O Partido dos Trabalhadores está paralisado. O PCdoB, idem. As lideranças esquerdistas num vácuum perpétuum. Cadê Marina? Cadê Ciro? Lula ficou quieto. Cadê os partidos de centro? Mesmo ACM Neto, que atua forte em Salvador, como presidente do DEM não se posicionou em nome do partido. Até Rui Costa, que tem batido de frente com Bolsonaro, se esqueceu de reagir. Cadê que ninguém está defendendo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, contra o “fogo amigo”?
O momento é de proteger, criar uma barreira para proteger aquele que vem atuando de forma plena, científica e inteligente contra um dos maiores malefícios que aflige o Brasil (está certo que tem a dengue, a febre amarela, as verminoses, a chikungunya, que, tenho certeza, serão a partir de agora atacados com mais veemência, você vai ver. É a oportunidade).
Sendo pragmático, se a esquerda queria um momento para mostrar que está viva e participativa, de aproveitar uma brecha para inscrever de novo o seu nome, a ocasião seria essa. Não somente para sua realização filosófica e conceitual, mas em defesa dos interesses da saúde do povo brasileiro. Mas, os partidos de esquerda estão inertes, medrosos, acabrunhados, tímidos num momento em que não cabe somente ao governo dominar as rédeas. Cabe à universalidade. Aos partidos de esquerda e centro é facultado o direito de se imiscuir para evitar as definições errôneas, como uma fatídica demissão do ministro da Saúde num momento cruel para todo mundo. Quem tem feito cruzadas para defender o ministro são o presidente do Senado, Davi Alcumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Até o ministro Gilmar Mendes, do STF, saiu em sua defesa, dando a cara a tapa. O próprio Tóffoli, presidente do STF, se posicionou.
Será que as lideranças dos partidos de esquerda, face a popularidade de Mandetta (76 por cento de aprovação da população na última pesquisa Datafolha) estão com ciúmes? Com receio de o ministro vir a ser um virtual candidato à Presidência da República? Bolsonaro já entendeu e por isso quer efetuar a poda preventiva, e não somente passou a compartilhar diversos áudios fakes, vídeos e memes críticos ou irônicos em relação ao ministro, como pegou da caneta para demitir, o que foi desaconselhado pelos assessores militares. Mandetta chegou a limpar a gaveta, e sua equipe também.
Mesmo sendo alvo de fritura o ministro da Saúde tem dito que não abandona doente, mas reconhece ser difícil trabalhar sob ameaças. Mandetta ganhou apoio do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e de integrantes da ala militar. Algo natural é que a política encontre novos líderes. Ruim é quando o ciúme fala mais alto. O diferencial neste instante é ver que quem defende o ministro é mesmo o povo.