Cidade

Igreja do Bonfim: conheça as obras de arte do interior da Basílica

A Basílica é uma típica igreja do século XVIII do nordeste brasileiro

Foto: Sailko/Wikimedia Commons
O interior da Igreja do Bonfim
O interior da Igreja do Bonfim

A igreja do Bonfim tem um projeto arquitetônico bastante comum ao início do século XVIII, que se repete em muitas matrizes e igrejas de irmandades, com nave única e corredores laterais superpostos por tribunas.

Os pórticos em arcada, das laterais, são uma transição dos avarandados do século XVII e os corredores do século XVIII. Em planta, a Basílica é uma típica igreja do século XVIII do nordeste brasileiro.

A igreja abriga obras de diversos artistas. O altar-mor é dedicado ao Senhor do Bonfim. A pintura do teto da nave foi feita por Franco Velasco, da Escola Baiana de Pintura.

Nos altares laterais há as imagens do século XVI de São Joaquim, Senhora Santana, Nossa Senhora, Santo Afonso e São José, além os painéis de Cristo na presença de Pilatos e de Cristo no Horto das Oliveiras e os entalhes de concepção neoclássica de Francisco de Matos Roseira.

Nas paredes da nave principal 34 telas narram a Paixão de Cristo e na sacristia estão mais cinco telas de grande valor executadas por José Teófilo de Jesus.

Doação de Fé – Na basílica há também as alfaias, que são objetos usados nos atos litúrgicos, como sacrários, crucifixos, castiçais e outros que foram incorporados à ambientação da igreja, como lustres de prata lavrada e os lustres dos altares laterais, todos oferecidos por devotos ao longo dos séculos.

Um sacrário de prata lavrada, por exemplo, foi oferecido pelo coronel Miguel José Maria Teive e Argolo, em 1680 e um crucifixo e castiçais das banquetas do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Guia vieram de Portugal em 1791; os lustres dos altares laterais, também em prata lavrada, foram oferecidos pelo comendador José Freire de Carvalho, em 1813. De Portugal veio um coração trabalhado em ouro e prata, que é guardado como preciosa relíquia histórica.

O Justo está arrodeado de anjos e de um padre, já o Pecador, embora arrodeado de anjos, que tentam chegar até ele, está sendo influenciado pelo demônio, que o orienta para não aceitar a aproximação dos anjos.

Um dos maiores destaques do acervo são os quadros “A Morte do Justo” e “A Morte do Pecador”, que ficam um de cada lado, na entrada da igreja e são de autoria de Bento Capinam.

O Museu dos Ex-Votos - Museu Rubens Freire de Carvalho de Tourinho, funciona dentro da Basílica do Bonfim e tem objetos entregues à igreja por fiéis ao longo dos últimos 300 anos. Ali estão expostos os ex-votos, moldagens em cera, madeira e outros materiais, geralmente de pedaços do corpo humano.


Museu dos Ex-Votos - Foto: Turismo Salvador/Wikimedia Commons

Há também pinturas, retratos de diversas situações, cartas, bilhetes e radiografias. Pedaços de histórias da vida dos devotos, que a fé consagrou. A camisa autografada por todos os jogadores na conquista do tricampeonato do mundo na Copa de 1970 e uma moeda retorcida que aparou um tido desferido salvando a vida do senhor Donato Cecílio, em 1779, ao invocar o Senhor do Bonfim, são alguns dos destaques.


Azulejos na Igreja do Bonfim - Foto: Rita Barreto/Bahiatursa

Gina Marocci - Graduada em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia (1982), onde titulou-se em Mestre em Arquitetura e Urbanismo (1997) e Doutora em Arquitetura e Urbanismo (2011), e sua tese analisa a influência do pensamento iluminista na urbanística portuguesa. Atualmente é professora do ensino técnico e tecnológico do Instituto Federal da Bahia. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em História da Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: urbanismo; história da cidade, desenho urbano, educação, engenharia militar e conservação e restauro.