Economia

Dólar e juros caem (Bolsa sobe)

Entenda os motivos da movimentação no mercado financeiro

Foto: pxhere/Creative Commons
A moeda norte-americana fechou na menor cotação desde 23 de março

O dólar retomou a trajetória de queda nesta quinta-feira, após passar a subir no final da tarde de quarta-feira. Sem novos ruídos internos, mas com os investidores atentos às discussões do Orçamento de 2021, o real acompanhou nesta quinta seus pares no exterior, em novo dia de baixa praticamente generalizada da moeda americana no mercado internacional.

Declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central Europeu (BCE), de que os estímulos extraordinários não têm data para acabar ajudaram, além da inesperada alta nos pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos. Nesse ambiente, as taxas de retorno dos juros longos americanos tiveram novo dia de baixas.

No noticiário doméstico, o instituto Butantan anunciou que conseguiu insumos para produzir a Coronavac, e isso também ajudou a dar alívio ao câmbio, fazendo o dólar devolver parte das fortes altas recentes.

O real foi a moeda com melhor desempenho internacional nesta quinta, considerando uma lista de 34 divisas mais líquidas. No fechamento, o dólar à vista cedeu 1,23%, a R$ 5,5742 - menor cotação desde 23 de março. No mercado futuro, o dólar para maio era negociado em baixa de 0,57%, a R$ 5,5880 às 17h35.

"O dólar operou hoje perto das mínimas em várias semanas", comenta o analista sênior do banco Western Union, Joe Manimbo.

Ante o euro e o iene, a divisa dos Estados Unidos chegou a cair para as mínimas em duas semanas, recuando também nos emergentes e exportadores de commodities. Uma das principais razões é que os pedidos de auxílio-desemprego dos EUA mostraram alta inesperada, uma sinal de que a economia americana não está no nível que o Federal Reserve considera "saudável" para retirar os estímulos, destaca o analista. Os pedidos subiram em 16 mil na semana, para 744 mil enquanto os economistas em Wall Street esperavam número menor, 694 mil. Foi a segunda semana seguida de alta.

No mercado doméstico, a maior expectativa é a questão do Orçamento de 2021 que, segundo profissionais das mesas de câmbio, tem limitado melhora maior do real. Em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na tarde desta quinta, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, disse que a solução para o problema é a questão "mais relevante no momento" e é importante resolvê-lo "para resgatar a credibilidade". "O câmbio está volátil por falta de segurança dos agentes."

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais cedo que uma "coalizão política vai aprovar pela primeira vez o orçamento em conjunto".

Para o Asa Investments, que tem como diretor Carlos Kawall, o Orçamento de 2021 revelou o "viés populista fiscal" do governo, na busca de mais recursos para uso político e eleitoral, de olho em 2022. "Urge que o governo e Congresso equacionem rapidamente o impasse criado", afirma o Asa em relatório, alertando que se corre o risco de renúncia da equipe econômica caso não se resolva a questão, além de o governo incorrer em ilegalidade.

Juros recuam

O dólar retomou a trajetória de queda nesta quinta-feira, após passar a subir no final da tarde de quarta-feira. Sem novos ruídos internos, mas com os investidores atentos às discussões do Orçamento de 2021, o real acompanhou nesta quinta seus pares no exterior, em novo dia de baixa praticamente generalizada da moeda americana no mercado internacional. Declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central Europeu (BCE), de que os estímulos extraordinários não têm data para acabar ajudaram, além da inesperada alta nos pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos. Nesse ambiente, as taxas de retorno dos juros longos americanos tiveram novo dia de baixas.

No noticiário doméstico, o instituto Butantan anunciou que conseguiu insumos para produzir a Coronavac, e isso também ajudou a dar alívio ao câmbio, fazendo o dólar devolver parte das fortes altas recentes.

O real foi a moeda com melhor desempenho internacional nesta quinta, considerando uma lista de 34 divisas mais líquidas. No fechamento, o dólar à vista cedeu 1,23%, a R$ 5,5742 - menor cotação desde 23 de março. No mercado futuro, o dólar para maio era negociado em baixa de 0,57%, a R$ 5,5880 às 17h35.

"O dólar operou hoje perto das mínimas em várias semanas", comenta o analista sênior do banco Western Union, Joe Manimbo.

Ante o euro e o iene, a divisa dos Estados Unidos chegou a cair para as mínimas em duas semanas, recuando também nos emergentes e exportadores de commodities. Uma das principais razões é que os pedidos de auxílio-desemprego dos EUA mostraram alta inesperada, uma sinal de que a economia americana não está no nível que o Federal Reserve considera "saudável" para retirar os estímulos, destaca o analista. Os pedidos subiram em 16 mil na semana, para 744 mil enquanto os economistas em Wall Street esperavam número menor, 694 mil. Foi a segunda semana seguida de alta.

No mercado doméstico, a maior expectativa é a questão do Orçamento de 2021 que, segundo profissionais das mesas de câmbio, tem limitado melhora maior do real. Em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na tarde desta quinta, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, disse que a solução para o problema é a questão "mais relevante no momento" e é importante resolvê-lo "para resgatar a credibilidade". "O câmbio está volátil por falta de segurança dos agentes."

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais cedo que uma "coalizão política vai aprovar pela primeira vez o orçamento em conjunto".

Para o Asa Investments, que tem como diretor Carlos Kawall, o Orçamento de 2021 revelou o "viés populista fiscal" do governo, na busca de mais recursos para uso político e eleitoral, de olho em 2022. "Urge que o governo e Congresso equacionem rapidamente o impasse criado", afirma o Asa em relatório, alertando que se corre o risco de renúncia da equipe econômica caso não se resolva a questão, além de o governo incorrer em ilegalidade.

Bovespa sobe

O Ibovespa retomou nesta quinta-feira nível de fechamento a 118 mil pontos pela primeira vez desde 19 de fevereiro, quando emergia o desejo de ingerência do presidente Jair Bolsonaro na política de preços da Petrobras, que resultaria na sessão seguinte, dia 22, em correção de 4,87% para o índice, após a confirmação de que Roberto Castello Branco não seria mantido no comando da estatal. Desde então, o Ibovespa passou por ajuste que o colocaria aos 110 mil na virada de fevereiro para março, antes de iniciar recuperação gradual que o devolveria aos 116 mil pontos no dia 17 do mês passado, seguida por hesitações motivadas por fatores externos e internos - avanço dos yields nos EUA, situação fiscal incerta e Orçamento duvidoso no Brasil - que poriam freio à retomada.

Nesta quinta, o índice da B3 fechou em alta de 0,59%, a 118 313,23 pontos, mais perto da máxima (118.849,75) do que da mínima (117.486,01) da sessão, com abertura aos 117.623,75 pontos. Na semana, avança 2,65%, com ganhos neste começo de mês a 1,44% - no ano, as perdas se limitam agora a 0,59%.

O giro foi de R$ 33,5 bilhões nesta quinta-feira, que teve entre seus destaques ações de setores com exposição à economia doméstica, como varejo eletrônico (Magalu +8,28%), educação (Yduqs +6,46%) e transporte (Gol +4,07%), em meio à expectativa de que o pior da segunda onda da pandemia no País esteja começando a ficar para trás.

O quadro externo favorável, com Nasdaq acumulando ganho de 4,40% e o S&P 500, de 3,13%, neste começo de mês, também contribui para melhorar o apetite por risco, em contexto no qual o Federal Reserve permanece comprometido com os estímulos monetários e o governo americano, com os fiscais, apesar do avanço da vacinação e da recuperação do nível de atividade na maior economia do mundo.

"A semana foi positiva, com o governo arrecadando mais de R$ 3 bilhões com concessões em infraestrutura e, lá fora, os estímulos trilionários de Joe Biden. Além disso, há um desdobramento importante sobre a pandemia aqui, com o número de internações e o nível de uso de UTIs começando a declinar no Estado de São Paulo", diz Leonardo Milane, economista e sócio da VLG Investimentos, chamando atenção para anúncio que deve ser feito pelo governador João Doria nos próximos dias, sobre o lockdown, programado até o dia 11 de abril, domingo. "Eventual flexibilização, ainda que gradual, tende a contribuir para os setores associados à mobilidade, muito atrasados no ano, como o de varejo", acrescenta.

Para Milane, o Ibovespa tem mostrado recuperação consistente, que poderia ser maior se os bancos, segmento de maior peso no índice, viessem na mesma direção. "Diferente de ocasiões no passado, em que o setor se beneficiava com perspectiva de alta para a Selic, desta vez isso não está ocorrendo porque o mercado avalia que, mesmo com taxa de juros mais alta, não se vai conseguir recuperar o nível de spread que se tinha antes, quando os juros básicos eram bem mais elevados. Há também a questão estrutural, de um cenário de competição diferente, com a tecnologia, o open banking e as fintechs", observa.

Nesta quinta-feira, o setor financeiro voltou a estar entre os perdedores do dia (BB ON -0,85%, Itaú PN -0,78%), em sessão ruim também para Petrobras (PN -1,25%, ON -1,68%), com estoques de gasolina acima do esperado nos Estados Unidos, combinação que impediu o Ibovespa de buscar voo mais alto. Destaque positivo, mais uma vez, para o setor de siderurgia, especialmente para ganho de 3,74% em Usiminas e de 3,03% em CSN. Após escalada recente, Vale ON fechou praticamente estável (-0,06%), a R$ 104,50. Na ponta do Ibovespa, Embraer (+8,80%), à frente de Magazine Luiza (+8,28%) e Yduqs (+6,46%). No lado oposto, Multiplan (-2,54%), Hapvida (-2,23%) e Petrobras ON (-1,68%).

Nos Estados Unidos

As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta quinta-feira, em sessão que repercutiu a postura "dovish" (mais leve) das atas do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central Europeu (BCE), divulgadas na quarta-feira e nesta quinta, respectivamente. Um dos efeitos foi o recuo nos rendimentos dos Treasuries, o que impulsionou o mercado acionário, especialmente os papéis de tecnologia. Já o S&P 500 renovou seu recorde de fechamento.

O índice Dow Jones avançou 0,17%, aos 33.503,57 pontos, o S&P 500 encerrou com alta de 0,42%, aos 4.097,17 pontos, e o Nasdaq, de 1,03%, aos 13.829,31 pontos.

De acordo com a Capital Economics, há preocupações de que uma correção no S&P 500 esteja se aproximando, porque a volatilidade do índice VIX caiu para um mínimo pré-pandêmico. Momento em que o índice esteve em níveis baixos foram, muitas vez, seguidos por grandes perdas nas ações dos EUA. Mas a consultoria britânica avalia que o S&P 500 "permanecerá sustentado este ano por uma forte recuperação econômica auxiliada por uma política monetária e fiscal muito acomodatícia".

Além das atas do Fed e BCE, que reforçaram um tom de apoio à economia, o presidente do Fed, Jerome Powell, comentou hoje que "medidas fiscais, rápida vacinação e a política monetária" são fatores que determinam a acelerada recuperação do nível de atividade nos EUA, que, segundo o Fed, deve crescer 6,5% neste ano. Ainda assim, o dirigente não vê uma escalada sustentada da inflação. As avaliações "reafirmaram de forma esmagadora a crença de que a política está em rota de cruzeiro 'dovish' no futuro previsível", comenta o analista de mercado financeiro Edward Moya, da Oanda.

Um dos resultados foi o rali nos preços dos Treasuries, com consequente queda nos juros, o que ofereceu suporte às ações do setor de tecnologia em Wall Street, que têm sido as mais prejudicadas pelo avanço dos rendimentos. Apple (+1,92%) e Microsoft (+1,34%) avançaram. O Twitter também subiu, 3,23%, após a notícia de que realizou tratativas para a compra da plataforma Clubhouse.

A Tesla foi outra a ter ganhos, de 1,91%. Nesta quinta, o CEO da empresa, Elon Musk, comentou que a empresa está sendo menos afetada pela escassez global de chips. A Amazon teve um avanço mais modesto, de 0,61%, em uma sessão marcada pelas discussões trabalhistas na empresa, que envolve a votação sobre movimentos sindicais.

Em sessão volátil para o petróleo, ações do setor contaram com algumas das principais perdas. As petroleiras Chevron (-1,12%) e ExxonMobil (-1,04%) recuaram.