Diz lá o Tribunal Superior Eleitoral que a Bahia foi o que teve mais títulos cancelados por falta de recadastramento biométrico. Exatos 586.333, o que foi ratificado pelos juízes do STF. São Paulo, que tem, digamos, o dobro de eleitores, ficou em segundo lugar. Olha que este é o maior estado do Brasil, com mais demanda de zonas eleitorais e o seu Tribunal Regional Eleitoral com mais trabalho e demandas que qualquer outro do país, até mais que uma Venezuela, um Paraguai ou um Chile inteiro.
Então deve-se perguntar o porquê de tantos baianos terem ficados de fora destas eleições conturbadas – em que parece até melhor ficar de soslaio até a hora do voto, do que botar a cabeça para levar porrada de todos os lados, de cima e de baixo – e porque mais uma vez a Bahia se destaca negativamente.
Com certeza alguma coisa deu errado com a estratégia, as ações, o trabalho, o planejamento, as iniciativas e o saber fazer do nosso Tribunal Regional Eleitoral. Acho que o pessoal do TRE tem uma verve maravilhosa. Seu representante maior é midiático. Sabe falar. Fez mídia training com,certeza; olha para a câmera enquanto fala, oferece o melhor ângulo, fala na velocidade certa para o repórter, mas na verdade tece uma teia de aranha australiana que se prolonga, enreda, mas que não vai para lugar nenhum.
O que se viu durante todo o tempo em que se ofertou aos baianos fazer a miséria do registro lá do dedo (lá nele) como tal de biométrico, foram filas imensas, gente tomando sol na careca, chuva na chapinha, vento estragando a escova progressiva e depois de acordar de madrugada, chegar na hora e não ter mais como se cadastrar. E quem pode voltar no dia seguinte se deixou o trabalho e sem atestado (ou mesmo com atestado) o patrão vaio mandar embora, dar um pito, puxar as orelhas e deixar claro que se faltar mais um dia tem mais de mil esperando a vaga?
Entre perder o emprego, perder o médico, perder a viagem, deixar de tomar conta do filho, cuidar da casa, cuidar da empresa, dar uma, pois adiada é perdida, tratar das agruras da vida e pegar filas de quilômetros para votar – num, eleição conturbada em que parece ser melhor ficar escondido até a hora certa de dar o bote do que levar porrada de todo lado, repito – num Cão desses que nos oferecem os partidos – ou deixar para depois para ver o que acontece, qual o melhor?
Posso até estar sendo injusto com do pessoal do Tê Rê E – cadê Sizaltina? Se aposentou? Ela parecia ter sempre uma solução – e já vou mi adiscurpandu, pois não entendo de tribunais (a não ser que me levem sob vara (lá nele), mas acho que faltou organizar, estruturar melhor, abrir frentes e mais frentes, chamar mais gente, fazer como nas eleições em que o cara é obrigado a ser mesário e ir atender ao público; era para ter criado um posto avançado na Fonte Nova, outro na feira semanal do Quijingue e de Santo Estêvão. Levar caminhões para Coaraci e para Jeremoabo, fazer convênios com as igrejas católicas e evangélicas, chamar a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, pedir que Irmã Dulce fizesse um milagre ou que o presidente do TRE calçasse as sandálias da humildade, pedisse ajuda ao TSE, ao governador, ao prefeito ou subisse a Ladeira do Bonfim de joelhos pedindo adjutório ao Senhor do Bonfim, que louvado seja; ou a Iansã, Êparrei!.
Agora é tarde e sabe o que você vai fazer com seu voto? Que é isso companheiro? Si arrespeiti.