Artes Visuais / Livros

Rogério Ferrari mostra em livro a diversidade dos povos indígenas

"Parentes" traz 64 registros em preto e branco de comunidades no interior da Bahia

Foto: Fotos Rogério Ferrari/Reprodução
As fotos do livro "Parentes" fazem parte de um projeto mais amplo, sobre existência e resistência
As fotos do livro "Parentes" fazem parte de um projeto mais amplo, sobre existência e resistência

Eles não têm cocar na cabeça nem o corpo pintado todo o tempo. Nem estão à beira do rio à espera do peixe para o almoço. Os rostos mudam, mas nasceram, cresceram e vão morrer indígenas.

Esse aspecto no mínimo surpreendente para quem é brasileiro e baiano foi captado pelo fotógrafo Rogério Ferrari no livro "Parentes", que ganha lançamento nesta sexta, às 19h, na RV Cultura e Arte (Rio Vermelho).

Depois de retratar a luta política de zapatistas no México, palestinos em Israel e curdos na Turquia, Rogério voltou a câmera novamente para o seu chão.

Ele, que já havia produzido um ensaio sobre ciganos, visitou sem pressa o interior da Bahia, de onde saíram as 64 imagens em preto e branco do livro, patrocinado pelo Fundo de Cultura (Secult-Ba).

Municípios como Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Buerarema, Ilhéus, Paulo Afonso, Curaçá, Euclides da Cunha, Banzaê, Rodelas, Glória e Abaré, entre outros, foram percorridos numa "imersão" que durou de um a três meses.

Com exceção de um contato esporádico com os índios Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, o fotógrafo e antropólogo nascido em Ipiaú também conta que se viu diante do novo.

"O propósito desse livro ("Parentes") vai de encontro com uma ideia que ainda predomina que é a da representação do índio isolado, apesar da modernidade".

E a "face desconhecida dos nossos parentes" a que se refere Rogério é a de grupos Pataxó, Pataxó Hã Hã Hãe, Tupinambá, Pankaru, Pankararé, Tuxá, Atikun, Kaimbé, Tumbalalá, Kiriri, Kantaturé, Tuxi, Kariri-Xocó e Truká.   


Fotos: Rogério Ferrari

Foi um misto de respeito, compreensão e identificação com a realidade e a condição daquelas comunidades, acredita o fotógrafo, que fez com que ele fosse bem recebido onde quer que chegasse.

"É respeitar reconhecendo a importância, os direitos por que eles lutam, o valor da cultura que estou querendo abordar, numa perspectiva solidária e de interação política, compreender que através da fotografia eu esteja participando também do propósito deles", resume.  

E tem sido assim sempre. "Parentes" é o sétimo e o volume mais recente da obra que Rogério Ferrari vem compondo no âmbito do projeto "Existências-Resistências", desenvolvido desde 2002 com o propósito de retratar a luta de povos e movimentos sociais por terra e autodeterminação.  

O pataxó Genilson Tacuari é quem assina o posfácio do livro. A antropóloga e professora da Ufba Maria do Rosário Carvalho escreve o prefácio. Já o antropólogo José Augusto Laranjeiras Sampaio, professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), faz uma análise sobre a condição das terras indígenas na Bahia.

Anote:
O quê:
Lançamento do livro "Parentes", de Rogério Ferrari (Edição do autor), 2018, 140 páginas, R$ 70
Onde: RV Cultura e Arte (Av. Cardeal da Silva, 158, Rio Vermelho)
Horário: 19h