A Apple foi alvo de um ataque de "sequestro de dados". Depois de criminosos roubarem projetos de alguns de seus novos produtos, a fabricante do iPhone está sendo chantageada a pagar US$ 50 milhões pelo resgate das informações. Esse tipo de ataque é conhecido como "ransomware" e foi inicialmente revelado pelo site The Record.
O foco do roubo foram os esquemas de engenharia e fabricação de produtos (atuais e futuros) pertencentes à empresa taiwanesa Quanta, que fabrica MacBooks e outros equipamentos para a Apple
Um grupo de hackers russo, chamado REvil, alegou publicamente que havia invadido a Quanta. Os hackers começaram a postar informações dos projetos da Apple em um site de vazamento na véspera do primeiro evento de lançamento da empresa em 2021, que ocorreu no último dia 20 - na ocasião, a empresa revelou um novo iPad Pro, uma linha de iMacs coloridos e os acessórios AirTags, entre outros produtos.
Em comunicado à agência de notícias Bloomberg, a fabricante Quanta confirmou que seus servidores sofreram violação: "A equipe de segurança de informação da Quanta Computer trabalhou com especialistas de TI externos em resposta a ataques cibernéticos direcionados a um pequeno número de servidores Quanta". A empresa também disse que "não houve impacto material nas operações".
A Quanta, porém, ainda não deu mais detalhes sobre a invasão. Segundo o site The Verge, as imagens publicadas pelos criminosos traziam desenhos do novo iMac, apresentado pela Apple na terça-feira - um sinal de que os documentos obtidos são verdadeiros. As imagens são acompanhadas por um aviso que diz: "Isto é propriedade da Apple e deve ser devolvido".
Os criminosos disseram que estão negociando a venda de grandes quantidades de desenhos confidenciais e gigabytes de dados pessoais com várias marcas importantes. Deram como prazo o dia 1 º de maio para a Apple resgatar os dados. O grupo também afirmou que planeja revelar novos arquivos todos os dias até que a Apple pague a quantia pedida.
Após a divulgação do caso, a Apple não comentou o assunto.
Ataque à Biblioteca Nacional
Fora do ar desde o início da semana passada após uma invasão hacker, o portal da Biblioteca Nacional (BN) segue sem previsão de retorno. Havia a expectativa de que parte dos seus serviços fossem retomados nesta quarta-feira, 21, mas os profissionais de tecnologia da informação (TI) da biblioteca desaconselharam o retorno por risco de um novo ataque, "colocando em risco a integridade do acervo".
"Infelizmente não teremos a reabertura da Hemeroteca hoje (ontem, quarta-feira). Fomos alertados de que ainda não é seguro fazer essa abertura, sob risco de perda de dados", disse no início da noite de quarta o chefe de gabinete da instituição, Marcelo Gonzaga. Ele preferiu não dar uma previsão de quando os serviços voltarão a funcionar, mas deixou transparecer certo pessimismo. "Dificilmente acontecerá esta semana."
Em nota publicada nas redes sociais, a BN reiterou que a administração "já havia sinalizado a prioridade no retorno de alguns desses serviços (notadamente a Hemeroteca Digital), e que esse retorno pudesse ser realizado na data de hoje (quarta), mas técnicos especializados informaram que a abertura nesta data poderia expor os arquivos a uma nova infecção, colocando em risco a integridade do acervo".
Considerada uma das dez maiores do mundo, a Biblioteca Nacional guarda todo o patrimônio bibliográfico e documental do País. Fonte para milhares de pesquisas, o site registrou em média quase nove milhões de visitas por mês no primeiro trimestre deste ano. O principal interesse do público é na Hemeroteca Brasileira, que possibilita a pesquisa online de periódicos de todo o País.
O ataque hacker ao site da instituição começou no dia 11 de abril, um domingo, e foi identificado na manhã seguinte. Por precaução, todos os servidores foram desligados. Desde então, houve tentativas de reativação de ao menos parte dos serviços, mas em todos os casos a TI identificou novos riscos de ataque e orientou a BN a manter qualquer serviço online desativado. Nem mesmo os e-mails estão funcionando.
A demora na reativação dos serviços digitais contrasta com o que aconteceu com outros portais no ano passado. Sites do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior Eleitoral e do Ministério da Saúde também foram alvo de hackers. O retorno normal do funcionamento naqueles casos ocorreu em poucos dias. A Biblioteca Nacional, porém, está digitalmente às escuras há mais de dez dias.