A Rolls não revelou se o Wraith e o Ghost terão versão elétrica ou se serão substituídos.