Alberto Oliveira

Se as urnas são viciadas, por que a eleição de Bolsonaro foi legítima?

Responde aí, presidente!

O presidente Jair Bolsonaro disse ter indícios, o que é bem diferente do que garantiu possuir (provas) de fraudes no atual sistema de urnas eletrônicas.

A julgar pelo que apresentou, nem indícios possui. 

É possível manipular em algum grau a vontade popular, utilizando-se para isso o sistema de registro e contagem de votos utilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral? Teoricamente, sim. 

Há qualquer prova ou mesmo indício consistente de que isso tenha alguma vez ocorrido? A resposta, até agora, tem sido absolutamente não.

Ao insistir na tese infundada de fraude o presidente Bolsonaro se iguala àqueles técnicos de futebol que tentam esconder sua mediocridade apontando o dedo não para os jogadores de várzea que escalou, não para a ausência de um sistema tático em sua equipe, nem para o atacante que chutou a bola do pênalti para fora do estádio, mas para o juiz que deixou de marcar uma falta no meio do campo.

A julgar pelo que diz o presidente, é lícito duvidar que ele tenha sido vencedor nas últimas eleições, porque tudo apontava para um resultado pífio de sua candidatura ä Presidência.

Ele era um candidato sem recursos financeiros para a campanha, sem eleitorado, e integrante de um partido nanico, portanto sem representatividade no Congresso.

E as urnas - essas mesmas que ele diz serem viciadas - indicaram que ele, o candidato improvável, foi o vencedor. Aí dá para desconfiar. Ou não, presidente? 

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Só isso, presidente?
Jair Bolsonaro voltou a sinalizar que poderá vetar mais de R$ 2 bilhões do fundo eleitoral.

É pouco e o presidente sabe disso.

Ajustado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) projetado para 2021 e 2022 o Fundão teria que ser de no máximo R$ 2,197 bilhões (os partidos tiveram direito a R$ 2,035 bilhões para as eleições municipais de 2020).

O corte, portanto, para ser justo, teria que ser próximo dos R$ 4 bilhões.