O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), anunciou, nesta sexta-feira (12 de fevereiro), um acordo preliminar para a compra de 39,6 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia, a serem encaminhadas ao plano nacional de imunização contra a covid-19 assim que aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
As negociações, segundo Azevêdo, vinham sendo feitas desde o ano passado pelo Consórcio Nordeste, liderado pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT), diretamente com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês). Os termos do acordo foram apresentados hoje ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e a assinatura está prevista para amanhã.
“Agradecemos ao governador Rui Costa por todo empenho ao longo desses meses para garantir a disponibilidade das doses e também ao ministro Pazuello pela pronta concordância, aprovação e agendamento para assinatura do contrato de compra já na manhã desta sexta-feira [12]”, escreveu o governador da Paraíba em uma rede social. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), também confirmou o acordo com o Ministério da Saúde.
O anúncio acontece um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionar a Medida Provisória que permite a estados, municípios e o setor privado comprarem vacinas contra a covid-19 com registro definitivo ou autorização para uso emergencial no Brasil.
A lei determina que os imunizantes adquiridos devem ser integralmente doados ao SUS (Sistema Único de Saúde) enquanto estiver em curso a vacinação dos grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde. É por isso que, se o acordo for concretizado, as mais de 39 milhões de doses da Sputnik V serão destinadas ao plano nacional de imunização contra o coronavírus.
Já utilizada em países como Argentina, Paraguai e México, a Sputnik V tem eficácia de 91,6% contra casos sintomáticos da covid-19, segundo dados publicados em fevereiro na revista científica The Lancet, mas ainda não tem aprovação para uso emergencial no Brasil, como é o caso da CoronaVac (Instituto Butantan/Sinovac) e da AstraZeneca/Oxford (Fiocruz), nem registro definitivo, como a da Pfizer/BioNTech.
Em janeiro, a União Química, que tem acordo com o Instituto Gamaleya para produzir a Sputnik V no Brasil, deu início à burocracia para conseguir autorização para uso emergencial, mas o pedido foi negado pela Anvisa. Segundo a agência, faltavam documentos — e o processo não evoluiu muito desde então.
O Ministério da Saúde anunciou a compra de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V.
O contrato foi assinado e as doses deverão ser disponibilizadas no primeiro semestre. Devem ser entregues 400 mil doses até abril, 2 milhões até maio e 7,6 milhões em junho.
A vacina deve ser produzida em plantas em São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Ministério da Saúde, ainda está em análise a celebração de um outro acordo comercial de aquisição de imunizantes.
Fiocruz entrega 1 milhão de doses
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) espera entregar na semana que vem ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) o primeiro milhão de doses de vacinas contra a covid-19 produzido no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). A expectativa já havia sido anunciada após a chegada do primeiro carregamento do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), em fevereiro, e foi reforçada hoje (12), após a concessão do registro definitivo da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo a Fiocruz, com a concessão do registro, a expectativa é que a agência libere até o próximo domingo (14) os primeiros lotes de vacinas produzidos no instituto, o que possibilitará a entrega do imunizante. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, destacou que a concessão do registro definitivo marca um dia histórico para a instituição e para o Sistema Único de Saúde.
"Apenas seis meses após a assinatura do contrato de encomenda tecnológica, já iniciamos a, produção de uma vacina contra a covid-19, baseada em uma das tecnologias mais avançadas no momento, e obtivemos o seu registro para ampla distribuição no país. A urgência que a gravidade da pandemia nos impõe fez com que todos os envolvidos trabalhassem incansavelmente e pudessem realizar em meses um processo que, normalmente, dura anos”, disse Nísia.
Em texto divulgado pela Agência Fiocruz, Nísia ressaltou que isso não seria possível sem o apoio técnico da Anvisa em cada etapa do processo de submissão contínua.
A Fiocruz anunciou ainda que Bio-Manguinhos inaugurou nesta sexta-feira a segunda linha de produção da vacina, aumentando a capacidade produtiva. A previsão é que, até o fim do mês, 1 milhão de doses sejam preparadas por dia.
No texto, o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, reforçou a expectativa de que as entregas ao Programa Nacional de Imunizações tenham início na semana que vem, o que vai contribuir para o combate à pandemia no país.
"O registro definitivo da vacina [contra] covid-19 é resultado de intenso trabalho, em estreita parceria com a Anvisa, desde junho do ano passado, por meio de reuniões e envio de informações de forma contínua para que tudo pudesse acontecer com a maior celeridade possível", afirmou.
A vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford é a 11ª vacina produzida em Bio-Manguinhos e fornecida ao PNI. Com o registro definitivo, a Fiocruz assume a responsabilidade técnica pelo imunizante, que a fundação destaca como seguro e eficaz.
OMS aprova uso da vacina Janssen
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou hoje (12), em caráter emergencial, a produção da vacina Janssen, de dose única, da farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson, para uso contra a covid-19. "Cada novo instrumento, seguro e eficaz, contra a covid-19 é mais um passo para controlar a pandemia", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
As duas vacinas anteriores aprovadas pela organização – a Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford – requerem duas doses para completar o ciclo de imunização da população, sendo que a Pfizer precisa ser armazenada a temperaturas ultrageladas. Em contrapartida, a vacina Janssen pode ser guardada em geladeira comum.
Covax
Com a aprovação do imunizante pela OMS, a Janssen poderá fazer parte do Instrumento de Acesso Global de Vacinas contra a Covid-19, o Covax Facility, considerado estratégico para ampliar o acesso à vacinação e, ao mesmo tempo, acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas eficazes e de qualidade.
A OMS assegura que as vacinas contra a covid-19 que serão fornecidas por meio do acordo Covax atendem a rigorosos padrões internacionais de qualidade, segurança e eficácia. A vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson poderá ser empregada em nível emergencial em todos os países. O consórcio fechou acordo para aquisição de 500 milhões de doses do imunizante contra a covid-19.
AstraZeneca
A porta-voz da OMS em Genebra, Margareth Harris, disse hoje que não há razão para deixar de usar a vacina AstraZeneca contra o novo coronavírus. O imunizante teria sido suspenso em alguns países nesta semana, por precaução, após relatos de efeitos colaterais significativos em algumas pessoas.
Margaret Harris assegurou que a OMS vai analisar todas as informações recebidas, mas adiantou que, no momento, não existem razões para a suspensão das doses.
A vacina AstraZeneca é considerada a principal vacina nessa etapa inicial do consórcio Covax. Até agora, já foram distribuídas, por esse acordo, 28,5 milhões de doses a 37 nações. Margareth informou, ainda, que a vacina da Sinopharm se encontra na etapa final do processo de listagem de uso de emergência da OMS.