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"Não estou nem aí", disse Robinho em grampo de caso de estupro

Jogador foi condenado a 9 anos de prisão por violência sexual

Agência Ansa

Robinho defendeu o Milan entre 2010 e 2015

Interceptações telefônicas que serviram de base para a condenação do atacante Robinho a nove anos de prisão por estupro coletivo na Itália indicaram que ele sabia do estado de vulnerabilidade da denunciante e não estava "nem aí" para o inquérito.

O caso ocorreu em 22 de janeiro de 2013, quando o jogador defendia o Milan. De acordo com a investigação, o ato teve a participação de Robinho e de mais cinco amigos. Um deles, identificado como Ricardo Falco, também foi condenado a nove anos de cadeia.

A decisão da nona seção do Tribunal de Milão, que foi dada em novembro de 2017, não é definitiva e as defesas do atual atleta do Santos e de Falco apresentaram recurso.

No entanto, a Corte de Apelo da capital da Lombardia analisará o processo, em segunda instância, a partir do dia 10 de dezembro.

Robinho foi interrogado em abril de 2014 e, na oportunidade, negou a acusação. O atleta afirmou que teve relação sexual com a vítima, uma jovem albanesa, mas revelou que foi uma relação consensual de sexo oral, sem que outras pessoas tivessem participado.

O site "Globo Esporte" obteve acesso a diversas ligações telefônicas entre os acusados, com autorização da Justiça, que foram transcritas. Em uma das conversas, mostra que o atacante de 36 anos e Falco tinham conhecimento sobre a condição da vítima.

Falco: "Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela."

Robinho: "O (nome do amigo 1) tenho certeza que gozou dentro dela."

Falco: "Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si."

Robinho: "Sim."

A justiça da Itália afirmou que as escutas são "auto acusatórias". Além disso, as autoridades defendem que "os conteúdos dão pleno conhecimento do que aconteceu".

Em outra conversa, o músico Jairo Chagas, que tocou na boate no dia do caso, informou Robinho sobre a investigação. O atacante, de acordo com a transcrição, afirmou: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu".

"Olha, os caras estão na merda. Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (nome do amigo 2), e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu. Lembro que os caras que pegaram ela foram (nome do amigo 1) e (nome do amigo 2). Eram cinco em cima dela.", disse o atleta.

Já em outra conversa entre o músico e o jogador transcrita na sentença, mostra que Robinho "tentou" ter relações sexuais com a albanesa. Chagas ainda afirma que viu o atleta "colocar o pênis dentro da boca" da vítima. Na sequência, o centroavante diz que "isso não significa transar".

Em uma ligação transcrita no processo com o (nome de amigo 3), Robinho disse que "não havia prova de que fizemos alguma coisa". Ainda segundo a sentença, o jogador e Falco combinaram as respostas que dariam à Justiça.

Robinho e os seus quatro amigos deixaram a Itália e voltaram ao Brasil durante a fase de investigação sobre o caso.

O advogado de Robinho, Alexsander Guttierres, afirmou ao "Globo Esporte" que sua defesa será baseada na que a relação foi consensual. O italiano optou em não comentar sobre escutas telefônicas.

"O artigo que enquadra Robinho é claro: diz sobre induzir alguém a beber ou tomar droga com objetivo usufruir dela sexualmente.
Não há provas de que isso aconteceu. ter relações sexuais com uma pessoa bêbada ou drogada não fere a lei. Não estou dizendo que ele é uma pessoa perfeita. Ele mesmo reconheceu que teve uma conduta pouco séria, mas não cometeu um crime", disse Guttierres.

Após ter passado por Sivasspor e Basaksehir, ambos da Turquia, Robinho acertou o seu retorno ao Santos. O centroavante assinou um vínculo válido pelos próximos cinco meses e, durante três meses, terá um salário simbólico de R$ 1,5 mil. Essa será sua quarta passagem pela equipe.