Em sua primeira entrevista concedida da cadeia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (26) que o Brasil é governado por um "bando de maluco".
A entrevista foi dada aos jornais Folha de S. Paulo e El País, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, após uma longa batalha na Justiça para garantir seu direito de falar. A conversa ocorreu, segundo o diário espanhol, na presença de delegados e três oficiais armados.
"Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país ser governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso, sobretudo o povo não merece isso", afirmou, de acordo com a Folha.
O ex-presidente ironizou seu algoz, o ex-juiz e hoje ministro Sérgio Moro, e disse acreditar que ele não sobreviverá na política. "Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha", acrescentou.
Condenação
Sobre a sentença que o colocou atrás das grades por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula disse que dorme "todo dia com a consciência tranquila". "E tenho certeza de que o Dallagnol não dorme, que o Moro não dorme", declarou.
Na entrevista, o petista ainda afirmou saber "muito bem" qual lugar a história reserva para ele. "E sei também quem estará na lixeira." "Eu fico preso 100 anos, mas eu não trocarei minha dignidade pela minha liberdade. Quero provar a farsa montada", destacou o ex-mandatário.
O ex-presidente ainda chorou ao falar sobre seu neto Arthur, que faleceu no início de março. "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver", disse.
Lula cumpre pena de oito anos e 10 meses de cadeia no caso do triplex no Guarujá (SP) e poderá pedir progressão para o regime semiaberto em setembro, desde que não seja condenado em segunda instância no processo do sítio de Atibaia