JB Cardoso

Os paradoxos e contrassensos da luta contra o coronavírus em Feira

Desde que a pandemia chegou a Feira de Santana, temos visto uma série de eventos que trazem, a maioria, contrassensos ou paradoxos em seu bojo. Vejamos as ações da Prefeitura. O prefeito Colbert Martins Filho decretou o fechamento do comércio, pela primeira vez, em 20 de março. A previsão de uma semana foi várias vezes prorrogada.

Acompanhando as medidas tomadas pelo mundo, Colbert, que é médico, via no distanciamento social a melhor forma de prevenção ao avanço do vírus. Por conta disto mantinha as restrições ao comércio. Mas por outro lado vem sofrendo pressão de entidades e vereadores ligados aos comerciantes, pedindo a reabertura dos estabelecimentos.

Colbert cedeu e no dia 20 de abril autorizou a reabertura de lojas de até 200 m². A medida durou um mês. Na última semana, percebendo o aumento de casos de contágio, determinou o fechamento de todo o comércio, com exceção de atividades essenciais.

Mas, e os paradoxos, onde estão? Bem, ao mesmo tempo que autorizava abertura de parte do comércio, o prefeito orientava as pessoas a ficarem em casa. Mas então, pra quem as lojas abririam? O vereador Luiz da Feira (PROS) defendeu a reabertura do comércio durante a vigência do decreto, porém, no primeiro dia após a abertura, postou foto no seu perfil do Instagram mostrando o centro de compras Feiraguay vazio, com pouco movimento nas lojas. Inclusive, na postagem o vereador recomenda que as pessoas fiquem em casa. Então, vale a pergunta: abrir o comércio para quem, se as pessoas devem permanecer em casa? Não é paradoxal a questão?

Já o contrassenso vem da Câmara de Vereadores. Todos os parlamentares feirenses, sejam de apoio ao governo ou de oposição, postam diariamente em suas redes sociais dicas e conselhos para a população se prevenir do contágio do coronavírus. Recentemente fizeram uma vaquinha e doaram 10 mil máscaras para os profissionais da Saúde.  E fica só nisso. Nenhum vereador sugeriu na Câmara a redução temporária dos salários, como já fez o prefeito com o próprio vencimento e de assessores. Haja contrassenso!

Os edis não pensam em receber menos durante a pandemia. Os vereadores de Feira de Santana não querem abrir mão de uma parte dos salários para ajudar no combate ao coronavírus. Os parlamentares feirenses gostam de postar fotos e artes gráficas, feitas por assessores pagos com dinheiro público, alertando sobre os perigos da Covid-19, mas não gostam de pensar em tirar um pouco do bolso em benefício dos cidadãos.

A propósito, cada vereador de Feira de Santana tem um salário de R$ 15 mil (bruto) e direito a indicar pessoas para 14 cargos, com salários diversos. E pelo jeito nenhum quer receber menos nem diminuir o número de assessores enquanto o mundo combate o mais letal vírus da História.

Esta é a minha opinião!