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Sexta-feira, 13: de onde vem o medo da data no mundo

Se você tem um medo irracional do número 13, sofre de triscaidecafobia

Foto: Helena Lopes/Pexels/Creative Commons

Sexta-feira, 13. Será mesmo esse um dia de má sorte?  Na numerologia o número 12 indica algo completo, como por exemplo:

-- Os 12 meses no ano
-- As 12 tribos de Israel
-- Os 12 apóstolos de Jesus
-- Os 12 deuses do Olimpo
-- Os 12 signos do Zodíaco
-- As 12 horas do relógio

Já o 13 é tido como irregular, sinal de infortúnio.

-- Algumas ruas não têm casas de número 13 (28% das ruas britânicas)
-- A Air France eliminou as fileiras número 13 de alguns de seus voos
-- As corridas de Fórmula F1 evitam ter um carro com o número 13
-- Em muitos hotéis inexiste o quarto 13 ou andar número 13
-- A Apollo 13 se acidentou no dia 13 de abril

Menos de 10 por cento dos condomínios de Manhattan com 13 andares ou mais têm um andar com o número temido, segundo a empresa de dados e listagens CityRealty. Em alguns prédios o 13º andar é chamado de 12º A.

Nem sempre esse número foi temido. Há vestígios arqueológicos de que as culturas primitivas reverenciavam o 13,  como a Vênus de Laussel, uma estatueta com mais de 27 mil anos, encontrada na França, que carrega em suas mãos um chifre em forma de crescente lunar com 13 chanfros.

Em Portugal, muitas cidades e vilas celebram a Sexta-feira 13. A maior festa acontece no castelo de Montalegre, Trás-os-Montes. Em Montalegre, há uma grande festa no dia, com bruxas, bruxos, feitiços e teatro. Na vila de Vinhais, na aldeia de Cidões, as pessoas reúnem-se à volta de uma grande fogueira. Há também um banquete com produtos locais. Em Cavalinhos, Leiria, as mulheres juntam-se num encontro sem a participação dos homens.

Para os egípcios, a vida era composta por 12 diferentes estágios, para que o ser humano alcance o 13º: a vida eterna. Dessa forma, o número 13 foi assimilado com a morte, mas não com uma conotação negativa, mas como uma transformação. Essa ligação com a morte permaneceu e foi distorcida por outras culturas que nutriam o medo da morte e não a viam como algo presente no destino de qualquer vida.

Um das histórias da mitologia nórdica conta que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses.

Segundo outra versão, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem a frigadag e friday, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, Friga foi transformada em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio, os 13 ficavam rogando pragas aos humanos. Da Escandinava a superstição espalhou-se pela Europa.

Já na mitologia grega, é dito que a deusa Héstia cedeu seu lugar entre os Doze Olimpianos a Dionísio de forma a não somarem 13 deuses.

Diversas culturas consideram um dia de mau agouro a sexta-feira associado ao 13:

Na tradição judaica o grande dilúvio aconteceu na sexta-feira.

A morte de Cristo aconteceu numa sexta-feira conhecida como Sexta-Feira da Paixão.

Marinheiros ingleses não gostam de iniciar uma viagem à sexta-feira.

No cristianismo é relatado um evento de má sorte em 13 de outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França. Os seus membros acabaram presos em todo o país e alguns torturados e, mais tarde, executados por heresia.

Outra possibilidade para esta crença está presente na ideia de que Jesus Cristo foi morto numa sexta-feira 13, embora o dia provavelmente tenha sido 1º de abril. Uma vez que a Páscoa judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, este tendo sido o dia da morte de Jesus Cristo de acordo com o calendário hebraico, a morte de Jesus varia de acordo com esse calendário podendo variar de ano e ano sempre estando entre os meses de março ou abril.

Na Santa Ceia sentaram-se à mesa 13 pessoas, sendo que duas delas, Jesus e Judas Iscariotes, apesar de o último não ter participado de toda a celebração, morreram em seguida, por mortes trágicas. O número 13 costumava ser considerado uma ligação com Deus, daí a quantidade de membros presentes na Santa Ceia.

Hoje, acredita-se que convidar 13 pessoas para um jantar é uma desgraça, simplesmente porque os conjuntos de mesa são constituídos por 12 copos, 12 talheres e 12 pratos.

No Tarô, a carta de número 13 representa a Morte.

Aconteceu em uma sexta-feira 13:

-- Em 13 de agosto de 1519, o conquistador Hernán Cortés capturou Cuauhtémoc, o governante de Tenochtitlán, e alegou que a cidade agora era da Espanha, marcando o fim do Império Asteca. Cortés se nomeou o novo governante e rebatizou a cidade de Cidade do México.

-- O pior incêndio de florestas na história da Austrália ocorreu em uma sexta-feira 13 de 1939, onde aproximadamente 20 mil quilômetros de terra foram queimados e 71 pessoas morreram.

-- Em 13 de Dezembro de 1968, o governo militar do Brasil decretou o AI-5, que, entre outras coisas, suspendeu direitos e garantias política e dava poderes aos militares de fechar o Congresso.

-- A queda do avião que levava a equipe uruguaia de rúgbi nos Andes foi em uma sexta-feira 13 de 1972. Os acontecimentos neste acidente deram origem ao livro Sobreviventes: a Tragédia dos Andes, de Piers Paul Read, e ao filme Alive (Vivos) de 1993 com direção de Frank Marshall (Resgate Abaixo de Zero).

-- A Sexta-feira 13 de Novembro de 2015 foi um dia sombrio para a história da França devido aos 7 ataques terroristas, em Paris, que mataram cerca de 130 pessoas e feriram cerca de 400.

Se você tem um medo irracional do número 13, sofre de triscaidecafobia. Se é um medo específico da sexta-feira 13,  tem parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia.